Por Ana Carla Queiroz
O riso fácil e a espontaneidade são características marcantes dessa seridoense de 38 anos. Nascida em Jardim do Seridó, Anna Alyne Cunha se prepara para um novo desafio profissional, o maior de sua carreira e realização de um sonho de menina. “Eu era muito pequenininha quando simulava programas de televisão em casa. E trabalhar com televisão em Jardim do Seridó era algo impossível, tinha que ser sonho. Como é que uma cidade com 11, 12 mil habitantes poderia me fornecer a possibilidade de ser repórter, de ser jornalista? Então, isso foi um sonho até inclusive durante a minha faculdade, porque apesar de saber o que eu queria eu nunca tinha tido chance, então sem dúvida nenhuma é um sonho realizado”.
ESSÊNCIA COMUNICADORA
“A comunicação entrou na minha vida de uma forma muito genuína, porque era o que eu já fazia muito espontaneamente. Eu fui radialista, fui locutora de uma rádio na escola e logo depois eu comecei a trabalhar. Antes mesmo de terminar o ensino médio, eu já trabalhava em rádios na cidade, em uma rádio comunitária, em Jardim do Seridó. Dois anos depois entrei na faculdade e já fui para uma rádio em Caicó. Foi nesse caminho que eu acabei descobrindo que era possível fazer jornalismo. Fiz jornalismo em Patos, na Paraíba, morando em Jardim do Seridó e trabalhando em Caicó. Então, os meus anos de faculdade foram muito apertados porque eu estava entre as três cidades e eu tinha que me dedicar muito para realizar esse sonho. Até então, eu achava que só ia conseguir exercer o jornalismo dentro da minha cidade ou da minha região”.
DO INTERIOR PARA A CAPITAL
“Eu vim para Natal em 2010. Eu tinha 24 anos e apenas dois anos de formada em jornalismo. Como eu já tinha muita experiência em rádio, vim para Natal a convite da Assembleia Legislativa, que estava montando a rádio Assembleia e eu vim para fazer parte da primeira equipe da rádio Assembleia. Inclusive, sou muito grata à Geogia Nery, que era a diretora da TV, recebeu meu currículo quando eu tentei entrar na TV Ponta Negra, mas aí ela viu potencial no currículo e me colocou nesse lugar da Rádio Assembleia. Três anos depois, eu consegui migrar para TV. De lá para cá, não parei mais”.
A CERIMONIALISTA
“Faço cerimonial desde os 15 anos de idade, porque foi exatamente a idade de aniversários de colegas na minha cidade. E como eu sempre fui muito alta, ficava destoando entre as debutantes, então eu apresentei eventos de 15 anos. Eu era convidada, não era remunerada, mas eu via de alguma forma que poderia virar o meu trabalho. Depois, na faculdade, eu comecei a fazer cursos, fazer parcerias com empresas de cerimonial, então eu passei a fazer eventos sociais, formaturas e me especializar. Foi quando aconteceu a possibilidade de, aqui em Natal, fazer cursos de protocolo, mestre de cerimônias e cerimonialista para me profissionalizar. Então, nessa conta de cerimoniais, já vão mais de 20 anos. E o que eu amo fazer é estar em contato com o público, se isso for num cerimonial eu vou amar fazer porque estar em contato com gente me motiva a fazer a comunicação, independe se for numa rádio, independe se for na TV ou num evento, tudo é comunicar”.
A TRANSFORMAÇÃO DO JORNALISMO
“A comunicação mudou nos últimos anos, como eu disse eu me formei em 2008, e de lá para cá mudou positivamente, porque o jornalismo ele era muito frio. A comunicação entre jornalista e público era de um patamar, era de um degrau muito grande. Eu lembro que na faculdade, por ter um jeito muito espontâneo, um professor me disse que eu jamais trabalharia em uma televisão, justamente por causa do meu jeito. E eu me engessei durante muito tempo, por que eu tinha medo de como as pessoas iam me ler naquele jeito espontâneo. Então, quando eu vim para Natal, eu vim com essa cabeça: ‘Eu tenho que entrar numa caixinha do jornalista extremamente quadrado’. Foi quando veio o convite para o Resenhas do RN em 2017 para 2018, que a proposta era completamente diferente, o entretenimento, e a proposta foi: seja você mesma. Foi quando eu me soltei e exatamente o meu jeito espontâneo, que antes era renegado e que não ia dar certo, me levou a ser popular o bastante das pessoas me aceitarem dentro de suas casas, de me admirarem ou de ter um carinho em mim que eu não esperava. Aquele jeito que era banido dos bancos de faculdade me deu o prestígio e a carreira que eu tenho hoje”.
A HORA DE SAIR DE CASA
“A partir do momento que ela viu que eu ia conseguir, com passos pequenos, aí foi quando ela acreditou. Então, vir para Natal foi muito doloroso. A gente é muito ligada e isso foi uma ruptura muito grande. Eu fui a última a sair de casa, meus irmãos já estavam longe. E doeu muito. Mas foi muito bom, porque quando eu saí de casa, eu disse a ela e ao meu pai que eu ía fazer com que o nome deles, através do meu, fosse conhecido e respeitado em todo o Estado. E deu certo, porque foi através do Resenhas que eu entrei na casa de todos os potiguares e agora volto a entrar na casa de todos eles com as bênçãos dos meus pais”.
EXPECTATIVA
“Nervosa é um adjetivo que eu posso dizer que estou, porque apesar de fazer isso há muito tempo, eu sou muito ansiosa e muito insegura também. Eu sei que dou conta, eu sei que estou preparada e eu sei que sonhei com isso, mas vem muito o frio na barriga, noites em claro, muita ansiedade e isso é bom, porque é sinal que eu estou viva, é sinal que eu amo fazer isso e é sinal que eu vou dar o meu melhor. É sinal que eu vou estar pronta para o que está escrito, mas eu não vou deixar que a vida me leve, eu vou me esforçar muito para isso. Eu passei dois anos fora do vídeo, fora da TV, eu saí em fevereiro de 2022 e agora, dois anos depois, o convite veio no momento certo. A expectativa está a mil, a melhor possível. Vai ser um reencontro com quem eu já conhecia, com novos espectadores e com amigos”.