O eclipse anular, apesar de ter se tornado um grande evento para muitas pessoas que saíram de casa para o contemplar neste sábado (14), inúmeros casos de pessoas que observaram o evento sem a proteção necessária para evitar o contato direto com os olhos, um ato que ainda pode trazer danos à visão.
O Diário do RN conversou com o oftalmologista Jaime Martins, que trabalha no Hospital de Olhos de Parnamirim, local onde um dos primeiros casos de lesão após o eclipse foi divulgado já na segunda-feira (16), após exames, foi confirmada uma retinoplastia em uma jovem de 22 anos. A lesão consiste em uma queimadura nas camadas mais internas da retina, que pode ser identificada com os sintomas de piora na visão e o aparecimento de mancha branca no centro da visão.
De acordo com Jaime Martins, a jovem chegou se queixando de uma mancha branca e que disse realmente não ter protegido os olhos no momento em que observava o eclipse. Após o exame clínico, de ‘fundo de olho’ e já com a suspeita, também foram realizados exames como a retinografia e tomografia de coerência óptica para fechar o diagnóstico. Conforme ele explica, outros casos podem surgir, mas é comum que os sintomas sejam percebidos horas após o eclipse.
“Muitas pessoas acabam não procurando logo o médico oftalmologista por acreditar que é algo simples e que, aos poucos, vai voltando. Mas se for realmente uma lesão não é algo que vai passar tão rápido. Então, nos próximos dias ainda podem aparecer pacientes alegando baixa de visão sim”.
O especialista orienta quais devem ser um sinal de alerta para a população:
“A mais comum é a piora na qualidade da visão e observar uma mancha branca normalmente no centro da visão, o que chamamos de escotoma. Isso acontece quando a lesão acontece na retina, chamada de retinopatia ou maculopatia solar. Em alguns casos, menos graves, mas que podem acontecer, o fato de olhar diretamente para o sol pode cometer a córnea. Nesse caso, chamamos de ceratite fotoelétrico e os sintomas costumam ser vermelhidão, ardência, dor e olho seco”.
Jaime Martins ainda explica quais são os sinais de alerta para que a população busque com urgência por um médico: “Mancha branca ou escura na visão, dificuldade para enxergar, ardência, vermelhidão, olho seco de aparecimento logo após exposição dos olhos diretamente ao eclipse. Qualquer alteração na visão que tenha aparecido após a observação desse fenômeno, deve ser um alerta e precisa ser analisada por um oftalmologista”.
Ele atua há mais de 10 anos na especialidade e relata que casos como esses do eclipse não são tão comuns, mas que os médicos precisam estar preparados: “Em períodos como este, de um eclipse, sabemos que haverá inevitavelmente surtos relacionados a essa exposição”, finaliza.

