“Atentado terrorista e criminoso, uma tragédia anunciada”, afirmou a deputada federal Natália Bonavides (PT) sobre os ataques terroristas cometidos por extremistas bolsonaristas contra as sedes dos três poderes em Brasília, na tarde deste domingo (8). Integrante da base de apoio do presidente Lula (PT), a parlamentar disse que “o caos é a herança de Bolsonaro e de seu governo”, que as investigações para descobrir quem organizou e quem financiou os crimes estão em andamento e que há indícios de envolvimento de parlamentares nos crimes.
Para Natália, os atos golpistas já eram algo esperado desde o início, pois os golpistas não aceitaram a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Lula. “Nunca na história do nosso país houve tamanha violência contra o patrimônio público. Desde o momento que esses golpistas não aceitaram o resultado das urnas, que medidas mais severas deveriam ter sido tomadas. O bolsonarismo nunca foi pacífico, muito pelo contrário”, disse.
Ela afirmou que os terroristas “são golpistas que atuaram com a conivência das autoridades do governo do Distrito Federal e que precisam ser barrados imediatamente. As investigações já estão sendo encaminhadas e logo saberemos quem organizou e financiou. Inclusive, há indícios de envolvimento de parlamentares, se houver confirmação, eles precisam responder por tamanho terror”, lamentou.
Eleito para a próxima legislatura federal, Fernando Mineiro (PT) classificou os atos deste domingo como “uma clara tentativa de golpe, alimentada pelos derrotados nas eleições. A não punição dos bolsonaristas terroristas alimentou os acontecimentos de domingo. O fascismo precisa ser enfrentado com os rigores da lei”, disse ele, para quem é preciso derrotar o bolsonarismo urgentemente no Brasil.
“Durante a campanha, eu dizia que uma coisa era derrotar eleitoralmente o Bolsonaro; outra, seria derrotar o bolsonarismo, que é uma concepção de mundo marcada pela intolerância e violência, como é da natureza do fascismo. Lamentavelmente, setores da sociedade foram convenientes – quando não cúmplices – desses atos. É preciso que a sociedade democrática reaja enquanto é tempo”, falou.
O deputado federal Rafael Motta (PSB) disse ser “inadmissível e quase inacreditável essa invasão do Congresso Nacional por bolsonaristas em total afronta à democracia usando a bandeira do Brasil como escudo. É preciso uma resposta das forças de segurança e, mais ainda, da justiça por esses atos antidemocráticos”. E que os responsáveis direta e indiretamente (incluindo organizadores e financiadores) sejam identificados e punidos urgentemente.
Mesma posição teve a senadora Zenaide Maia (PSD). “Acompanhei o desdobramento desses atentados, exigindo ampla investigação que possa resultar na responsabilização não somente dos executores dos atos materiais, mas, principalmente de seus financiadores e organizadores”.
STYVENSON
Para o senador Styvenson Valentim (Podemos), os atos de terrorismo são indefensáveis. E aconselhou a todos que ainda defendem os movimentos a buscar tratamento psiquiátrico urgente.
“Destruição, furtos, crimes acontecendo, todo aquele vexame e vergonha com a bandeira do Brasil, com os símbolos democráticos e patrióticos deste país não representa a maioria dos brasileiros e nunca vai representar. O que fizeram é indefensável. O dano ao patrimônio sobrará para todos os brasileiros terem que reconstruir e pagar por aquilo. Não tem como aceitar movimentos extremistas, que traduzem a sua insatisfação em um pleito eleitoral, na desvalorização e no rebaixamento de suas instituições”, afirmou.
Ele disse ter defendido os movimentos em frente aos quarteis, “democrático dentro da ordem e respeito ao patrimônio público, ao não-prejuízo do ir e vir das pessoas. Fica aqui minha revolta, meu repúdio e lamentos e aconselho a um tratamento psicológico e psiquiátrico a todos que defendem atos como aqueles. Aquilo é crime e tem que ser punido”, finalizou.
Parlamentares bolsonaristas divididos sobre os ataques em Brasília
Após os atos terroristas praticados por apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que abandonou a Presidência da República e o país faltando dois dias para encerrar seu mandato para viajar aos Estados Unidos – terem sido repudiados por parte da sociedade brasileira e chefes de estados de todo o mundo, integrantes da bancada bolsonarista do Rio Grande do Norte correram para condenar as ações de vandalismo e depredação do patrimônio público, nas redes sociais.
Senador eleito com o apoio de Bolsonaro, Rogério Marinho (PL) afirmou, por meio de nota, repudiar os atos terroristas ocorridos em Brasília. Para ele, manifestações pacíficas fazem parte do “jogo democrático”, mas a violência não. E os terroristas bolsonaristas terão um efeito contrário do que planejavam com o vandalismo e terrorismo praticados contra as instituições e prédios públicos dos três poderes da República.
“A democracia não admite a depredação e a barbárie. Essas ações terminam justificando o injustificável, ou seja, causarão o recrudescimento de medias que relativizam a Constituição e atacam liberdades individuais. Impedir o direito de ir e vir, depredar patrimônio público ou privado são crimes e têm que ser tratados como tal. As invasões enfraquecem a oposição e tiram a razão de quem está legitimamente indignado”, afirmou Rogério.
A deputada federal Carla Dickson (União Brasil) disse que não é possível construir diálogos e pacificação com ódio e violência. “Manifestações pacíficas são os pilares da democracia, podendo ser exercidas em qualquer lugar. Contudo, não compactuo com ações violentas, de depredação ao patrimônio público e invasões às sedes dos poderes. O Brasil precisa de pacificação. A desordem não nos levará a lugar algum”, falou.
Benes Leocádio (União Brasil) também se manifestou para condenar os atos de violência e terrorismo praticados por extremistas bolsonaristas em Brasília, que ele classificou como inaceitável. “Um desrespeito à democracia, instituições e à população brasileira. Defendemos que os envolvidos sejam punidos com rigor da lei”, falou.
Já os deputados Beto Rosado (PP) e João Maia (PL) silenciaram sobre os crimes perpetrados e não se pronunciaram, nem responderam aos pedidos de contatos da reportagem do DRN.
Antes dos bolsonaristas invadirem os prédios, o deputado federal General Girão (PL) repostou um vídeo em que agentes de segurança aparecem fechando o acesso à Praça dos Três Poderes e os primeiros terroristas chegando ao local. “Estão transformando a proximidade da Praça dos Três Poderes numa fortaleza medieval. E tudo porque precisavam afastar o povo, o verdadeiro soberano do Brasil. Lembrando que estamos terminando apenas a primeira semana do Governo Lula e 70 dias de acampamentos patrióticos. Entenderam?”.
Já à noite, após os atos criminosos, afirmou: “Sou, fui e continuarei sendo defensor da minha Pátria. Infelizmente, a violência ocorrida não tem meu apoio. Os manifestantes que vandalizaram, depredaram prédios e agiram com violência e desrespeito não representam o verdadeiro patriota que esteve por todos esses mais de 70 dias lutando por democracia”.