O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo, Thiago Mesquita, apontou, nesta terça-feira (25), uma solução que a Prefeitura de Natal tem para o acúmulo de água que ocorre na área da engorda da Praia de Ponta Negra em dias com alto volume de chuvas. De acordo com o gestor, devem ser criados três canais subterrâneos para aumentar a sucção.
Os canais seriam instalados próximo à Via Costeira, no início da Erivan França e perto do Morro do Careca. Mesquita ressaltou que esse acúmulo de água era previsto, é comum de acontecer e demandar adaptações, devido à dinâmica costeira.
“O projeto é um projeto de engenharia excelente, a execução foi excelente. (…) É natural fazer as adaptações, porque o sistema é natural, a dinâmica costeira é natural, e agora nós estamos exatamente vendo as adaptações”, disse Mesquita que reforçou que os dezesseis dissipadores presentes na praia são suficientes para evitar a erosão devido à água de chuva. “Por isso que formam os espelhos d’água somente em chuvas superiores a 40 mm. Abaixo disso, a gente não tem a formação dos espelhos d’água”, disse.
Ainda segundo o secretário, o acúmulo de água é mais evidente em sete pontos e o trabalho seria para aumentar a eficiência deles, que correspondem a 25% do aterro. “Os outros 75% ficam completamente secos em menos de 24 horas”, pontuou.
“Mesmo depois de uma chuva de 143 milímetros e menos de 24 horas e de quase 300 milímetros acumulados em três dias, em 24 horas – um dia depois que choveu tudo -, a percolação da água de chuva aconteceu em aproximadamente 75% no aterro hidráulico, ficando acumulado em sete pontos, e são esses sete pontos que nós enquanto estamos trabalhando para aumentar a eficiência da percolação”, afirmou Mesquita.
Questionado sobre estudos, se já tem previsão para execução e levantamento de custos, o secretário informou que ainda não existe cronograma, nenhuma decisão foi tomada ainda e a análise ficará a cargo da Seinfra.
SEMINÁRIO

O titular da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) participou do II Seminário Estadual de Saneamento Ambiental do Rio Grande do Norte, que teve como tema “Desafios das Mudanças Climáticas e as Cidades Costeiras”, onde realizou a apresentação “O Aterro Hidráulico de Ponta Negra e os Impactos da Drenagem e das Mudanças Climáticas” para tirar as dúvidas em relação à engorda da praia de Ponta Negra.
Entre pontos abordados, esteve ainda o potencial atual de utilização da faixa de areia. “Antes da engorda, tínhamos um horário de uso restrito da faixa, devido ao aumento da maré, totalizando um tempo útil de aproximadamente seis horas por dia. Hoje, após o aterro, esse tempo útil é de 15 horas diárias”, disse Mesquita.
Também foram apresentados alguns dados da obra, pontos polêmicos e apontadas possíveis vantagens que a engorda possibilitará a Natal. “Um ponto significativo é o aumento na arrecadação de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. Segundo a Fecomércio [Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RN], teremos um retorno de 70 milhões de reais somente no primeiro ano após a obra. Esses dados apenas enfatizam a viabilidade econômica dessa intervenção, gerando empregos e renda na praia, além da questão ambiental”, comentou.
COMPARAÇÕES
No seminário, o professor Dr. Luís Parente, da Universidade Federal do Ceará (UFC), falou sobre a engorda da Praia de Iracema, em Fortaleza. De acordo com o secretário Thiago Mesquita, não é possível replicar em Natal o que foi feito na praia cearense.
“Lá a topografia é diferente. Eles conseguiram fazer canais pluviais, através dos moles, desses espigões, que drenam a água; o que não é possível, tecnicamente, fazer em Ponta Negra porque os estudos de viabilidade apontam que a construção desses moles pode potencializar o processo erosivo na Via Costeira”, explicou.