Ao longo dos anos, o maternar vem deixando de ser uma imposição social e se transformando em uma escolha mais consciente na vida das mulheres que, hoje em dia, colocam a carreira e os estudos em primeiro plano e a maternidade, surge como consequência dessas realizações. Sobre esse tema, a pesquisa mais recente divulgada pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística, em 2021, revelou que na última década, mulheres entre 36 e 39 anos engravidaram 63% a mais do que na década anterior, enquanto a queda de gravidez entre as mulheres com menos de 19 anos caiu mais de 23%.
“Hoje, com o desenvolvimento da reprodução assistida e com atenção à qualidade de vida, focando na prática de atividades físicas e alimentação nutritiva, a mulher tem mais possibilidades de escolher quando e como chegará a hora de optar por ser mãe. Num contexto social onde priorizar a carreira profissional e mudanças comportamentais são reais, a maternidade tem sido adiada, porém, com várias possibilidades de acontecer independente da idade, da paternidade ou com fatores que antes eram tabus”, afirma a cientista política, Débora de Castro, idealizadora do ‘Ellas em Movimento’. O projeto visa acolher, desenvolver e projetar marcas e projetos femininos, difundindo variadas informações indispensáveis a esse universo e traz em sua 4ª edição três profissionais especialistas em suas áreas: Bele Pimentel, especialista em treinamento na gestação e pós-parto; Edlene Castro, nutricionista especialista em nutrigenética e a médica especialista em reprodução assistida, Maria Luísa Capriglione e conta com a parceria da jornalista e publicitária, Suzy Noronha.
Sob a perspectiva de várias formas de maternar, Bele Pimentel destaca a importância de trazer esses debates à tona para mulheres e afirma que com as redes sociais, mulheres vêm se tornando cada vez mais reféns de uma maternidade romantizada. Mesmo que muitas mulheres possam escolher a maternidade e sintam-se prontas, no pós-parto, essa construção irreal da maternidade pode possibilitar a perda de identidade e fazer com que essa mulher se sinta perdida.
“As alterações hormonais no pós-parto desencadeiam sensações de fragilidade, ansiedade, irritabilidade e até choros repentinos. E essa mãe merece todo acolhimento da sua rede de apoio para lidar com esta fase, que é: o ouvir, ajudar, apoiar, o estar disponível, incentivar, ser presente e paciente com ela. Há muita romantização da maternidade circulando nos debates das redes sociais e isso é um ponto negativo porque exalta autocobrança e comparações, mas assim como a gestação, cada pós-parto também é único”.
Já a especialista em reprodução assistida, Maria Luisa Capriglione, ressalta que, cada vez mais, as mulheres estão se dedicando à vida profissional e postergando o início da vida reprodutiva.
“Surgiu um número de mulheres que desejam ser mães, porém não possuem parceiros. Além disso, com os novos formatos de família, a Reprodução Assistida encontra cada vez mais lugar nos dias de hoje. Para as mulheres solteiras, existe o recurso do congelamento de óvulos, em que ela consegue preservar sua fertilidade e postergar com mais tranquilidade a sua maternidade. E para casais homoafetivos, as técnicas de Reprodução Assistida podem ser úteis na escolha da maternidade: útero de substituição, doação de óvulos, banco de óvulos e semên”.
E mesmo com essas manifestações tão plurais para que mulheres que desejem iniciar a vida materna possam definir cada vez mais tarde os seus caminhos, de acordo com Edlene Castro, nutricionista especialista em nutrigenética, o processo não é fácil mesmo para quem deseja de forma ‘biológica’ gerar um bebê.
“Hoje sabemos do impacto genético nas alterações de DNA que envolvem a infertilidade tanto nas mulheres quanto nos homens. Durante a formação dos gametas masculinos, se houver alguma desregulação (por exemplo, o DNA não metilado – um mecanismo epigenético importante para a fertilidade) o perfil dos espermatozóides pode ficar alterado ou até mesmo ocorrer a ausência de espermatozóides no líquido seminal caracterizando um quadro de infertilidade masculina. Para minimizar os riscos de abortos e da ausência de metilação no DNA, a dieta tem que ser equilibrada com boas fontes de minerais e vitaminas, principalmente vitaminas do complexo B e prevenir outras carências nutricionais”.
Ellas em Movimento – 4ª Edição
A abordagem desta edição traz a reflexão sobre a atualidade e a maternidade como uma escolha que vai além da dúvida em optar ou não por ter filhos. E hoje, com o desenvolvimento da reprodução assistida e com atenção à qualidade de vida, com foco, na prática de atividades físicas e alimentação nutritiva, a mulher tem mais possibilidades de escolher quando e como chegará a hora de optar por ser mãe. O evento é gratuito e acontece nesta terça-feira, 14 de novembro, no bistrô Platter For You, às 16h, as pessoas interessadas devem entrar em contato pelo Instagram no projeto @ellasemmovimento.