Este ano de 2024 provavelmente irá superar 2023 como o ano mais quente do mundo desde o início dos registros, segundo declaração feita nesta quinta-feira pelo Serviço de Mudança Climática, Copernicus, da União Europeia (C3S).
Os dados foram divulgados antes da cúpula climática da ONU, COP29, que ocorrerá na próxima semana no Azerbaijão, onde os países tentarão concordar em um aumento significativo de financiamentos para combater as mudanças climáticas. A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA diminuiu as expectativas para as negociações.
O C3S indicou que, de janeiro a outubro, a temperatura média global foi tão alta que 2024 certamente será o ano mais quente do mundo — a menos que a anomalia de temperatura no restante do ano caia para perto de zero. “A causa fundamental e subjacente do recorde deste ano é a mudança climática”, disse Carlo Buontempo, diretor do C3S, à Reuters.
“O clima está esquentando, de maneira geral. Está aquecendo em todos os continentes e em todas as bacias oceânicas. Portanto, é inevitável que esses recordes sejam quebrados”, acrescentou.
Os cientistas afirmaram que 2024 também será o primeiro ano em que o planeta estará mais de 1,5 °C mais quente do que no período pré-industrial de 1850 a 1900, quando os humanos começaram a queimar combustíveis fósseis em larga escala. As emissões de dióxido de carbono provenientes da queima de carvão, petróleo e gás são a principal causa do aquecimento global. Sonia Seneviratne, cientista climática da universidade pública ETH Zurich, disse que não ficou surpresa com esse marco e pediu aos governos na COP29 que concordem com ações mais robustas para reduzir suas economias dependentes de combustíveis fósseis emissores de CO2.
Os limites estabelecidos no acordo de Paris estão começando a ruir devido ao ritmo muito lento das ações climáticas ao redor do mundo, afirmou Seneviratne. Os países concordaram no Acordo de Paris de 2015 em tentar evitar que o aquecimento global ultrapassasse 1,5 °C (2,7 graus Fahrenheit) para evitar suas piores consequências. O mundo ainda não ultrapassou essa meta — que se refere a uma temperatura média global de 1,5 °C ao longo das décadas — mas o C3S agora espera que o mundo exceda essa meta em torno de 2030. “Basicamente está logo ali”, disse Buontempo.
Cada fração do aumento da temperatura alimenta eventos climáticos extremos. Em outubro, inundações catastróficas mataram centenas de pessoas na Espanha, incêndios florestais recordes devastaram o Peru e inundações em Bangladesh destruíram mais de 1 milhão de toneladas de arroz, fazendo os preços dos alimentos dispararem. Nos EUA, o furacão Milton também foi agravado pela mudança climática causada pelo homem. Os registros do C3S remontam a 1940 e são verificados com os registros globais de temperatura desde 1850.
Com informações do Reuters