A Polícia Federal vai oferecer a Silvinei Vasques um acordo de delação premiada, garantem fontes da corporação à Coluna. O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), preso nesta quarta-feira (09) por suposta interferência nas eleições de 2022, vai prestar depoimento amanhã, quando receberá a oferta.
O objetivo principal da corporação é ter detalhes reuniões às vésperas das eleições entre Silvinei, seu entorno e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo passado. E apurar, assim, se um auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro estava diretamente envolvido em uma suposta tentativa de frear votos que poderiam ser conferidos ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, hoje presidente.
Desde 2018, a Polícia Federal está autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a negociar e firmar acordos de delação premiada, o que antes era uma prerrogativa restrita ao Ministério Público.
A PF encontrou no celular da delegada Marília Alencar, que foi diretora de inteligência no Ministério da Justiça, uma conversa com o marido no dia 18 de outubro, às 17h12, em que ela revela estar em uma reunião no “GAB”. “Cara, eu tô em reunião séria do Excel no GAB”, disse a delegada. Para a PF, “Excel” é a planilha com os dados de cidades mais “lulistas”, onde seriam realizadas as operações; e “GAB” é o gabinete do ministro Anderson Torres.
No dia seguinte, 19 de outubro, segundo as mensagens encontradas pela PF, os policiais Adiel Pereira Alcântara, então Coordenador de Análise de Inteligência da PR, e Luís Carlos Reischak, então Diretor de Inteligência da instituição, conversaram por mensagens sobre “uma ação ostensiva” a ser realizada em 30 de outubro, data do segundo turno das eleições.
Nesse mesmo dia da conversa, dia 19 de outubro, Anderson Torres recebeu em seu gabinete Silvinei, Marília e Reischak. A PF reconhece que não é possível saber o conteúdo da reunião, mas cita nas investigações o que chama de “coincidências”.
Fonte: Estadão