“Livre manifestação de um parlamentar no exercício de suas prerrogativas de deputado”, classificou o senador Rogério Marinho (PL) ao defender o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que comparou professores a traficantes de drogas durante evento armamentista em Brasília, neste fim de semana. Em seguida, Rogério criticou a atuação do ministro da Justiça, Flávio Dino, que determinou à Polícia Federal que analise os discursos proferidos para identificar indícios de crimes, incitações ou apologias a atos criminosos.
Segundo o senador, Eduardo Bolsonaro é protegido pela imunidade parlamentar e estava exercendo suas prerrogativas para se manifestar livremente. “É lamentável que o Ministério da Justiça seja utilizado para impedir a livre manifestação de um parlamentar no exercício de suas prerrogativas de deputado, ao falar em praça pública. O princípio da inviolabilidade do mandato não pode ser relativizado como Lula relativiza a democracia”, falou.
Rogério disse ainda que a doutrinação nas escolas é uma realidade no Brasil e que toda manifestação deve ser denunciada. “A doutrinação nas escolas é, sem dúvida nenhuma, uma prática deletéria e fora do escopo da atividade pedagógica, que pode e deve ser denunciada. Sem mais”, afirmou Rogério, nesta segunda-feira (10).
Em sua defesa, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que sofre perseguição política. “Um ministro da Justiça mobilizar a Polícia Federal para investigar minha analogia sobre doutrinadores, que se aproveitam da posição de professores para escravizarem pela ideologia, agirem como traficantes que escravizam pela droga, ambas as situações propiciadas pela ausência dos pais no dia a dia dos filhos, é mais um degrau da escalada autoritária no Brasil”.
Sinte/RN e lideranças políticas do RN repudiam situação
Lideranças políticas do Rio Grande do Norte e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado (Sinte/RN) reagiram com indignação e repudiaram as falas proferidas pelo deputado Eduardo Bolsonaro e sua defesa, pelo senador Rogério Marinho. Para o coordenador do Sinte/RN, Bruno Vital, o fato não surpreende os educadores potiguares e que a entidade, junto à Confederação Nacional, está promovendo um abaixo-assinado para a cassação do mandato do deputado por quebra de decoro parlamentar.
“Nós, do Sinte/RN, repudiamos tudo isso. Mas, na verdade, tudo isso não é surpreendente, porque foi assim que eles chegaram ao poder, à frente da Presidência da República. Também esperamos que a sociedade reaja massivamente a esse tipo de declaração e que o deputado seja devidamente punido, com a cassação de seu mandato, que é o que ele merece pelo discurso que fez e divulgou em suas redes sociais”, desabafou.
Vital destacou que os parlamentares da base bolsonarista agem contra a educação e contra os professores brasileiros. “Não foi à toa que eles criaram projetos como o “Escola sem partido”, jogando para a sociedade a ideia de que os professores induziam as crianças e adolescentes a ideias inapropriadas. Também não foi à toa que eles ganharam uma eleição promovendo a ideia de que os professores usavam o que eles chamaram de kit-gay nas escolas”, lamentou.
Professor licenciado da rede estadual, o deputado federal Fernando Mineiro (PT) reagiu com indignação e repúdio às falas proferidas pelo filho de Bolsonaro e pelo senador Rogério Marinho, que saiu em defesa deste, alegando imunidade parlamentar. Para ele, os professores brasileiros foram, mais uma vez, agredidos e desrespeitados pelos bolsonaristas.
“Minha irrestrita solidariedade aos colegas professores e professoras, diante da agressão e do desrespeito do Eduardo Bananinha para com a nossa categoria. Lamentavelmente, a família Bolsonaro e seus aliados continuam cometendo seus crimes. Até quando estes ficarão impunes?”, questionou Mineiro.
Líder do governo na Assembleia Legislativa do RN, deputado estadual Francisco do PT reagiu com indignação e repulsa à situação envolvendo os congressistas. “Repugnante a fala do deputado Eduardo Bolsonaro a respeito dos professores/as. Incita o ódio e ofende a categoria. Mas o que esperar de um parlamentar tão desqualificado e propagador de mentiras? Com a palavra, o conselho de Ética da Câmara Federal”.
Ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PSB) se pronunciou publicamente, também com profunda repulsa e pesar às palavras proferidas por Eduardo Bolsonaro e defendidas com avidez por Rogério Marinho. Para ele, o fato é inadmissível, diante da importância que os professores possuem na construção social do indivíduo.
“Meu Deus! Como é possível se criticar e caluniar assim os professores, comparando-os aos traficantes de droga? Um deputado federal, filho de um ex-presidente da República! Agredir logo aqueles que, como nossos pais, nos ensinam a dar os primeiros passos em nossas vidas… e abrem nossos caminhos!!”, lamentou Henrique.