Já se disse milhares de vezes que pesquisa de opinião pública não é instrumento de adivinhação para cada etapa do trabalho, principalmente a de cunho eleitoral, que representa uma fotografia do momento, em qualquer circunstância, quando amparadas acertadamente pela estatística, que é uma ciência.
Em se tratando de pesquisa de opinião pública, é verdade que nos períodos eleitorais sempre aparecem “Institutos” que se colocam à disposição de correntes políticas como serviçais para obter “resultados” que servem como instrumento de marketing para alavancar umas e derrubar outras candidaturas postas naquele município, no Estado ou no País. E isso ocorre porque em todas as profissões existem os bons e os maus profissionais. E aí se incluem também os marqueteiros que contratam e os estatísticos que executam o trabalho a serviço de alguém.
Por conta desses episódios, se faz necessário que as Comarcas Eleitorais e os Tribunais Regionais Eleitorais contratem instituições sérias e que disponibilizem profissionais competentes para analisar o conteúdo das pesquisas registradas, antes mesmo de suas divulgações, pois somente assim serão detectadas possíveis manipulações de dados. Sem isso, a Justiça Eleitoral, ao acolher o registro de qualquer que seja a pesquisa eleitoral, mesmo manipulada estará oficializando possíveis fake news.
Nessa eleição, como ocorre em todos os períodos eleitorais, de acordo com os resultados das urnas os Institutos de Pesquisas sempre são questionados e se tornam a Gení (personagem de música de sucesso de Chico Buarque de Holanda) do momento. Aliás, nem precisa se chegar aos resultados das urnas, pois em plena campanha os candidatos ainda malsucedidos questionam sempre o resultado das pesquisas, mas ao tempo em que vão conquistando mais espaços e a pontuar melhor sempre se valem das mesmas pesquisas como instrumento de divulgação de seus nomes, conforme se vê agora nas eleições de Natal. É sempre assim e nada vai mudar.
Mas voltando a falar sobre os questionamentos feitos aos Institutos de Pesquisas, especificamente àqueles que trabalharam e divulgaram seus resultados no primeiro turno das eleições de Natal, é válido analisar não só comparações de números das urnas com os números crus das pesquisas apresentados ao público, mas aprofundar avaliações aos números contidos nas entranhas das mesmas pesquisas, sejam elas de que Instituto tiver procedimento, principalmente quando se atenta para a evolução dos números nas últimas pesquisas de determinado Instituto, como faremos aqui exemplificando com resultados do Instituto DATAVERO:
Evolução da Pesquisas realizadas pelo DATAVERO nos dias 26 e 27 de agosto; em 07 e 08 de setembro; 21 e 22 de setembro e finalmente nos dias 02, 03 e 04 de outubro (04, 03 e dois dias antes da eleição com os seguintes resultados (apenas para os três primeiros lugares e mais o item Não Sabe/Não respondeu):
O resultado oficial das urnas, foram esses:
Paulinho Freire obteve 44,08% dos votos
Natália Bonavides atingiu 28,45% dos sufrágios
Carlos Eduardo ficou em terceiro lugar com 23,95% dos votantes
Ou seja, Paulino tinha 33,22% na última pesquisa, ficou com 44,08%; Natália Bonavides que tinha 21,41% ficou com 28,45% e Carlos Eduardo, cotado para ficar em segundo lugar com 28,76% alcançou apenas 23,95 e ficou em terceiro colocado.
A análise é que desde a evolução inicial das pesquisas do DATAVERO, Carlos Eduardo começou a perder capilaridade, caindo de 39,90% para 28,76%; enquanto que Paulinho só crescia, saindo de 19,80% para 33,22%, crescendo quase 14 pontos, e Natália também crescia de 13 apontos para mais de 21 pontos, aumentando 8 pontos, quando naquele dia a pesquisa também registava que quase 13% do eleitorado não sabia ainda em quem votar.
Portanto, o DATAVERO registrou a queda acentuada de Carlos Eduardo e a subida em maior velocidade de Paulinho Freire e o crescimento de Natália Bonavides sendo mais rápido na última semana, registradas nos últimos três dias antes da eleição.
Sobre a estatística, o articulista do jornal A Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman frisou em um de seus artigos, ESTATÍSTICAS SÃO EXATAS, MAS AS INTERPRETAÇÕES HUMANAS, NÃO: “A boa notícia é que a estatística é inocente. Ela continua uma ciência exata. O problema é que nós, seres humanos (médicos incluídos), não somos muito bons em processar as informações que ela nos fornece”.