A desertificação no Seridó potiguar chegou ao estágio mais crítico de degradação ambiental e será tema de uma audiência pública marcada para esta quarta-feira (18), às 9h, na Câmara Municipal de Caicó, no Rio Grande do Norte. A região foi classificada com Nível 3 de degradação — o mais alto da escala, equivalente a áreas “quase desertas”.
O dado foi divulgado pelo Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN), em conjunto com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). Além do Seridó, apenas outras três regiões no país enfrentam esse nível de degradação: Gilbués (PI), Irauçuba (CE) e Cabrobó (PE).
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Segundo os órgãos ambientais, o Nível 3 indica áreas com solo exposto, vegetação quase inexistente e processos erosivos intensos. Entre as principais causas estão a extração de lenha para cerâmicas e energia, práticas agrícolas insustentáveis, mineração sem controle, queimadas, desmatamento da Caatinga e redução drástica dos recursos hídricos.
Municípios como Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Equador e Parelhas, no RN, e Patos e Santa Luzia, na Paraíba, já apresentam impactos visíveis da desertificação, que compromete a produção agrícola, acentua a pobreza e acelera o êxodo rural.
Palestra técnica e construção de plano emergencial
O destaque da audiência será a palestra da pesquisadora da UFRN, Dra. Meire Cavalcante, especialista em Caatinga com mais de 40 anos de atuação. Ela apresentará mapas, dados atualizados e projeções sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos do avanço da desertificação no Seridó.
A audiência pública é aberta ao público e contará com a participação de gestores municipais, parlamentares, ambientalistas, estudantes e representantes da sociedade civil organizada. O objetivo é iniciar a construção de um plano emergencial de enfrentamento à desertificação, articulado entre diferentes setores.
“O Seridó é o retrato de um modelo de exploração predatória que se esgotou. Precisamos virar essa chave e apostar em soluções sustentáveis”, afirmou o superintendente do IBAMA no RN, professor Rivaldo Fernandes.
O evento tem apoio do IBAMA-RN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Federação das Indústrias do RN (FIERN) e da Fundação Verde Hebert Daniel.