O ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado criminalmente nesta terça-feira (18), pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusado de ter liderado um suposto plano de golpe de Estado após ter perdido a eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Outras 33 pessoas foram denunciadas com ele, incluindo seu ex-ministro da Casa Civil, general Braga Netto, que concorreu a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
Bolsonaro demonstrou surpresa ao ser informado sobre as acusações feitas contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no chamado inquérito do golpe, segundo nota de sua defesa destinada à imprensa.
“A defesa do Presidente Jair Bolsonaro recebe com estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República, divulgada hoje pela mídia, por uma suposta participação num alegado golpe de Estado.O Presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”, diz a nota divulgada na noite desta terça-feira (18).
O texto dos representantes de Bolsonaro também classifica a denúncia como “inepta” e critica a delação de Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente, a chamando de “narrativa fantasiosa”.
“A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa”.
Rogério Marinho
Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), disse, em nota, não se surpreender com a notícia. “A própria imprensa, por meio de vazamentos seletivos, já anunciava, inclusive, a pena que seria pedida”.
Marinho afirmou que a oposição está “certa” da inocência de Bolsonaro. “Esperamos com serenidade que a justiça seja feita e que, finalmente, sejam observados os princípios do juízo natural, do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal”.
Flávio Bolsonaro
O filho do ex-presidente e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou a denúncia como “vazia” e alegou falta de provas contra seu pai.
“A tentativa de golpe em prédios públicos vazios virou uma denúncia vazia, sem absolutamente nenhuma prova contra Bolsonaro. Mesmo depois de Alexandre de Moraes ter esculachado o Ministério Público Federal na fabricação dos inquéritos e torturado Mauro Cid para ‘delatar’ o que não existiu, o PGR se rebaixa.”
“A rapidez com que a Polícia Federal concluiu o inquérito e enviou o relatório ao STF, sem a devida observância dos direitos constitucionais ao contraditório e à ampla defesa, levanta dúvidas sobre a imparcialidade e a isenção necessárias em investigações desse tipo”, declarou em comunicado.
Braga Netto
A defesa de Braga Netto classificou a denúncia de “fantasiosa” e reclamou de violações de direitos nas investigações. Ele é acusado de ser um dos integrantes do “núcleo crucial da organização criminosa”, de onde teriam partido decisões e ações do plano golpista.
“O General Braga Betto está preso há mais de 60 dias e ainda não teve amplo acesso aos autos, encontra-se preso em razão de uma delação premiada que não lhe foi permitido conhecer e contraditar”, diz nota divulgada por sua defesa.
“Além disso, o General Braga Netto teve o seu pedido para prestar esclarecimentos sumariamente ignorado pela PF e pelo MPF, demonstrando o desprezo por uma apuração criteriosa e imparcial”, continuam os advogados.
Fabio Wajngarten
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Jair Bolsonaro e advogado informal do ex-presidente, reagiu à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) com uma provocação.
“Considerando que o presidente Valdemar Costa Neto não foi denunciado e, portanto, não é mais investigado, amanhã ele já pode voltar a conversar com o presidente Jair Bolsonaro? Vamos fazer o PL ainda MAIOR? 2026 é logo ali. Vai ser ATROPELO”, escreveu Wajngarten em seu perfil no X, antigo Twitter.
Costa Neto e Bolsonaro tinham sido proibidos de se comunicar por ordem do ministro Alexandre de Moraes, já que ambos estavam sendo investigados no inquérito do golpe.
*Com informações da BBC News