O Cineclube Areal estreia nesta quarta-feira (30), em Parnamirim (RN), com sessões gratuitas de obras cinematográficas. A exibição inaugural acontece às 19h, na sede da produtora audiovisual Nobir, com entrada gratuita e recursos de acessibilidade comunicacional.
O cineclube foi criado com o objetivo de descentralizar a exibição cinematográfica no estado, oferecendo uma janela alternativa para produções independentes — muitas delas ainda inéditas no Rio Grande do Norte.
A proposta é priorizar filmes em formatos de curta e longa-metragem dirigidos por mulheridades (mulheres cis, trans, travestis e pessoas trans não binárias) e pessoas dissidentes de gênero do Sul Global (Brasil e América Latina).
Além das exibições, o projeto busca formar o público local e promover debates sobre as questões sociais abordadas nas obras. A programação do Cineclube Areal prevê cinco sessões até o final do mês de maio.
Para Ádila Santos, idealizadora do projeto, a iniciativa surgiu da carência de espaços culturais em Parnamirim voltados para o cinema independente. “Em uma análise preliminar, percebemos a ausência de espaços culturais na cidade que oferecessem esse tipo de conteúdo. O projeto também funciona como uma vitrine para o cinema produzido por mulheridades e minorias, desempenhando um papel fundamental na formação de público e no enriquecimento cultural da cidade, por meio dos debates promovidos após cada sessão”, explica.
Segundo ela, o cineclube também representa uma alternativa ao circuito tradicional das salas de cinema, muitas vezes restritas aos shoppings. “Inclusive, vamos exibir em primeira mão o documentário O Bem Virá, que estreia nacionalmente no dia 15 de maio”, destaca.
Sessão de estreia
A curadoria da programação foi realizada pelas cineastas Ádila Santos, Diana Coelho e Rosy Nascimento, a partir de uma pesquisa voltada à valorização de narrativas do Sul Global.
A sessão de abertura contará com a exibição do curta-metragem Pedras Não Flutuam (2019, 8’12”), dirigido por Lara Ovídio.
O filme retrata os vestígios da antiga cidade de São Rafael Velha, no interior do Rio Grande do Norte, submersa na década de 1980 pela construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Com a estiagem prolongada que atinge o Nordeste, parte da cidade voltou à superfície, trazendo à tona memórias antes encobertas pelas águas.
Na sequência, será exibido o documentário O Bem Virá (2020, 80 min), dirigido por Uilma Queiroz. A obra acompanha a trajetória de mulheres do sertão do Pajeú (PE) que, durante a seca de 1983, enfrentaram a miséria e lutaram pelo direito à sobrevivência. Em um contexto de escassez, no qual ser mulher significava, muitas vezes, gerir a falta, essas protagonistas romperam os papéis impostos e se afirmaram como agentes de transformação social.
Todos os filmes serão exibidos com legendas e os debates contarão com a presença de intérprete de Libras. Também haverá espaço kids, de acordo com a demanda do público presente.
Os interessados em participar devem preencher o formulário disponível no perfil do projeto no Instagram @cineclubeareal ou acessar diretamente o link: https://shorturl.at/ws8S4. As vagas são limitadas.