“Haverá disputa e acreditamos que Natália Bonavides vencerá. A campanha dirá quem tem razão”, afirmou o secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado, Raimundo Alves, ao comentar que vê com naturalidade o fato do presidente municipal do PSD, Carlos Eduardo Alves, dizer que vencerá o PT nas urnas. Para ele, a fala do ex-prefeito não significa um rompimento político e defende que, sendo este um candidato, tem que acreditar mesmo que vai vencer. “Essa afirmação é absolutamente comum de quem é candidato”.
Segundo Raimundo, Carlos Eduardo segue sendo um aliado do grupo político da governadora Fátima Bezerra (PT), pois acredita que as palavras ditas pelo ex-prefeito são de um pré-candidato que sabe que enfrentará uma pré-candidata do partido aliado, futuramente. E defende que o processo deve ser respeitoso para ambos os lados. “O principal é se fazer uma campanha propositiva e um debate respeitoso e programático sobre a Natal que a população quer”, falou.
Durante entrevista nesta segunda-feira (22) à 98 FM, o ex-prefeito de Natal afirmou que disputará a sucessão municipal em 2024 e que pretende derrotar a candidatura do PT, partido que foi seu aliado durante as eleições gerais do ano passado. “Enfrentaremos sim o PT, respeitaremos, mas vamos derrotá-los nas urnas. Entramos numa campanha para vencer, sem medo de perder, serei candidato contra o PT”, afirmou.
Petista vincula postura de Carlos Eduardo à arrogância
Para o vice-presidente estadual do PT e vereador de Natal, Daniel Valença, o partido já apresentou aos natalenses a sua pré-candidata, a deputada federal Natália Bonavides, que possui um projeto de governo que atende às necessidades da população. Ele disse que, por estamos em um momento pré-eleitoral, é natural que todos os partidos e lideranças se movimentem em busca de alianças e acordos políticos.
“Já vimos algumas vezes o filme daqueles que, com arrogância, se sentaram antes da hora na cadeira. Mas, o PT tem a sua pré-candidata. E não se trata de ser Natália apenas por ser a deputada federal melhor avaliada e mais votada do Estado, eleita com mais de 157,5 mil votos, ou seja, 53,3 mil a mais que o segundo colocado (João Maia, do PL, com 104,2 mil). É Natália porque ela carrega toda a esperança de mudança, de um projeto democrático e popular, que a cidade espera e deseja”, explicou.
“As dificuldades de campanha foram uma realidade”, diz Raimundo
Questionados sobre o desabafo de Carlos Eduardo sobre o “boicote” dos prefeitos contra sua campanha, em que ele narrou ter sido mal-recebido e até impedido de entrar e fazer campanha em algumas cidades, Raimundo Alves reconheceu a existência do problema, mas reafirmou o empenho e dedicação de Fátima Bezerra para ajudar o ex-prefeito em sua campanha para o Senado Federal.
Raimundo falou que a candidatura do ex-deputado federal Rafael Motta (PSB) como fator importante que contribuiu para prejudicar a campanha de Carlos Eduardo, pois teria provocado uma divisão no eleitorado do PT para o Senado, dividido os votos entre os dois candidatos do presidente Lula (PT) ao Senado. E citou: “As dificuldades da campanha passada foram uma realidade, e não foi somente com os prefeitos que apoiavam Rogério Marinho para o Senado. Ele reconhece que a governadora e o PT foram corretos com ele. Tivemos a candidatura do PSB, que dividiu o nosso campo político. O mais prejudicial foi o engessamento com a campanha do Ciro Gomes (no primeiro turno) e que impediu a unificação da campanha dele com a de Lula”, destacou.
Em entrevista à 98 FM nesta segunda, Carlos Eduardo afirmou que foi prejudicado durante a campanha eleitoral. “Eu chegava numa cidade e o prefeito estava na porta. Carlos Eduardo não fala e os carros de som dele não entram. E, em muitos municípios, o carro de som da governadora não citava meu nome. Quando ela (Fátima) falava, citava meu nome, mas o eleitor gosta de ver o candidato falar. Mas, os prefeitos não me deixavam falar. O MDB tinha 38 prefeitos, 37 votaram em Marinho”, disse.
Ele falou ainda que conversou com Fátima sobre o “boicote” dos prefeitos à sua candidatura e que ela estava ciente do que acontecia nos municípios. “Essa foi a pior campanha para mim. Eu simplesmente não tinha o direito de falar, não tinha o direito de propaganda. A campanha era dos prefeitos e eles estavam ali para cumprir seus compromissos com Rogério Marinho. Não quero pôr em dúvida o apoio e desejo da governadora em me ajudar, mas como a majoritária aceitou o formato da campanha, ajudou Rogério”, afirmou.
Para Daniel Valença, a governadora Fátima Bezerra colocou Carlos Eduardo debaixo dos braços durante a campanha eleitoral, “mas tem gente que é pesada mesmo. Com quantos prefeitos ele conversou? Quantos visitou? Vale lembrar que ele tentou associar sua imagem a Lula na última semana das eleições. Ele não sabia que era candidato no Rio Grande do Norte? Achou que apagaria facilmente o apoio dado a Bolsonaro em 2018? Fátima foi incansável nessas últimas eleições”, defendeu.
SEM RETORNO
A reportagem do Diário do RN procurou a governadora Fátima Bezerra, por meio de sua assessoria pessoal, e o coordenador político da campanha em 2022, Adriano Gadelha, para falarem sobre o desabafo de Carlos Eduardo sobre o “boicote” dos prefeitos relatado pelo ex-prefeito, mas não teve retorno.