O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), lançou neste sábado (16) sua pré-candidatura à presidência da República em 2026. O anúncio foi feito em um evento do partido em São Paulo.
“Estamos vacinados contra a receita fracassada da esquerda. O caminho da prosperidade nós já conhecemos, é apoiar a livre iniciativa e reduzir o Estado. Se foi possível fazer em Minas, é possível fazer no Brasil”, disse o governador, que chegou ao palco ao som de “Que País é Este”, amplamente aplaudido.
“Vamos acertar as contas com o lulismo, os parasitas do Estado e as facções criminosas”, completou.
Em seu discurso, Zema contou sua história como empresário bem-sucedido e disse que foi um homem “sem padrinho e sem privilégio”. Ele criticou o PT, mirou no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), exaltou valores como o liberalismo e livre iniciativa, e falou de suas ações no governo de Minas Gerais em relação à educação, segurança pública, merenda escolar, contas públicas e infraestrutura.
“Até os 53 anos a minha vida foi empreender e eu sempre tomei até aversão à política, mas aí veio a crise da Dilma, tive que reduzir o quadro da empresa e aquilo me fez ficar indignada, e em Minas foi pior ainda com o governo Pimentel. E foi neste momento que veio o convite do partido Novo”, relembrou.
Zema é o segundo governador da direita a se colocar como pré-candidato na disputa ao Planalto, em um cenário ainda indefinido em meio à inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) e à indefinição de seu sucessor. Em abril, foi Ronaldo Caiado (União), de Goiás, quem se lançou ao posto.
“O Brasil que nós queremos é o Brasil que trabalha, inventa e arrisca, que dá orgulho. É com esse Brasil bravo que nós vamos chegar a Brasília para varrer o PT do mapa, vamos chegar a Brasília para acabar com os abusos e perseguições do Alexandre de Moraes. Vamos chegar a Brasília para libertar o Brasil”, acrescentou.
Em meio a um cenário com vários nomes na direita que podem concorrer ao governo federal, Zema não descartou “ajustes ao longo da campanha”. Indagado em uma coletiva se pode desistir da candidatura caso haja pedido neste sentido de Bolsonaro, Zema disse que tudo depende de “conversas entre os partidos”, mas defendeu que vários políticos concorram e se unam no segundo turno.
“Eu vejo com naturalidade essas mudanças na política. Vai depender muito das conversas entre os partidos. Os candidatos, muitas vezes, são considerados e outras vezes não. Mas o nosso projeto é permanecermos candidatos”, falou.
“O Tarcísio (de Freitas) é competente, lido muito bem com ele, conversamos regularmente e nós temos propostas em comum. O cenário que eu vejo é a direita caminhar com vários pré-candidatos. E lá na frente, no segundo turno, todos estarão juntos”, completou.
Questionado sobre apoio de outros partidos, Zema disse que “ainda é muito prematuro” pensar nisso, mas que aceitaria se unir a “qualquer partido de direita e centro-direita”.
O representante do Partido Novo se elegeu governador de Minas pela primeira vez em 2018 e permaneceu no cargo ao ser reeleito em 2022. Antes, fez carreira como empresário. Ele é ex-presidente do grupo que leva seu sobrenome criado pelo bisavô, Domingos. O conglomerado iniciou seus negócios nos anos 1920, vendendo acessórios, peças e lubrificantes automotivos, e depois passou a comercializar móveis e eletrodomésticos.
Ao lançar sua pré-candidatura, Zema ainda pediu que o Brasil “saia do BRICS” e disse que vai “libertar o país do Lulismo nas urnas”. Foi acompanhado pela plateia, com gritos de “Lula ladrão”.
“A minha família veio para o Brasil em busca de liberdade e prosperidade e hoje são os brasileiros que vão embora por medo da violência e da falta de oportunidade. O Brasil primeiro!”, finalizou o agora pré-candidato, já adiantando seu slogan.
Já pensando nas propostas, o mineiro defendeu ainda mudanças no Bolsa Família. Sem detalhar como isso seria feito, afirmou que faria um “desmame” do benefício para reduzir o tempo que as pessoas recebem o auxílio:
“Algo como você vai trabalhar, você vai continuar recebendo Bolsa Família até o dia que a pessoa falar eu já estou aqui tão solidificado na minha profissão que eu não preciso mais do Bolsa Família. Alguma coisa nessa linha é preciso estudar. É preferível pagar o Bolsa Família mais 3, 4 anos para quem está trabalhando do que ficar pagando 30 anos, como nós estamos fazendo para quem fica só fazendo bico e não se qualifica”, declarou.
“Fora Lula” e “fora, Xandão”
O evento deste sábado foi marcado por críticas ao presidente Lula, ao PT e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os 2,5 mil presentes, segundo o Novo, estavam parlamentares do partido como o senador Eduardo Girão (Novo-CE), os deputados Adriana Ventura, Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Ricardo Salles (Novo-SP) e teve gritos de “fora Lula” e “fora, Xandão”. Girão chegou a chamar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de “ditador”. Houve vaias a Lula, e o deputado estadual do Rio Grande do Sul Felipe Camozzato puxou uma música chamando o Supremo de “puxadinho do PT”. Van Hattem, por sua vez, disse que quer concorrer ao Senado em 2026 para pautar “o impeachment dos ministros do STF”.
O Novo ainda promete lançar ao menos 32 deputados federais e 45 estaduais, e quer lançar o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) ao Senado ou ao governo de São Paulo, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) decida concorrer ao Planalto.
Com Bolsonaro inelegível até 2030, a direita se movimenta para definir o candidato para o governo federal em 2026, e entre os nomes cotados estão integrantes da família Bolsonaro, e governadores da direita como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, além de Caiado e Zema.
O presidente Lula deve concorrer à reeleição e tenta manter partidos do centro, como MDB e União, em sua base. Siglas com ministérios no governo petista têm sinalizado, porém, que podem integrar uma chapa de oposição na próxima eleição.
*Com informações do Globo