Para que o empoderamento feminino vá além de palavras é necessária a criação de espaços para a inserção e valorização da mulher, inclusive no mercado de trabalho. E é com esse foco de atuação e performance feminina que a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN instaurou a Câmara da Mulher Empreendedora. A iniciativa “Fecomércio com elas” promove a inserção e valorização das mulheres empreendedoras no mercado de trabalho, na capital potiguar. Um estudo do Sebrae RN, em parceria com o IBGE, mostra que atualmente no estado, de todas as empresas funcionando, 35% delas são lideradas por mulheres.
A proposta da Câmara, que ainda está sendo viabilizada, é fortalecer a participação das mulheres e mães que desejam empreender, alavancar seus negócios e gestões, criando também uma rede de apoio entre as mulheres que já empreendem no estado. “A Câmara foi criada para apoiar e defender os interesses, exclusivamente, das mulheres empreendedoras dos setores do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte. Essa iniciativa se junta às mudanças vivenciadas na sociedade, para fortalecer e dar suporte às mulheres empresárias, que lideram muitos empreendimentos e são responsáveis pela geração de emprego e renda” afirma o presidente da Fecomércio Marcelo Queiroz.
Na prática, muitas mulheres lidam com os altos e baixos do mercado atual, além de terem uma dupla jornada na hora de equilibrar os afazeres de casa junto às demandas de seus negócios. Para mulheres que são mães, essas funções se tornam múltiplas. Segundo o estudo Estatísticas de Gênero, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março de 2021, apenas 54,6% das mães de 25 a 49 anos que têm crianças de até três anos em casa estão empregadas. Na maternidade negra, essa situação é pior, menos da metade está atuando no mercado de trabalho (49,7%).
MULHER E O MERCADO DIGITAL
Com a alta demanda da presença no universo digital, a vitrine de uma loja física nem sempre é o único espaço para mulheres que buscam pela liberdade financeira. A autoridade feminina também precisa ser construída e pensada para alcançar um público maior de clientes. Stefany Borges, proprietária da Sonhar Lingerie – Pronta Entrega, afirma que a atuação da mulher no mercado de trabalho é indispensável e o modo como as mulheres utilizam as redes sociais pode fazer toda a diferença. “A empreendedora precisa ser uma imagem influente que atrás das vendas também traz a realidade e as dificuldades do dia a dia”.
Stefany acredita que a criação de uma rede de apoio para as mulheres empreendedoras, fortalece e atrai mais mulheres para o empreendedorismo. “A presença feminina é importante para a independência financeira e para a criação de autoridade perante a sociedade. Quanto mais influenciamos e ajudamos as mulheres, mais elas criam coragem para empreender e se tornarem uma pessoa melhor.”
Já quando se trata de maternidade e empreendedorismo, Renata Thuanny, mãe da Helena de 1 ano, entende muito bem. Ela administra sua loja de lingerie Menina Mulher, e sua presença no mercado digital faz toda a diferença na hora de conquistar clientes. “Ser mãe e empreender está longe de ser fácil, inclusive estou aqui dialogando enquanto amamento. Empreender tem seus desafios e eu amo muito. Acho que é isso que me motiva a não desistir. E minha filha é minha maior motivação. Quero que um dia ela olhe pra mim e com orgulho possa dizer: “Ela é minha mãe”. Renata iniciou sua loja virtual em julho de 2020 e tem como missão, levar amor próprio e autoestima para suas clientes. “Nós mulheres temos mostrado cada dia mais o quanto somos fortes e que não somos só o sexo frágil que tanto falam. Temos ganhado um amplo espaço no mercado de trabalho e isso é graças a muito esforço”, concluiu.
Akza Priscylla, dona do Aloha Gostoso Flats, em São Miguel do Gostoso, comenta que há desigualdade entre espaços no mercado de trabalho ocupados por homens e mulheres. “Muitas vezes o empreendedorismo feminino é a principal fonte de renda da família. Além de abrir diversas oportunidades de empregos, diminui a questão da desigualdade de renda, já que no mundo corporativo essa desigualdade é comprovada. Vejo também que mulheres empreendedoras são mais flexíveis, mais equilibradas, e essas características dentro do mercado, são importantíssimas”.