Por Bosco Afonso
O resultado da última eleição ensinou que o Brasil vai conviver politicamente com a direita e a esquerda, pois, ideologicamente a direita ganhou cara e lado, e aqui no RN essa será a realidade a ser enfrentada, mesmo sem o extremismo praticado agora em 2022.
Surpreendentemente, depois que perdeu a disputa na disputa pelo Governo do Estado ficando em um terceiro lugar, perdendo até mesmo para o apático Fábio Dantas, o senador Styvenson Valentim – que durante o último pleito pregava um isolamento dos políticos tradicionais, ao mesmo tempo em que rejeitava utilizar o tempo de exposição na televisão e no rádio e se dizia contrário a utilizar os recursos financeiros dos fundos partidário e eleitoral – anunciou a sua decisão em assumir a direção regional do seu partido, o Podemos, e antecipou que irá disputar o cargo de Governador do Estado, em 2026, quando o seu mandato de senador estará sendo extinto, utilizando todos os recursos permitidos. Styvenson sabe que não irá se coligar com a esquerda, mas não disse com quem poderá se coligar no futuro.
A decisão prematura de Styvenson Valentim, um dos políticos que trilham os caminhos da direita antecipa uma disputa em 4 anos nesse bloco e que nesta eleição de 2022 mostrou a sua identidade e revelou lideranças no Brasil, e em especial no Rio Grande do Norte.
Enquanto a esquerda, nascida no Brasil, ainda na época da Revolução de 1964, se consolida no RN com a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder através da reeleição da governadora Fátima Bezerra e agora com dois de seus integrantes (Natália Bonavides e Fernando Mineiro) eleitos para a Câmara dos Deputados, a direita potiguar não se apresentava com nenhuma liderança de expressão e nem muito menos tinha identidade.
Por cerca de seis décadas, a política do Rio Grande do Norte estava sempre representada pela esquerda com base no PT e o outro lado – sem identidade – formado pelas lideranças das famílias ALVES e MAIA, sem nenhum de seus integrantes assumir a condição de direita.
A eleição do capitão de polícia Styvenson Valentim ao Senado Federal, mesmo sem identificação com qualquer dos movimentos, prenunciou a extinção de MAIA e ALVES consolidado agora em 2022, e aí eis que surge o movimento denominada de direita, que graças ao aparecimento do BOLSONARISMO mostrou a sua identidade ideológica e tem espaços para um maior crescimento, mesmo com esquerda no poder, representada diretamente pelo PT.
Numa avaliação feita por vários políticos dos mais diversos matizes, a direita terá sua identificação, mas sem “dono” e sem liderança maior definida aqui no Rio Grande do Norte, uma vez que esse bloco se consolidou graças a existência do bolsonarismo que navega entre os políticos de centro, os de direita e os radicalmente de direita. E aí se pode contabilizar as presenças do ex-senador José Agripino Maia, mesmo sem mandato, dos deputados João Maia, Robinson Faria e Benes Leocádio; do prefeito natalense Álvaro Dias, do deputado Paulinho Freire, do senador Styvenson Valentim; e também dos bolsonaristas de carteirinha como senador eleito Rogério Marinho e do deputado federal general Girão, ambos sobreviventes do estilo do atual presidente Jair Bolsonaro. Uma verdadeira miscelândia de interesses pessoais e posicionamentos políticos. Todos com as diversas tendências centro-direitistas e direitistas apenas em nível estadual, prontos a disputar contra a governadora Fátima Bezerra e seus seguidores petistas e esquerdistas momentâneos.
No próximo pleito, com a realização das eleições municipais os apoios personalistas deverão se consolidar, pois dificilmente a esquerda ou a direita vão se impor junto ao eleitorado interiorano que, ao invés de ideologias, buscam benefícios diretos para suas comunidades, vindos de onde vier.
Assim, não se sabe qual será o comportamento dos políticos norte-rio-grandenses nos próximos passos eleitorais, antes mesmo que se chegue a uma nova eleição nacional para as escolhas de Presidente da República, Senador, Deputados Federais e Deputados Estaduais, ocasião em que o radicalismo ideológico deverá prevalecer.