GOLPE
Impressiona como a extrema-direita cria um mundo paralelo para fugir da realidade crua de que houve uma trama sórdida grave que arquitetou um golpe de Estado para assassinar nossa democracia. As provas são abundantes, mas o delírio originado do fanatismo impede a lucidez.
DEMOCRACIA
O pior é que o mesmo grupo que tramou contra a democracia, brada contra a ‘censura’ nas redes sociais e clama por liberdade. Uma releitura nos livros de história mostraria a essa turma que na ditadura, não existe liberdade e a censura é permanente. É coisa de hospício.
MULHER
Uma mulher acompanha o marido em um encontro com um líder de outra potência econômica e tem a ‘ousadia’ de participar da conversa. Em outros tempos, isso seria posto como conquista de espaço e empoderamento; seria até histórico. Nos sombrios tempos de hoje, essa mulher está sendo espancada virtualmente pela intromissão e atrevimento: “Será que ela não sabe o lugar dela? ”
RESPEITO
Pois isso aconteceu em pleno século 21, em que a mulher alcançou degraus inimagináveis, assume postos de trabalho que eram somente para homens, ganharam eleições para presidir nações, avançaram na exigência do respeito e se destacam pelo empoderamento. Não há mais volta. A mulher foi longe. E vai ainda mais. Em tudo. Ainda bem. Mas parece que nem todos gostam disso.
JANJA
Estamos falando de uma socióloga, esposa do presidente da República do Brasil, que recebe tratamento que uma mulher deve receber, de respeito. Participa de uma conversa juntamente com o marido e o líder chinês. Lula, o marido, chama a mulher para explicar melhor uma situação e o mundo desaba em cima dela. Se isso não for misoginia, o que define esse comportamento abjeto até de mulheres contra Janja?
CEGUEIRA
O fanatismo cega. O fanatismo político cega, ensurdece e emburrece. O que justificaria a postura de espancamento contra Janja, simplesmente pelo fato de ela participar de uma conversa?
PASSADO
Fica parecido com o cenário de um passado sem volta, em que os homens sequer permitiam a presença da mulher perto dele. Para eles, ali estava um ser que servia para servir. “Saia daqui!
Isso é conversa de homem. Onde já se viu uma mulher querer participar de conversa de homem?
Recolha-se ao seu lugar”. No caso, a cozinha, o banheiro ou o quarto, onde seu corpo seria servido em silêncio.
PRECONCEITO
O preconceito contra a mulher está mais aceso do que nunca. A desculpa é apenas uma intromissão diplomática, a quebra de um protocolo serve de pretexto para um linchamento virtual desproporcional. Janja é também o pretexto para quem não aceita a mulher como protagonista ou sendo respeitada no mesmo patamar dos homens.
RIGOR
Assim como todos, Janja comete seus erros, acertos, excessos. Mas o julgamento em relação ao que ela faz vem carregado de um rigor desproporcional. Tanto por homens, como por algumas mulheres. O rigor não é o mesmo referente aos homens. Isso é mistura de misoginia com preconceito e pitadas de inveja.
ALVO
Por trás da ‘gafe’ de Janja de se intrometer em uma conversa de homens, está o desfoque da questão principal, o extrato da viagem internacional. São 27 bilhões em investimentos da China no Brasil. Mas, é melhor falar da metida da Janja.