No período de férias e alta estação, não é apenas o litoral potiguar que ganha destaque como uma forma para o lazer com as crianças. Pensando na interação entre natureza e refrescar-se do calor com as zonas arborizadas dos parques e bosques da capital, pais e responsáveis têm buscado cada vez mais esses ambientes com uma rota opcional de diversão para a criançada. Em Natal, um desses espaços é o Parque das Dunas. A movimentação aumenta bastante nos meses de férias escolares. Em janeiro de 2022, foram 13,5 mil visitantes. No entanto, algumas observações e cautelas precisam ser tomadas para que o dia de lazer não se transforme em um passeio desagradável para as famílias.
Na alta estação, cuidados devem ser reforçados para que o sol e o calor não tragam malefícios, como explica a pediatra Kallydya Fonseca. “É necessário beber bastante água, levar lanches frescos para as crianças, como sucos e frutas. Usar repelentes, por causa dos mosquitos. Ter um cuidado a mais para adentrar nesses ambientes com crianças, pois podem ter animais nativos; cobras, insetos, ter sempre essa vigilância e usar roupas mais longas para evitar picadas”. E mesmo nos parques mais arborizados também é preciso tomar os cuidados com a exposição ao sol e a pele sensível das crianças.
A pediatra orienta sobre o uso do filtro solar ideal para as crianças. “Um filtro que seja no mínimo fator 30 e resistente à água. E se a pele for muito clara o cuidado deve ser ainda maior. Devemos aplicar 20 minutos antes da exposição e reaplicar a cada 2 horas. E não esquecer locais como orelhas, pés, atrás dos joelhos, por entre os dedos”.
Com relação aos bebês, ela orienta que as medidas devem ser ainda mais cautelosas, principalmente nos menores de um ano. “A pele é mais sensível, com mais risco de queimaduras e desidratação. Não há filtros solares totalmente indicados para menores de seis meses, por isso nessa idade recomendamos uma exposição solar mínima, sempre debaixo de sombrinhas, com roupas protetoras e bonés. E jamais no horário entre 10h e 16h, que aliás não é o recomendado para as crianças, pois os raios solares são ainda mais intensos”.
Os parques urbanos são excelentes locais de interação entre crianças e a natureza, e é importante que desde cedo elas aprendam a viver essa relação com respeito e conscientes sobre a preservação e conservação desses espaços e de todo o ecossistema ali inserido. Alimentar os animais nativos desses locais, por exemplo, põe em risco as crianças e até mesmo os animais presentes nesses biomas.
Mary Sorage, bióloga do Idema e gestora do Parque das Dunas, reforça sobre os cuidados necessários para essa interação. “Não se deve oferecer alimentos aos animais. Nas segundas-feiras, depois do movimento mais intenso do fim de semana, saguis amanhecem doentes de comer pipoca e chupar pirulitos. Eu já vi passarinhos morrerem de fome, sem a gente conseguir pegar porque chiclete ficou grudado no bico deles. Também é uma área com animais peçonhentos e tem gente que se deita nas folhas. É um ambiente que os animais frequentam, é a casa deles. A gente precisa dessa natureza e a natureza precisa da gente, de uma forma equilibrada, de uma forma parceira e harmônica. Esse é o grande desafio”.
PROIBIDA ENTRaDA DE PETS
Cães e gatos, hoje, são mais que animais domésticos. Para tutores apaixonados, são membros da família e devem estar ao lado nos passeios e lazer. No entanto, apesar de ter se tornado cada vez mais popular e assegurado por lei que cães possam passear por diversos locais que antes não eram permitidos, inclusive nos shoppings, no caso de bosques e parques de Natal, o acesso dos animais não é permitido.
Segundo Mary Sorage, a presença de animais domésticos nesses ambientes selvagens pode colocar a vida deles em risco e a proibição é assegurada por lei. “Existe todo um regramento federal, a Lei 9.985/2000, que instituiu às diversas unidades de preservação e proteção integral. Não se pode adentrar nessas unidades com espécies que não são nativas daquela área. Para resguardar esses ambientes e para também proteger os pets. Eles podem ser contaminados e também podem contaminar”. Animais domésticos são predadores também, mesmo que estejam presos, mas muitas pessoas podem soltar eles, então além da transmissão de vetores, a gente tem um elo introduzido na cadeia alimentar que causa desequilíbrios”.
Em Natal, uma lei municipal de junho de 2021 dispõe sobre o ingresso e a circulação de animais domésticos nos parques públicos municipais, além de shoppings centers e centros comerciais do Município de Natal. Ainda assim, no Bosque das Mangueiras, administrado pela Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), a legislação não chegou a ser cumprida. O bosque, localizado no bairro Lagoa Nova, está fechado para obras e deverá ser reaberto nos próximos dias.
Procurada pela reportagem do DRN, a secretaria limitou-se a confirmar as normas estão sendo discutidas para a reabertura.