O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais incidente entre as mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de mama. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025, cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com o tumor, causado pelo papilomavírus humano (HPV). De acordo com o Ministério da Saúde cerca de 65% das pacientes só recebem a confirmação da doença quando já está em estágio avançado, o que pode reduzir significativamente as chances de cura. Os dados alertam para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “Se diagnosticado na fase inicial, as chances de cura da doença são de 100%”, afirma Ana Paula Magalhães, responsável técnica pelo Núcleo de Saúde da Mulher da SMS Natal.
Durante todo o mês de março, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) Natal, por meio do Departamento de Atenção Básica (DAB), está realizando a Campanha Março Lilás, oferecendo serviços de saúde e informações sobre a doença.
“Temos o mês de março voltado especialmente para alertar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados que podem ser tomados para prevenir a doença”, explica Ana Paula Magalhães.
CAUSAS E PREVENÇÃO
Também chamado de câncer cervical, a doença pode ser causada por vários fatores, sendo um dos principais a infecção por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV), uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que pode ser combatida com o uso de preservativos durante as relações sexuais, e por meio da vacinação. A vacina, disponível gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 19 anos e meninos da mesma faixa etária, protege contra os principais tipos do vírus que podem levar ao câncer de colo do útero – os tipos virais 6, 11, 16 e 18. Sendo esses dois últimos os responsáveis por cerca de 71% dos casos de câncer do colo do útero e por mais da metade dos casos de outros cânceres relacionados ao HPV.
DIAGNÓSTICO
O citopatológico (também conhecido como papanicolau ou preventivo) é um exame que serve para prevenir diversas lesões no colo do útero e detecção do câncer cervical. Realizado por meio da coleta da secreção uterina, é um exame simples, rápido e geralmente não provoca nenhum incômodo.
No ano de 2024, em Natal, apenas cerca de 30% do público apto à realização do exame procurou uma unidade de saúde para se prevenir contra a doença. “O aceitável é que no mínimo 40% das pessoas com útero, que têm ou já tiveram relações sexuais, principalmente aquelas com idade entre 25 e 64 anos, realizem pelo menos uma vez por ano o preventivo”, comenta Ana Paula, reforçando que mulheres grávidas também podem realizar o exame.
Ainda segundo a técnica, o citopatológico está disponível em todas as unidades básicas de saúde do município e o resultado está disponível, em média, dentro de 15 dias.
Rastreio do câncer de colo do útero ganha novo aliado

No último ano, o Ministério da Saúde anunciou mudanças importantes no rastreamento do câncer de colo do útero. O tradicional exame preventivo (Papanicolau) ainda é ferramenta essencial para a preservação da saúde da mulher, mas ganhou um novo aliado, o teste molecular para detecção do HPV, indicado para mulheres entre 25 e 64 anos. Segundo Robinson Dias, presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (Sogorn), essa mudança representa um avanço significativo.
“O novo exame identifica o DNA do HPV e tem maior precisão na detecção de infecções persistentes pelo vírus, que são o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de colo do útero. Com essa abordagem, conseguimos identificar e tratar lesões antes mesmo de se tornarem um câncer”, esclarece o ginecologista.
Atualmente, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Rio Grande do Norte se configura como o segundo estado com menor taxa de mortalidade feminina por câncer de colo do útero no Nordeste. A Sogorn alerta que a melhor forma de manter esse número controlado e longe da média nacional é a prevenção, o rastreamento adequado e, principalmente, a vacinação contra o Papilomavírus Humano, o HPV.
“A vacinação em massa pode reduzir drasticamente os casos da doença no futuro. Países que adotaram programas de vacinação robustos já registram queda expressiva na incidência do câncer de colo do útero. É fundamental que pais e responsáveis entendam a importância da imunização precoce”, finaliza Robinson Dias.