Homem peregrinou por dois hospitais regionais no interior e, com a demora, ferida agravou e pé está comprometido
Após o encerramento das atividades do Hospital Dr. Ruy Pereira e a transferência e adequação para o Hospital Central Coronel Pedro Germano, na tentativa de suprir a demanda de remoções cirúrgicas, em 2022, a unidade ainda não é capaz de suprir a alta procura pelos atendimentos de amputações. Em uma fila de 150 pacientes antes da transição dos hospitais, o Estado abriu 30 novas vagas no Hospital da Polícia, que, ainda assim, mantém a superlotação na busca pela especialidade em amputações.
Um paciente, de Lucrécia, foi internado no Hospital Regional de Pau dos Ferros. Após a falta de exames da especialidade, foi transferido para o Hospital da PM – atual referência em amputações e atendimento para pacientes diabéticos, após o encerramento do Ruy Pereira. Porém, com a falta de leitos disponíveis, o paciente retornou para Pau dos Ferros. Antes a remoção era apenas o dedo do pé direito, mas o retorno ao hospital de Pau dos Ferros complicou ainda mais a lesão, pois a longa espera que se alastra há meses para o atendimento, ampliou o problema da remoção do dedo e comprometeu pelo menos ⅓ da perna, e ele segue aguardando regulação do hospital para vir à Natal.
Na regulação desses atendimentos, não há uma resposta concreta de quantos pacientes esperam pelo atendimento. A falta de disponibilidade de exames no hospital regional comprometeu a obstrução arterial na perna do paciente. A recomendação médica à família foi para que buscassem a Defensoria Pública do Estado para acelerar a regulação para que o quadro clínico do paciente não resultasse em seu falecimento.
O médico e deputado Getúlio Rego denuncia a falta de transparência a respeito das filas de regulamentações. “O Estado informou que são 200 pacientes nas filas, mas são bem mais de 700 pacientes em todo o RN”.
Um membro da família de Severina Machado, 72 anos, que não quis se identificar, relatou que sua avó em 2019 ainda teve o atendimento na unidade Ruy Pereira, a remoção do dedo direito dela não teve nenhuma assistência psicológica ou social, nem para a família e nem mesmo para a paciente, que com a idade avançada, sofreu um impacto psicológico muito forte e isso comprometeu a saúde mental dela. No ano de 2020, já na transição Ruy Pereira para o Hospital da PM, a alta demanda e superlotação não conseguiu salvar sua avó, que precisou amputar a perna desta vez, pois toda a circulação sanguínea tinha sido afetada por uma “topada”, simples, mas que para um pé de um paciente diabético, pode ser fatal. O Hospital da Polícia ligou meses após o falecimento da idosa para marcar a remoção cirúrgica, mas já era tarde demais para ela.