A chegada do período das festividades juninas possui como tradição o uso de fogos de artifícios e acendimento de fogueira. O que acende um alerta para o aumento no número de atendimentos no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG). Neste período, o centro costuma receber em média de 20 a 30 vítimas de acidentes graves causados por brincadeiras típicas do período.
O cirurgião plástico responsável pelo Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) e membro do Comitê de Prevenção da SBQ, Marco Almeida, ressalta o aumento no número de casos de acidentes nesse período do ano: “nesse período, os acidentes com fogos e fogueiras, aumentam 2000%. Quando avaliamos o primeiro ano de pandemia, quando a lei estadual proibiu fogos e fogueiras, nós não registramos nenhum acidente ou internações graves em decorrência do uso de fogos ou fogueiras”.
O manuseio dos fogos precisa de muito cuidado até mesmo quando aparentemente são de baixo potencial ofensivo, conforme ressalta o cirurgião: “Os fogos de artifício não devem ser brincadeiras para criança. Mesmo os chumbinhos podem levar a consequências graves, como lesões na face ou mesmo cegueira, se atingirem os olhos. O uso de fogos de artifício pode levar a acidentes graves, como perda de um dedo, lacerações graves e amputações”.
Outra tradição forte na região são as fogueiras e o manejo precisa de atenção desde a escolha do local de instalação e o tamanho também requer cuidado: “sempre fazer a fogueira do menor tamanho possível para evitar que desmorone quando estiver com fogo. Além disso, é de suma importância que se tenha atenção para apagar o braseiro no final, para que ninguém se queime no dia seguinte”, conforme lembrou o especialista. As brincadeiras próximas a elas devem ser evitadas para prevenir queimaduras e até mesmo devido a problemas consequentes da inalação da fumaça.
JUNHO LARANJA
Promovido pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), o mês de junho é dedicado a conscientização e prevenção de acidentes com queimaduras. A campanha deste ano tem como foco os acidentes com eletricidade, discutindo políticas públicas de prevenção e incentivando cuidados necessários por parte de toda a sociedade.
Conforme explica o cirurgião Marco Almeida: “50% dos acidentes fatais nas regiões Norte e Nordeste do Brasil são ocasionados por conta das más condições gerais das fiações nas residências. Além disso, o uso de eletrodomésticos sem condições de uso e também devido a prática delituosa de “gatos” em fios de alta tensão”.
De acordo com informações do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), nos primeiros cinco meses deste ano, 20 pessoas deram entradas na unidade vítimas de queimaduras elétricas, a mesma quantidade do ano anterior.
ORIENTAÇÕES
O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) é o unico do Estado especializado para esse tipo de cuidado, funcionando a partir de regulação. Responsável pelo setor, Marco Almeida orienta sobre os procedimentos em casos de acidente: “o paciente deve ser encaminhado inicialmente para unidade básica onde o médico deverá realizar a regulação. Quando chegar no setor, temos uma equipe de profissionais de diversas áreas para atender as necessidades de cada paciente”.
O médico também faz importantes lembretes acerca das queimaduras domésticas: “caso acontece algum tipo de acidente, o primeiro passo é lavar abundantemente com água corrente, em seguida, enrolar em um pano limpo e procurar uma ajuda médica. Jamais deve se passar produtos como: clara de ovo, café, pasta de dente ou gelo, afinal o gelo pode piorar o ferimento”.