VAZAMENTOS SELETIVOS CONTINUAM
A liberdade de imprensa é um pilar fundamental da democracia. No Brasil, essa liberdade, conquistada à duras penas, enfrenta um dilema contemporâneo: a relação complexa e por vezes ambíguas com as investigações policiais e judiciais e a prática de vazamentos seletivos. Já tratamos deste assunto aqui na abertura da coluna, mas é sempre necessário enfatizar que a situação continua, sem que haja repreensão de quem quer que seja, pois a recente exposição midiática envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu círculo, com revelações surgindo a todo momento, levanta um questionamento importante sobre a forma como certas investigações são levadas ao conhecimento público. O momento desses “vazamentos”, que coincidem com a proximidade de julgamentos cruciais para o ex-presidente, sugere uma dinâmica seletiva na divulgação de informações.
Enquanto a imprensa é abastecida com detalhes comprometedores sobre Bolsonaro e seu grupo, em um ritmo quase diário, o mesmo não acontece com outros casos de grande relevância nacional. A forma como órgão como a Polícia Federal (PF) parece gerir o fluxo de informações para a mídia tem sido notada, e a percepção de uma seletividade nos vazamentos ganha força.
Em total contraste, o escândalo da roubalheira que afeta aposentados, pensionistas e beneficiários do BPC, também investigado pela PF segue uma trajetória de exposição pública bem diferente. A falta de detalhes concretos, a ausência de nomes de envolvidos e o pouco andamento das investigações sobre esse caso para a imprensa é notável. Enquanto as manchetes são tomadas por desdobramentos políticos, a roubalheira que lesa milhares de idosos e pessoas com deficiência permanece nas sombras, com poucas informações chegando ao conhecimento da população em geral.
Essa diferença no tratamento da informação sugere que a narrativa pública sobre corrupção e desvios pode ser moldada por fatores que vão além da gravidade do crime, como vem se portando a Polícia Federal (PF). Os vazamentos, que podem ser uma ferramenta para a transparência, também podem ser usados estrategicamente, influenciando a opinião pública e o ritmo de processos judiciais. A divulgação de informações de uma investigação complexa e de alto perfil político como a de Bolsonaro pode gerar um ambiente de pressão que, intencional ou não, acelera ou influencia decisões judiciais. Já o silêncio sobre o esquema de roubo no INSS pode ser interpretado como falta de prioridade ou uma barreira à transparência.
A instalação da Comissão Permanente Mista de Investigação (CPMI) no Congresso Nacional para investigar a roubalheira do INSS, prevista para esta terça-feira, 26, surge como uma oportunidade crucial para mudar esse cenário. Espera-se que, com a comissão parlamentar, a sociedade tenha acesso a informações que a Polícia Federal e outros órgãos não disponibilizaram, trazendo à tona a dimensão real desse crime e os nomes por trás dele. A expectativa é que o trabalho da CPMI ajude a quebrar o silêncio e garanta que os responsáveis por esse crime contra os mais necessitados sejam expostos e responsabilizados. Vazamentos seletivos devem ser evitados, seja de onde vier.
TOFFOLI
Tratando desse mesmo assunto do escândalo do INSS, não se sabe ainda qual o interesse do ministro Dias Toffoli, do STF, ter pedido todas as informações já investigadas pela Policia Federal para o seu conhecimento exclusivo. Toffoli é o ministro que tem anulado todas as sentenças da Operação Lava-Jato.
BLINDAGEM
O Partido dos Trabalhadores (PT), no Congresso Nacional sai em defesa de Frei Chico, vice-presidente de um dos sindicatos que afanou dinheiro de aposentados e pensionistas do INSS, e quer blindar o irmão do presidente Lula a depor na CPMI. A alegação é que a “investigação não é parental”. Não se entende a relutância do PT em investigar com profundidade a roubalheira do INSS.
INELEGIBLIDADE
Poderá ser votado nesta terça-feira, 26, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que unifica em oito anos o prazo de inelegibilidade para políticos impedidos de se candidatar.
SURPRESA
A vereadora Carol Pires (União Brasil), que ocupava secretaria municipal de Serviços Urbanos de Parnamirim, se disse surpresa com a publicação de sua exoneração publicada no Diário Oficial da Prefeitura de Parnamirim.
SURPRESA 2
Na verdade, a razão da exoneração de Carol Pires foi que sua mãe, a vice-prefeita Katia Pires (União Brasil) estaria conspirando para que a Câmara votasse o impeachment da prefeita Nilda Cruz (Solidariedade).
REUNIÃO
Com esse gesto, a prefeita Nilda Cruz definiu de uma vez por todas o seu rompimento político com a vice-prefeita Katia Pires. Nilda foi cirúrgica nesse episódio. Não esperou conversar com mais ninguém, pois já tinha provas suficientes sobre a conspiração de Kátia.