Senadores e deputados federais estão se mobilizando para juntar o máximo de assinaturas possíveis para a abertura de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar os atos golpistas cometidos por extremistas bolsonaristas na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Da bancada potiguar no Senado, Rogério Marinho (PL) e Styvenson Valentim (Podemos) assinaram o documento e pedem a investigação de uma possível omissão do governo federal nos ataques e depredações do patrimônio público.
Para Rogério, há uma seletividade nas acusações e prisões de envolvidos nos atos que precisa ser investigada de forma urgente. “É importante que o Congresso se debruce sobre esse tema para evitar seletividade, investigando também os governos federal, do Distrito Federal e as forças de segurança. Se afastou um governador (Ibaneis Rocha) por 90 dias e o secretário de Segurança do DF (Anderson Torres), quando chegou ao Brasil e que está preso até hoje. Se prenderam 1,5 mil pessoas, que certamente estão envolvidas e outras que não estão envolvidas, e que continuam presas”, lamentou.
O senador, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), disse que, como é o atual líder da Oposição, foi procurado por parlamentares interessados na abertura de uma CPMI para investigar os atos e uma possível omissão do governo federal e das forças de segurança no dia dos ataques, que resultaram em sérios danos aos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Estamos diante de uma série de situações em que é necessário, por dever de justiça e esclarecimento, que possamos entender esse enredo. Desde 1986, quando o presidente era José Sarney, foi estabelecido um protocolo de segurança para preservar a Praça dos Três Poderes. Fui contactado por deputados federais e senadores, no papel de líder da oposição, para recolhermos assinaturas no Congresso Nacional para fazer a CPMI”, afirmou Rogério.
Styvenson Valentim também quer mais esclarecimentos sobre o ocorrido no dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas, inconformados com a vitória e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), invadiram e vandalizaram as sedes dos três poderes brasileiros. Ele votou contra a intervenção federal na segurança pública no DF e alegou injustiça. “Um governo eleito destituído por uma canetada? Sou a favor que localize cada marginal daquele, cada bandido”, disse, na ocasião.
A proposta da abertura da CMPI é do deputado federal André Fernandes (PL-CE) e, para ser instalada no Congresso, necessita do mínimo de 171 assinaturas de deputados e a adesão de 27 senadores. Conforme o texto do documento, “Não há dúvidas que houve depredação do patrimônio público, o que é inadmissível em um Estado Democrático de Direito, e todos os envolvidos, sejam eles extremistas, sejam infiltrados, devem, rigorosamente, ser identificados e punidos na forma da lei”.