Às margens do Atlântico, o Porto-Ilha de Areia Branca, que há décadas desbrava as águas como epicentro da exportação de sal a granel no Brasil, redefine sua trajetória. Sob a tutela do consórcio Intersal, que assumiu o leme há um ano, o porto não apenas busca expandir fisicamente, mas também se lança em uma nova jornada voltada para as energias renováveis.
Valmir Araújo, diretor executivo da Intersal, compartilha a visão de dobrar a área da “Ilha”, atualmente com 38 mil metros quadrados. Este projeto, estimado em R$ 500 milhões, não é um esforço para deslocar o porto de sua posição como líder na exportação de sal, mas sim para transformá-lo em uma plataforma estratégica para o florescimento da indústria eólica offshore na costa do Rio Grande do Norte.
A proposta vai além da expansão física, abraçando a aquisição de guindastes robustos, pesando entre 500 e 700 toneladas. Estes não são simples equipamentos logísticos; são peças fundamentais para movimentar os alicerces dos futuros parques eólicos marítimos. Contudo, este plano não visa apenas oferecer suporte logístico, mas também instalações para abrigar as equipes que moldarão o futuro da energia na região.
A visão da Intersal é clara – posicionar o Porto-Ilha como uma plataforma avançada de instalação. Aqui, materiais estratégicos podem repousar, aguardando o momento preciso para sua jornada em direção ao local de montagem. Esta abordagem não é uma competição, mas uma harmonização com os esforços do governo estadual, que sonha com o Porto-Indústria Verde entre Caiçara do Norte e Galinhos.
Com uma localização a 20 km da costa de Areia Branca, o Porto não apenas se destaca pela sua posição logística, mas também pelo potencial eólico que dança nos ventos circundantes. A proximidade de Mossoró, com seu aeroporto e conexões nacionais, torna essa região um ímã para o desenvolvimento de projetos e negócios inovadores.
Nas águas do Porto-Ilha, a pesquisa em energias renováveis encontra seu santuário. O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) utiliza o “azul turquesa” do mar para abrigar a BRAVO – Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore. Uma tecnologia pioneira, desenvolvida em parceria com a Petrobras, que sinaliza para o futuro da energia.
Recentemente, representantes do Reino Unido, líder em energia eólica offshore na Europa, exploraram as possibilidades deste Porto-Ilha. Transformá-lo em uma infraestrutura não apenas de montagem, mas de operação e manutenção para a indústria eólica foi reconhecido como um impulso vital para atrair investimentos e negócios para o Rio Grande do Norte.