Protestante durante 25 anos, por meio das observações da participação dos evangélicos nas eleições, Gecionny Pinto, professor e historiador, decidiu escrever um livro sobre essa temática. A abordagem não é tão simples quanto parece, mas a ideia surgiu por meio de vivências: “Apesar de ter nascido numa família católica e sido catequista e pregador da Renovação Carismática na adolescência, acabei migrando para uma Igreja Protestante chamada Missão Evangélica Pentecostal do Brasil em 1997, posteriormente para a Igreja Batista Bereana antes de me tornar membro da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em 2001 na qual fui acolhido pelo Bispo Robinson Cavalcanti que era palestrante e escritor de renome nacional, autor do clássico: Cristianismo e política – teoria bíblica e prática histórica. Então, quando estava para concluir o curso de História da UFRN em 2006, minha professora Conceição Fraga me perguntou sobre o que eu gostava de ler, falei ‘Religião e Política’, assim comecei a fazer a pesquisa que gerou o livro”.
O trabalho acadêmico que culminou no livro intitulado Os Evangélicos e a política no Brasil, parte de um princípio de estudos que, conforme, Gecionny Pinto explica, a religião surge da necessidade de institucionalizar a fé cristã numa igreja: “Toda pessoa religiosa também é um cidadão e como tal é um ser político que vive numa sociedade. O que ocorre na política também lhe diz respeito. Agora a política partidária não era algo que os evangélicos participavam com tanta expressividade como depois da Constituinte de 1988”.
Após se aprofundar nos estudos correspondentes ao tema de política e religião, por meio dessas abordagens e segmentos, Gecionny Pinto afirma que com relação à política, ele acredita que apesar de ser legítima a participação do segmento evangélico nos processos eleitorais, é preocupante: “O chamado voto de cajado no qual o líder religioso procura manipular os fiéis a votar em determinados candidatos. Vemos o messianismo político (crença num salvador da pátria) como muito perigoso. O falso profeta seria o líder religioso que prega a adoração de outra pessoa que não seja nosso Rei e Senhor Jesus Cristo”.
Católico romano e ministro extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística (MESCE), Gecionny destaca que desde o início da humanidade havia uma ligação entre política e religião. “Acredito que não podemos negar a dimensão política da Fé. Já que Jesus foi crucificado por blasfêmia (se proclamar filho de Deus e por sedição política – ser aclamado como Rei dos judeus).
Além disso, Os Evangélicos e a política no Brasil, traz debates importantes, Gecionny destaca alguns tópicos pertinentes ao seu trabalho: “O livro traz reflexões importantes de como algumas comunidades evangélicas e seus representantes lidam como temas polêmicos como aborto, homossexualidade, legalização da maconha, entre outros”.
Uma abordagem que envolve estudos de política e religião
Gecionny não é mais anglicano, mas católico romano. Ele é professor de História e coordenador pedagógico da rede estadual, atualmente trabalha na Escola Estadual Professor José Mamede, em Tibau do Sul. O professor está se programando para um lançamento do livro em Natal e em Parnamirim, que segundo ele, tem a maior comunidade evangélica do Estado.
“Entrevistei os então vereadores evangélicos, o Bispo Francisco de Assis, Salatiel, Gilson Moura, Adenúbio Melo e Sargento Siqueira, bem como o então vice-governador Pr. Antônio Jácome. As entrevistas estão no anexo do livro. No livro eu mostro como o segmento evangélico cresceu no Brasil, especialmente o ramo pentecostal. Como e o porquê parte desse segmento tão avesso a política como o lema: crente não se mete em política passou a ser decisivo nas eleições com o lema: irmão vota em irmão”.
O livro está à venda na Livraria Gilgal no Shopping Via Direta ou através do site (https://www.livrarianglicana.com.br/). Além dos debates que o trabalho de Gecionny Pinto traz, ele ressalta que o que mais gostou de realizar durante o processo de pesquisa para o livro, foram entrevistas com a então bancada evangélica da Câmara Municipal de Natal, em 2006, assim como a participação dos evangélicos na eleição em que a disputa foi polarizada entre Carlos Eduardo e Luiz Almir.

