“O setor privado pode dar uma grande contribuição para reformulação da cidade no cenário político municipal”, declarou o presidente estadual do Podemos, Felipe Madruga, ao comentar as primeiras movimentações do partido focando as eleições para a sucessão na Prefeitura de Natal, em 2024. O dirigente afirmou que ainda não há um nome definido, mas que este certamente deve vir do setor privado, o que, automaticamente, descartaria a indicação do principal expoente do Podemos no Rio Grande do Norte, o senador Styvenson Valentim.
“O nome pode ser do setor empresarial. Estamos conversando, sem nada definido ainda, sobre um projeto para Natal com Gabriel Rocha, o presidente do Instituto Riachuelo e neto do empresário Nevaldo Rocha. Acreditamos que o setor privado pode dar uma grande contribuição para reformulação da cidade. São conversas e entendimentos iniciais, que serão levados para todos os integrantes do partido nos próximos meses, por isso, reitero que ainda é cedo para confirmarmos nomes”, afirmou ao Diário do RN.
Gabriel Rocha Kanner, tem 32 anos, já foi candidato a deputado federal por São Paulo, em 2018 e tem grande afinidade com o tio, Flávio Rocha, que foi deputado no RN, pré-candidato a presidente da República e é o controlador do grupo Riachuelo/MidWay.
Sem citar o nome de Styvenson Valentim como uma possibilidade para o partido ter uma candidatura própria à Prefeitura de Natal, Madruga crê que um candidato com visão empresarial muda as perspectivas do município e é uma opção importante para os eleitores natalenses que estão cansados de sempre ter que decidir entre nomes já conhecidos e até testados politicamente, que geralmente se apresentam como possibilidade de melhorias.
Ele defende que “política se faz com diálogo na base” e que, diante disso, o Podemos, que no início de dezembro incorporou o antigo Partido Social Cristão (PSC) – o que ampliou a bancada da agremiação no Congresso Nacional para 18 deputados federais e sete senadores e aumentará o acesso ao Fundo Partidário – conversará ainda com todos os partidos que já se pronunciaram e os que ainda se pronunciarão sobre a sucessão municipal.
“Trabalhamos baseados no entendimento e no respeito a todos e sempre queremos ouvir todos, por isso, também vamos conversar com as pré-candidaturas que já estão postas. Mas, entendemos que o atual cenário da capital tem espaço para um nome novo, com uma visão diferenciada, que possa trabalhar para a população com dedicação e atenção”, disse o dirigente partidário.
Styvenson ameaça se desfiliar do Podemos, se partido apoiar Lula
Senador eleito com quase 800 mil votos em 2018 e terceiro colocado nas eleições gerais deste ano, com pouco mais de 307,3 mil votos (16,8% dos votos válidos), o senador Styvenson Valentim vê a possibilidade de concorrer à Prefeitura Municipal de Natal em 2014, pelo Podemos, cada vez mais longe caso o partido confirme, de fato, a indicação de um nome vindo da seara empresarial para a disputa.
Envolvido em repetidos casos polêmicos – como quando fez comentários machistas sobre o acidente doméstico sofrido pela deputada federal Joice Hasselmann (PSDB) em 2021 e as acusações feitas pelo deputado estadual eleito e não diplomado Wendel Lagartixa (PL), de que o senador usava veículos oficiais, enquanto policial militar, para uso pessoal -, o senador voltou ao cenário jornalístico nesta quarta-feira (28) ao dizer que abandonará o Podemos caso o partido decida apoiar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assume a Presidência neste domingo (1º).“O Podemos, no Senado, não está fazendo qualquer tratativa no sentido de apoiar o governo com base em trocas, toma lá dá cá, que todos, eu em especial, rechaçamos. E, caso o Podemos insinue ou decida ser base do governo nessa situação, minha desfiliação é certa. Não faço parte de algo que eu não concorde. Mais ainda, que sou crítico ferrenho”, afirmou Styvenson, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte desta quarta-feira.
Sucessão em Natal já conta com cinco partidos interessados em concorrer
Apesar de ainda faltar quase dois anos para as eleições municipais de 2024, os bastidores políticos do Rio Grande do Norte vêm sendo bombardeados a cada dia com uma nova informação sobre possíveis pré-candidaturas à Prefeitura da Capital do Estado. De olho na cadeira hoje ocupada pelo prefeito Álvaro Dias (Republicanos), já são cinco partidos que confirmaram, até o momento, o interesse em disputar a vaga.
Entre eles, estão o PT, que cogita o nome da deputada federal Natália Bonavides, reeleita com mais de 157 mil votos em outubro passado; o presidente da Câmara Municipal de Natal, vereador Paulinho Freire (União Brasil), que se elegeu deputado federal pela primeira vez, com 77,9 mil votos e o deputado estadual eleito e não diplomado Wendel Lagartixa (PL), mais votado para a Assembleia Legislativa do RN, mas que teve sua diplomação suspensa por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por estar inelegível conforme o previsto no artigo 1º, I, e, 7, da LC 64/1990.
Há ainda o ex-prefeito da Capital, Carlos Eduardo Alves (PDT), que confirmou ao Diário do RN que disputará a corrida pelo Palácio Felipe Camarão, e que sendo vitorioso, estará à frente do comando da Prefeitura de Natal pela quinta vez. Derrotado na disputa pelo Senado Federal em outubro, ele voltou sua atenção para um terreno político em que já foi testado e aprovado por parte da população natalense; e o comunicador Bruno Giovanni (sem partido), que externou a possibilidade durante seu programa na rádio 96 FM, semana passada.
SEM RETORNO
A reportagem do Diário do RN tentou contato com o senador Styvenson Valentim por aplicativo de mensagens e por ligação telefônica nesta quarta-feira (28), para falar sobre o processo sucessório na Capital e sobre sua possível desfiliação do Podemos, caso este se torne aliado ao governo Lula, mas não obteve retorno algum do parlamentar.