Por Renata Carvalho
Eleito em 2018, após ganhar fama por sua atuação rígida nas fiscalizações da Lei Seca, o Senador Styvenson Valentim adotou uma linha de poucos amigos na política prezando pela sua independência, inclusive partidária. Em entrevista exclusiva ao Diário do RN, ele falou sobre suas escolhas e da liberdade que tem dentro de seu atual partido, o Podemos. Styvenson também reafirmou apoio total a Paulinho Freire e comentou sobre os demais pré-candidatos à prefeitura de Natal.
DIÁRIO DO RN: O que o senhor acha do ex-prefeito e pré-candidato Carlos Eduardo?
STYVENSON VALENTIM: “Olha, eu acho que ele já teve oportunidade dele. Se a avaliação que as pessoas o têm colocando em primeiro lugar eu não sei o que foi feito dentro de tanto tempo político que ele passou, que realmente significasse isso tudo. Me diga aí algo significativo. Eu não consigo enxergar. Eu mesmo que moro em Natal, eu não consigo ver. Deveria perguntar para pessoa, me cita aí uma obra significativa dele. Me diga aí, só recolheu lixo? Porque pegou por referência uma candidata que realmente destruiu Natal? Quer dizer que é a referência de um para outro? Isso aí eu não consigo avaliar. Eu não tenho nada contra ele pessoalmente. Pelo contrário, ele quer falar comigo, quer conversar comigo. Eu estou aberto para qualquer conversa, mas já declarei meu apoio a Paulinho Freire, então não tem mais o que ser conversado se for em relação a isso. Se ele vier a vir conversar, vamos ter que conversar, vamos falar também. Se ele estiver disposto a fazer o que eu quero fazer sem interferência política, sem mesquinharia, sem ciumeira, sem risco nenhum, ok. Eu não sei o que fez de tão espetaculoso, assim não de tão significativo ou qual foi a marca política que realmente Natal tem? Natal hoje ficou para trás de tudo. Natal está atrás de João Pessoa, Natal está atrás de Maceió, Natal está atrás de Fortaleza. Natal não está vencendo mais ninguém, é um local lindo, maravilhoso. Ficou sucateado, ficou para trás”.
DIÁRIO: E o que o senhor acha da pré-candidata e deputada federal, Natália Bonavides?
STYVENSON: “(Risos) Essa foi boa porque eu estou rindo, porque ela é do espectro ali da ideologia contrário à minha. Eu não defendo maconha, eles defendem, não defendo o princípio da insignificância para furto de celulares, para redução de pena ou se não para não ter pena nenhuma, nenhum tipo de sanção penal. Eles defendem isso aí, eles não gostam de ordem e disciplina nas escolas, as escolas cívico-militares, que eu tenho três no Rio Grande do Norte. Então eu tenho mais distância deles pela questão ideológica do que proximidades. Então já posso dizer que é um risco para os valores que as pessoas têm nas suas famílias. As pessoas têm que entender o seguinte, pode ser que esse seu candidato que defende a invasão à propriedade, que defende aí que o furto de celular é besteira, que defende que libera maconha, que defende tudo isso, você tem que avaliar. Tem que avaliar se você está disposto a submeter a população a isso, então são esses valores aí que eu não concordo, então mantenho distante entende bem distante deles”.
DIÁRIO: Como será o apoio a Paulinho Freire? O senhor irá para as ruas pedir voto?
STYVENSON: “Vou. A minha decisão para apoiar Paulinho Freire foi pessoal, não foi partidária. Então vamos separar as duas instituições, o CPF do Senador Styvenson e o CNPJ do partido, Podemos. Então o Podemos tem a liderança dele, que é o Fernando, e eu não interfiro nas decisões do colegiado. Todo mundo lá toma as suas decisões, as melhores para o partido e eu tomo as minhas pessoais. Então, a minha coincidiu com o Podemos em estar com o Paulinho Freire aqui em Natal. E, sendo a minha pessoal, como eu dei minha palavra a ele, eu não pedi nada a ele, não pedi secretaria, eu não pedi nada. A única coisa que eu falei para ele: me deixe ajudar, principalmente a Zona Oeste e a Zona Norte de Natal. Coisas que eu estou fazendo pelo interior do Estado, por regiões, por vários municípios, me dê só a chance de fazer isso. Então, isso já foi construído desde o início do ano passado, em 2023, quando ele assumiu como deputado federal, foi construído, já tem uma relação próxima de confiança e de amizade.
DIÁRIO: Mas, o Podemos vai apoiar Paulinho Freire?
STYVENSON: “Aqui vai, é o que eu disse, coincidiu os dois. E aonde o Podemos tiver e o Senador Styvenson não tiver? Não tem problema. O partido tem independência. Eu disse a você que eu não sou o ditador, eu não fico com o controle manuseando o partido de longe. Não, pelo contrário, vocês têm liberdade para fazer o que vocês acharem que deve fazer, só não se junte com corrupto, com ‘vagabundo safado’, que aí não, aí eu vou achar ruim. Qualquer outro político que tenha condições de ideias parecidas com as nossas está bem”.
Styvenson critica demora na definição do PL: “Indecisão vai dificultar” para Paulinho
DIÁRIO: E como é que o senhor avalia essa situação do PL que ainda não tem um apoio total a Paulinho Freire?
STYVENSON: “Eu não posso, eu não posso dar opinião de uma coisa que eu não participo. Então, o Rogério junto com os deputados federais, eu espero que chegue logo uma decisão comum, porque senão essa indecisão e esse fatiamento na questão do candidato vai dificultar ou talvez vá retardar essa expansão do Paulinho Freire. Eu aposto tanto no Paulinho Freire que disse a ele, eu estou disposto a fazer coisas que eu não fiz, claro, dentro da licitude. Não estou falando de coisas ilícitas não, estou falando dentro da licitude. Você perguntou se eu ia caminhar, perguntou se ia subir em palanque, perguntou se eu ia pedir voto, perguntou se tudo isso. Eu vou fazer tudo isso porque eu preciso, eu necessito que ele vença, eu quero que ele ganhe para eu poder ajudar.
Mandar uma usina de asfalto, fazer esse saneamento na zona Norte e ajeitar aquilo ali que ninguém nunca ajeitou, são coisas que eu estou fazendo pelo interior. Agora não posso fazer na capital porque tem uma grande dificuldade, uma barreira imensa, ideológica, ou senão, mesquinha de politicagem que não deixa e não me permite ajudar. Nem no governo do Estado e algumas prefeituras.
DIÁRIO: O senhor acha que Álvaro Dias deveria apoiar Paulinho nessa eleição de 2024?
STYVENSON: “Eu conversei com Paulinho Freire, a decisão é dele. Eu disse que o candidato é você, Paulinho. É você que vai sentar na cadeira, é você que vai tomar decisões, é você quem vai gerir, que vai estar no executivo. Então você decide com quem você vai estar. Eu já deixei claro o que eu queria dentro da participação do governo dele. ‘Ah, porque você quer secretaria, quer cargos?’ Não quero, porque eu não consigo nem preencher os espaços dentro do meu gabinete, eu vou preencher espaço dentro de prefeitura? Ah não ser que você precise de uma pessoa técnica e eu tenho. Eu não uso dessa manobra política, desses acordos para poder ter o apoio. Se o Paulinho achar que deve ter esse apoio ótimo. Perfeito! Mas, eu, Styvenson, vou fazer a minha parte. Vou fazer a parte que eu disse a ele, vou estar com você. Vou caminhar com você. Vou até o final ganhando ou perdendo eu vou estar do seu lado. Para mim não interessa só ganhar não, para mim o que interessa é lealdade política. Coisa que eu lhe disse lá no início, ética. Coisa que a política não tem. Então, se eu der minha palavra eu vou até o final”.
DIÁRIO: O senhor acredita que essa eleição será polarizada, entre Lula e Bolsonaro?
STYVENSON: “Eu espero que não, porque dentro dessa polarização ninguém trata realmente dos problemas, das coisas que têm que ser resolvidas. Dentro dessa polarização todinha, se esquece o que o hospital não presta, porque tem um hospital para concluir que está faltando dinheiro. Tem obras estão em andamento que talvez não seja concluída nesse governo de Álvaro, que é engorda, que é hospital municipal, que é tudo isso. E eu acho que deveria se debruçar justamente sobre as condições que Natal está. Por que que perdeu tanto espaço nacional? Natal é uma cidade linda que as pessoas escolhiam para morar, hoje é violenta, hoje é suja, hoje é feia e escura, hoje está pobre, hoje está esquecida. Então, tem que se discutir isso aí, não ficar de polarização de ideologia A e B, resolve nada, não resolve fila de cirurgia, não resolve a questão das escolas, está cada vez mais decadente, o ensino cada vez mais atrasado, não tem nada inovador. O transporte, pelo amor de Deus, é uma calamidade, então só tem problema para ser discutido. É isso que conversamos com Paulinho Freire, que ele traga essas ideias, que ele saia, se isole desse campo de polo, porque isso não vai a canto nenhum. Porque se tiver polarização, Carlos Eduardo vai estar no polo de Natália e Paulinho Freire vai está no campo da direita, comigo e com Rogério, vai polarizar o quê? Com dois candidatos do outro lado? Porque Carlos Eduardo foi candidato apoiado pelo PT, ele foi para o de lá.
DIÁRIO: E em Mossoró, como será?
STYVENSON: “Não, eu não decidi nada. Eu vi uma matéria um dia desse, dizendo que o Podemos estava do lado de Allyson, parece que o pessoal vai rever isso aí, eu não sei quem foi que botou isso aí na imprensa, eu não tinha decidido, mas o Podemos parece que também não decidiu, eu não sei. Eu não decidi nada em relação a Mossoró também. Então, se o Podemos decidir ficar lá com quem quiser, eu vou analisar. Deixa eu ver aqui se é melhor para mim estar com essa pessoa, porque eu tenho que ver o que é melhor para mim, porque eu estou com mandato, eu não estou só com a força política. Eu estou com mandato, eu tenho recursos para destinar para aquela cidade, então eu tenho que analisar isso aí”.
DIÁRIO: Pensando em 2026, nas alianças que estão se formando, o senhor já prevê alguma possível candidatura? ?
STYVENSON: “Não, mas eu não penso tão longe assim, não sei nem se vou estar vivo. E eu não sei nem se eu vou ter uma trajetória política que o povo queira isso. De que adianta está combinando todo mundo, numa sala fechadinha, no ar-condicionado, combinando quem vai ser o quê em 2026 e você não combina com quem realmente interessa, que é o povo? Quem tem que decidir quem vai ser o quê, candidato ao que, é a população. Isso a gente tem que trabalhar todos os dias, para que seja lembrado, para que não seja esquecido, porque político gosta de se esconder e só voltar em dia de eleição. No meu caso, não. Eu estou presente quase todos os dias. Em 2026, quem vai dizer quem vai ser o que é a população. Eu não posso dizer nada. Eu tenho planos para o governar, tenho planos para o Senado. Eu tenho planos sim. Tenho planos não, eu tenho vontade de ajudar meu Estado”.
DIÁRIO: Como o senhor avalia o evento do final de semana e a chegada do vereador Preto Aquino ao Podemos?
STYVENSON: “Ele fez uma ótima escolha para o Podemos, onde eu estou. Podemos tem valores, ainda tem código de ética, mesmo que a política não tenha, a gente ainda respeita, respeita nossos candidatos, respeita o dinheiro público, respeita coisas que outros não respeitam. Então eu achei uma grande novidade, eu mesmo fiquei surpreso comigo mesmo, está fazendo eventos que até um dia desses eu repudiava, mas infelizmente política é isso. Eu não vou mudar a política nem a cultura de anos sozinho, de uma vez só, isso tem que ser feito de forma gradativa, essa mudança. Mas eu disse no evento que o uso dos recursos que nós vamos ter do Fundo Eleitoral, do tempo de TV, ele não é exclusivamente do ditador Styvenson não. Porque normalmente quem é o presidente do partido é quem dita tudo. Nem presidente eu sou do partido, o presidente é o prefeito Fernando, lá de Acari. Todos esses recursos, tudo que for disponível vai ser dividido para os nossos candidatos ou aqueles integrantes que vão participar das campanhas. Então essas coisas é que traz a novidade. Primeiro a segurança, a segurança de que não vai ter ‘sacanagem’, nenhum tipo de ‘sacanagem política’, que não vai ter. Depois que não tem aquele comandante isolado, independente. Aquele ditador que diz as regras e tem que obedecer. O partido é construído, foi construído com a presença de prefeitos na liderança, diretoria, secretarias, tudo isso, vários prefeitos. Eu politizei de verdade, não queriam a mudança, não queriam que eu fosse político, então pronto. Não queria que eu fizesse esse tipo de política, a política está sendo feita.
Eu quero ouvir uma reclamação de alguém porque eu passei duas campanhas sem gastar nada, fazendo campanha certinho e a última me criticaram até a morte, porque eu não usei nada, fiquei em casa, não usei televisão, não pedi apoio, não fiz nada. Então a população não tem o que reclamar, a classe política não tem o que dizer. Eu creio que foi uma boa guinada, uma boa guinada política. Eu já sei fazer campanhas como eu sempre fiz, sei fazer e não tenho medo de fazer, sem recurso, sem nada, não tenho medo de fazer, não sou apegado a poder, não sou agarrado a poder, não tenho essa vaidade. Tenho uma boa parcela da população que reconhece isso aí e entende o que estou falando, entende muito bem o que estou falando. Vai ter alguém que vai criticar? Ok, critique, sempre vão criticar mesmo, não posso mudar a cabeça de todo mundo, por isso que eu vou usar os recursos, vou usar as mesmas armas, vou usar tudo igual agora. Então vamos igualar a política para todo mundo. Já que ninguém tem coragem de fazer o tipo de política que eu faço, já que nenhum político nesse estado tem condições de fazer campanha como eu já fiz e ganhei, então vamos fazer campanha como eles e vamos disputar no mesmo campo. Simples assim. Nenhum político desse estado. Nenhum. Nem do passado, nem do presente, talvez nem do futuro. Não tem de fazer política como eu faço. Não tem, nenhum! Eu desafio qualquer um na minha frente. Desafio. Bora, vamos fazer o que eu faço? Vamos dar transparência como eu dou?
Vamos dizer o dinheiro, onde é que está enviando? Vamos cobrar dos prefeitos? E eu cobro, passo a ‘ripa’ nos prefeitos. Os prefeitos são ‘doidos’ por mim. Eu não sei como é que é isso, mando o recurso, cobro, fico atrás, mando o ofício, vou na prefeitura e todos gostam de mim. Não preciso passar a mão na cabeça de ninguém. Desço o ‘cacete’, aquele que não prestar conta, mando no Ministério Público, faço o ofício, denunciando, digo nas redes sociais. Então, eu desafio. Nem faz campanha, sem recursos, sem televisão, sem apoio, sem nada, sem está parasitando político. Um parasita Lula, um parasita Bolsonaro, eu não parasito político nenhum. Não sou parasita político.
Então eu tenho essa prerrogativa, essa autoridade de dizer, já que ninguém tem condições de fazer a política, eu faço. Seria um campo ideal, que todo mundo espera do político. As ideias, as coisas que realmente deveriam ser feitas e construídas para a população, já que ninguém tem condições. Então vamos jogar o mesmo jogo, com as mesmas armas”.