O Ministério das Relações Exteriores respondeu, nesta terça-feira (01), à revista britânica “The Economist” após uma reportagem do veículo fazer críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citando que o brasileiro perde influência no exterior e enfrenta a impopularidade interna. A decisão do Itamaraty de se manifestar sobre a publicação.
A carta assinada pelo chanceler Mauro Vieira reforça a posição do Brasil diante de conflitos e diz que a “autoridade moral do presidente Lula é indiscutível”.
“Poucos líderes mundiais, como o presidente Lula, podem dizer que sustentam com a mesma coerência os quatro pilares essenciais à humanidade e ao planeta: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo”, diz o documento.
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Na reportagem, a The Economist afirma que, sob Lula, o Brasil se distancia das democracias ocidentais e dos Estados Unidos. E critica o presidente brasileiro por não fazer gestos para buscar proximidade com o presidente americano Donald Trump. O texto cita como exemplo a condenação, pelo Ministério das Relações Exteriores, ao ataque dos Estados Unidos a complexos nucleares do Irã.
Na resposta ao artigo, o Itamaraty diz que o Brasil, sob Lula, não faz “tratamento à la carte do direito internacional nem interpretações elásticas do direito de autodefesa”.
“Como um país que não tem inimigos, o Brasil é também um coerente defensor do direito internacional e da resolução de disputas por meio da diplomacia. Não fazemos tratamento à la carte do direito internacional nem interpretações elásticas do direito de autodefesa. Lula é um eloquente defensor da Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra”, diz.
Na carta, o chanceler cita ainda “a posição do Brasil quanto aos ataques ao Irã e, sobretudo, às instalações nucleares é coerente com esses princípios”.
“Nossa condenação responde ao fato elementar de que essas ações constituem uma flagrante transgressão da Carta da ONU. Ferem, em particular, as normas da Agência Internacional de Energia Atômica, organização responsável por prevenir contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala”, argumenta.
Mauro Vieira cita ainda que, na gestão Lula, o Brasil condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia e ao mesmo tempo defendeu uma resolução diplomática do conflito, ainda em 2023.
O comunicado cita ainda a presidência de Lula G20 no ano passado, dizendo que o presidente “construiu um difícil consenso entre os membros” e criou uma “aliança global contra a fome e a pobreza”, além de apresentar uma “ousada proposta de taxação de bilionários que terá incomodado muitos oligarcas”.
O chanceler destaca ainda o Brics, cuja cúpula ocorre na próxima semana no Rio de Janeiro, e diz que a presidência brasileira atuará para fortalecer o grupo.
“O Brasil vê o Brics como ator incontornável na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico. Nossa presidência trabalhará para fortalecer o perfil do grupo como espaço de concertação política em favor da reforma da governança global e como esfera de cooperação em prol do desenvolvimento e da sustentabilidade”, diz a carta.
Por fim, a carta encerra rebatendo as críticas de que Lula perdeu a influência no exterior e diz que o presidente “não é popular entre negacionistas climáticos”, mas tem o respeito de humanistas de todo o mundo.
“Lula não é popular entre os negacionistas climáticos. Em face de uma nova corrida armamentista, ele está entre os líderes que denunciam a irracionalidade de investir na destruição, em detrimento da luta contra a fome e do aquecimento global”, afirma.
*Com informações da CNN