Cerca de 10% da população mundial convive atualmente com algum tipo de doença autoimune, como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este quadro se torna ainda mais preocupante quando se considera o impacto do lúpus na circulação sanguínea, especialmente no contexto das cirurgias vasculares.
As doenças autoimunes são responsáveis por uma série de alterações inflamatórias. O lúpus, em particular, pode comprometer a saúde dos vasos sanguíneos.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), as doenças vasculares são responsáveis por cerca de 25 mil mortes anuais no Brasil, principalmente devido a tromboses e complicações associadas. Embora não existam estatísticas nacionais específicas sobre a relação entre lúpus e problemas vasculares, a SBACV destaca que a inflamação crônica e as alterações imunológicas são fatores de risco significativos para a saúde vascular.
A especialista Ilana Barros explica que “Um quadro conhecido como vasculite, que compromete a circulação e eleva o risco de eventos graves como trombose venosa profunda, embolia pulmonar e até acidente vascular cerebral (AVC) são bem mais comuns em pessoas com doenças autoimune”.
“O paciente com lúpus, assim como aquele que possui outras doenças autoimunes, precisa ser avaliado não apenas pelo reumatologista, mas também por um cirurgião vascular. Muitas vezes, os sinais iniciais são sutis — como dor, inchaço ou coloração anormal dos membros — e podem ser erroneamente atribuídos à própria doença de base”, esclarece Ilana Barros.
Além do lúpus, outras doenças autoimunes como a arterite de Takayasu, a granulomatose com poliangiite e a esclerodermia também podem desencadear vasculites, aumentando o risco de oclusão arterial, isquemia e amputações.
A prevenção e o acompanhamento médico são fundamentais para evitar complicações. “O diagnóstico precoce pode mudar o prognóstico do paciente. Não podemos ignorar que doenças autoimunes podem afetar a circulação, e essa relação precisa ser levada a sério tanto pelos profissionais quanto pelos pacientes”, alerta Ilana Barros.
Recentemente, a SBACV lançou uma campanha nacional para conscientizar a população sobre as doenças vasculares sistêmicas e seus agravantes, como obesidade, sedentarismo e condições inflamatórias crônicas.
Para Dra. Ilana Barros, referência no uso de novas tecnologias e humanização no tratamento de doenças vasculares, essa conscientização é um dos principais caminhos para reduzir complicações graves e mortes. “Se doenças autoimunes podem afetar a circulação? A relação entre lúpus, vasculite e problemas vasculares é uma pauta urgente de saúde pública. Levar informação de qualidade à sociedade é o primeiro passo para salvar vidas”, finaliza.
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