O major do Exército José Eduardo Natale se defendeu de acusações de colaboração com golpistas quando teria dado água para manifestantes no 8 de Janeiro, dentro do Palácio do Planalto.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal, ouve o oficial na manhã desta segunda-feira (9).
O militar é um dos integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República que apareceram em imagens do interior da sede do Poder Executivo interagindo com os golpistas.
Em depoimento inicial, ele narrou o que aconteceu antes de ter entregue água aos golpistas. “Observei que a porta do corredor em frente ao gabinete presidencial havia sido arrombada. Entrei e encontrei um cidadão sentado e outra manifestante, sem representarem ameaças iminentes naquele momento. Entrei na copa e, ao abrir a porta, três manifestantes bastante exaltados e hostis apareceram, perguntando minha função e o que havia naquele local. Respondi que não havia nada, somente água.”
Segundo ele, o manifestante “mais exaltado” disse que queria uma garrafa. “Em um esforço de acalmar os ânimos e conter a crise, evitando maiores danos, sob a ótica da razoabilidade, avaliei que deixar que pegassem a água era razoável para que a situação não se inflamasse e aquelas pessoas saíssem do local sem maiores danos.”
O depoente ressaltou que não deu água aos manifestantes, apenas permitiu que eles pegassem. A estratégia, na visão do major, foi bem-sucedida, já que acabou afastando os golpistas do gabinete presidencial, como ele detalhou.
“Após pegar uma garrafa, o mais exaltado me pergunta se ali era o gabinete do presidente. Faço sinal com a mão dizendo que não, e que ali eram somente salas cerimonial, e que a sala presidencial ficaria no piso abaixo, dissimulando a real proximidade do gabinete presidencial. Ele então chama outros manifestantes, sai e, logo após, desce as escadas, abandonando a região do gabinete presidencial.”
Fonte: Metrópoles