A ex-presidente Dilma Rousseff teve a reeleição aprovada para o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco do Brics. O anúncio foi feito neste domingo (23) durante reunião anual do Fórum de Desenvolvimento da China, em Pequim.
Em seu discurso no evento, Dilma destacou avanços em projetos de cooperação entre Brasil e China, incluindo a ferrovia transoceânica, que pretende reduzir os custos de exportação entre os dois países.
A petista teve o cargo aprovado com o aval do presidente da Rússia, Vladimir Putin, uma vez que o país era o responsável pela indicação.
Em 2024, o presidente russo defendeu que o mandato da ex-presidente brasileira à frente do banco dos Brics fosse estendido. Ele ponderou que com as restrições ao país devido a guerra da Ucrânia poderiam comprometer a atuação de um russo no banco.
Putin também já elogiou a condução da brasileira no banco. Em junho do ano passado, Dilma esteve com o presidente russo em São Petersburgo. Na ocasião, ele a parabenizou pelo “progresso” do banco na atual gestão.
Dilma assumiu a presidência do banco em abril de 2023 com previsão de término do mandato em julho deste ano.
A visão também é de que a continuidade de Dilma é um gesto ao Brasil, além de uma solução para os russos. Eles podem mirar assumir a presidência mais adiante, quando as sanções talvez não estejam mais em vigor ou a questão da guerra na Ucrânia tenha sido superada.
A mesa de presidente e vice-presidentes do Banco do Brics é definida em rotatividade entre membros fundadores (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) do grupo. O banco foi criado em 2015 e financia projetos de infraestrutura e crescimento sustentável nos países-membros.
Ainda durante o final de semana, a ex-presidente do Brasil participou do Fórum de Desenvolvimento da China, encontro liderado pelo primeiro-ministro do regime de Xi Jinping, Li Qiang, com executivos de empresas internacional como Apple, Pfizer e Boeing.
Um dos temas centrais do encontro empresarial foi a taxação do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos importados. Dilma comentou a ameaça do republicano de taxar em até 100% os países do Brics caso o bloco substitua o dólar como moeda oficial.
A ex-presidente do Brasil ironizou: “Ele vai taxar a União Europeia (UE)? O euro é uma moeda alternativa”.
O bloco dos Brics tem como membros atualmente o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de integrantes que entraram recentemente como o Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. O banco liderado por Dilma tem como objetivo aprovar o financiamento de projetos nesses países incluídos no bloco.
Em setembro do ano passado, Dilma foi homenageada pelo ditador da China, Xi Jinping, com uma “medalha da amizade”, a mais alta honraria estatal concedida a estrangeiros, segundo a imprensa chinesa.
Esse tipo de homenagem é “dedicada àqueles que fizeram contribuições excepcionais para a modernização da China, promoveram intercâmbios e cooperação entre a China e o resto do mundo, e defenderam a paz mundial”.
Enquanto Dilma participa de eventos na China, Lula segue com agenda externa no Japão, onde pretende discutir com lideranças alternativas para reduzir os efeitos das tarifas anunciadas por Trump contra todas as importações que chegam aos EUA.
Dilma encontra deputados do MST em Xangai
Nos últimos dias, a ex-presidente brasileira também se reuniu com quatro deputados estaduais e vereadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na China.
Em uma publicação nas redes sociais, o MST disse que a conversa foi sobre os “desafios da agricultura camponesa no Brasil, o intercâmbio e a cooperação com a China na área agrícola, o papel do Banco e dos BRICS para a produção de alimentos”.
*Com informações de Agências Internacionais e da Gazeta do Povo