Por Ana Beatryz Fernandes
A quarta-feira 24 foi marcada por assembleias que se estenderam durante todo o dia no auditório da Reitoria da UFRN. Ainda pela manhã, aconteceu a Assembleia do Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior do RN (SINTEST-RN), que reuniu mais de 600 servidores técnico-administrativos, e pela tarde foi a vez dos docentes da UFRN, com a Assembleia do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ADURN).
Entre as principais reivindicações apresentadas pelo SINTEST-RN, reajuste salarial linear de 7,06% em 2024, 7,06% em 2025, e 7,06% em 2026, reestruturação da carreira dos servidores federais e a recomposição do orçamento das Universidades. Já a proposta apresentada pelo governo federal, não prevê reajuste salarial para 2024 por falta de espaço orçamentário, com reajuste de 9% para 2025 e 3,5% para 2026.
“Votamos pela continuidade da greve, e rejeitamos a proposta do Governo que está bem distante das nossas reivindicações, não vamos aceitar zero de reajuste para 2024”, explica Maria Aparecida, Coordenadora Geral do SINTEST-RN e Integrante do Comando Local de Greve (CLG).
A Assembleia da ADURN teve como principais pautas a avaliação da proposta do Governo Federal para reajuste dos auxílios e a proposta apresentada na 4ª reunião da Mesa Específica e Temporária da área de Educação do Magistério Federal, realizada no dia 19 de abril de 2024.
Os docentes reivindicam reestruturação das carreiras do Magistério Superior e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), melhoria nas condições de trabalho e, juntamente com os servidores técnico-administrativos, aumento salarial.
O Governo Federal apresentou uma proposta de reajuste para os docentes de 9% em 2025 e 3,5% em 2026, e alteração dos steps nas classes C/DIII e D/DIV de 4% para 4,5% em janeiro de 2025.
Os professores da UFRN aderiram ao movimento grevista, na última segunda-feira (22), enquanto os servidores técnicos-administrativos da instituição estão paralisados desde 14 de março.
IMPACTOS DA GREVE
A greve dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) já atinge diretamente o funcionamento do Museu Câmara Cascudo. As áreas de visitação estão fechadas ao público desde a última terça-feira (23) e o espaço está recebendo apenas as visitas de escolas que já estavam agendadas com antecedência. Os agendamentos, inclusive, já estavam suspensos desde o início da greve dos servidores, em março. A retomada dos agendamentos para receber novos grupos só deve ser retomada após o encerramento da paralisação.
PANORAMA GERAL
Segundo dados do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), pelo menos 29 instituições federais de ensino estão com aulas suspensas em decorrência da greve de professores no país. São 23 universidades paradas, além de 5 institutos federais e 1 centro tecnológico. Como essa soma agrupa apenas as universidades que pertencem às associações, o número de unidades em greve pode ser maior. Já com relação à quantidade de alunos que estão sem aula, as entidades afirmam que não é possível precisar porque, apesar da declaração da greve, alguns professores podem optar por seguir com suas disciplinas individuais.
DIREITO DE GREVE
Na última terça-feira (23), durante café da manhã com jornalistas, o presidente Lula afirmou que “Ninguém será punido neste país por fazer greve. Nasci fazendo greve e devo aos trabalhadores de São Bernardo”, acrescentando ainda sobre as negociações que “Eles (os grevistas) têm de compreender, porque a gente dá o que pode”.
Essa não foi a primeira vez que o presidente se refere ao direito de greve se referindo ao seu histórico de sindicalista. No início do mês, durante um evento no Palácio do Planalto e já em meio às paralisações no serviço público, Lula afirmou não ter “moral para falar contra a greve” e seguiu: “A gente pode até não gostar, mas é direito democrático dos trabalhadores. Não tenho moral para falar contra a greve, eu nasci das greves”.