Sem negociação entre cooperativa e Prefeitura de Natal, atendimento segue prejudicado nas UPAs da capital
A paralisação dos médicos cooperados que prestam serviço na rede municipal de saúde completou 5 dias nesta segunda-feira sem qualquer diálogo entre cooperativa e Prefeitura. Desde a última quinta-feira (24), a Coopmed comunicou que os serviços prestados de Alta/Média Complexidade seguiriam funcionando somente para pacientes internados e cirurgias de urgência. “Ambulatórios fecham, UPAs e portas de urgências funcionam com 30% de sua capacidade, maternidades e SAMU mantêm o pleno funcionamento” dizia a nota divulgada pela cooperativa médica.
Segundo Érica Galvão, diretora do Sindsaúde-RN e técnica de enfermagem, o pronto socorro ortopédico na Maternidade Araken Pinto está 100% parado há 5 dias. “A maternidade está sem obstetra durante à noite e aos finais de semana por causa da paralisação. Diminuiu também a quantidade de clínicos intensivos na UTI, chegou a quase não ter intensivista num plantão de 12 horas, com internados em estado grave. Bem complicado, a enfermagem está ficando muito sobrecarregada. E a Prefeitura e a SMS não se posicionam sobre quando vão normalizar isso”, relata.
A diretora do Sindsaúde também relatou uma ocorrência atendida pelo SAMU Natal que quase acabou em fatalidade na manhã desta segunda-feira (28). “A equipe de enfermagem foi para uma ocorrência que precisaria de uma UTI Móvel, que só sai com um médico, a equipe teve que sair com uma ambulância básica, que dá suporte básico de vida. Eles conseguiram salvar a vida da idosa e deixar ela no hospital do Estado após ela ter sido reanimada. A idosa teve uma parada cardiorrespiratória”.
Também na manhã segunda-feira, dezenas de pessoas faziam fila em frente a UBS do Pajuçara. Na rotina das unidades de atendimento, servidores que preferem não se identificar, falam da peregrinação dos pacientes que buscam especialidades. “Cardiologista, só tem um clínico atendendo. Às vezes não tem pediatra no horário que os pacientes chegam ou eles ficam peregrinando pelo atendimento ou indo para hospitais do Estado. Tudo isso em meio ao novo surto de Covid, menos grave porque as pessoas estão vacinadas. Há também muitos servidores se afastando por causa do isolamento pela covid”
Os médicos membros da Cooperativa Médica contratada pela Secretaria de Saúde do município de Natal iniciaram a paralisação para reivindicar o pagamento de salários atrasados desde o mês de julho. A reportagem do Diário do RN procurou a SMS, mas não teve retorno até o fechamento dessa edição.