MACAU E AS OPORTUNIDADES PERDIDAS
Hoje, peço licença às minhas leitoras e meus leitores para focar especificamente em minha terra Macau e poder relatar as oportunidades perdidas pela Terra do Sal ao longo dos seus quase 150 anos. O município de Macau já contou com mais de 31 mil habitantes e hoje, segundo o IBGE, tem uma população decrescente de 28.384 habitantes e por isso mesmo viu a composição do seu poder legislativo municipal reduzido de 13 para 11 vereadores.
O município se tornou famoso por ser o maior produtor de sal do Brasil, condição essa que hoje divide com Mossoró, segundo dados do Sindicato Patronal dos Salineiros. Pois bem, no auge de sua produção salineira ainda sob as chibancas, carros de mão e calos nos ombros dos salineiros, o município chegou a agregar quase 5.000 trabalhadores, que vinham principalmente dos municípios de Pendências, Alto do Rodrigues, Pedro Avelino e Afonso Bezerra, numa só colheita.
A década de 1970 prometia muito para o desenvolvimento do município de Macau. Início dos anos 70, veio a mecanização das salinas que levou quase todos os trabalhadores de salinas a optar pela agricultura na região, enquanto se falava também na modernização do transporte marítimo com a possibilidade de a região contar com o seu Porto para levar a produção salineira para o sul do país, pois havia uma previsão do aumento da produção, que se concretizou.
Os primeiros estudos indicavam que esse Porto Salineiro deveria ser construído no Lamarão, localidade de maior profundidade onde os navios já atracavam para receber a produção salineira de Macau trazida para o local em barcaças de madeira a uma distância de cerca 8 milhas marítimas. Deu errado para Macau, que perdeu a força de mais de 10 sindicatos de trabalhadores, pois influências políticas encontraram a solução de levar o chamado Porto-Ilha para as águas profundas nas imediações do município de Areia Branca. Era a primeira oportunidade perdida para Macau.
Em 1973, sob os mais profundos sigilos, se descobre petróleo na costa marítima de Macau. E aí surgia o Campo de Ubarana que mais tarde veio trazer royalties de petróleo ao município sem, contudo, trazer estrutura capaz de proporcionar o desenvolvimento da região polarizada por Macau. Uma nova oportunidade perdida.
Em 1975, o município celebrava o seu primeiro Centenário de Emancipação Política e também a informação da implantação da empresa Álcalis do Rio Grande do Norte – ALCANORTE, uma subsidiária da Companhia Nacional de Álcalis instalada em Arraial do Cabo-RJ, com o propósito de fabricar barrilha, uma mistura de sal e calcário, que abasteceria várias indústrias no país, inclusive na fabricação de componentes da aviação. Seria a redenção econômica não só da região, mas de todo o RN. Veio uma nova decepção para quem apostava que Macau seria o Polo de Desenvolvimento da Região, pois o empreendimento sugou milhões de reais da União e não saiu do papel.
Nesse ínterim, surgem possibilidades de se desenvolver estudos para o aproveitamento industrial das chamadas águas-mães de salinas que teriam um potencial para a indústria química, sem falar também nos estudos desenvolvidos pela UFRN para detectar a existência do lítio – componente químico principal no fabrico de baterias – no sal marinho de qualidade produzido em Macau, considerado um dos mais puros. Até o momento, nada de positivo foi anunciado nessas duas áreas.
E assim, o município de Macau que perdeu todas essas reais oportunidades aguarda, nesse momento, pelo projeto Alto dos Ventos que objetiva investir bilhões de reais na região no aproveitamento das energias limpas. É uma nova oportunidade para Macau.
INDÚSTRIA
A indústria salineira em Macau, liderada pela Salinor pertencente a grupo empresarial carioca, está emponderada. Milhões de toneladas de sal rendem reais em abundância na venda do produto para a indústria nacional e milhares de dólares entram nos cofres das empresas que vendem o sal no mercado exterior.
RETORNO
De todas essas vendas do sal, o retorno para Macau é quase nada, a não ser o ICMS, que tende a cair com a Reforma Tributária, a partir de 2030.
RETORNO 2
Empregos minúsculos com salários irrisórios chamam a atenção do único sindicato que conseguiu sobreviver ao império do capital. Nem mesmo o chamado ISS – Imposto Sobre Serviços, pago pelas empresas salineiras diretamente ao município, escapou, e teve sua isenção/redução negociada e legalmente aprovada, não se sabe como, pela Egrégia Câmara Municipal.
INVESTIMENTO
A Salinor e a Henrique Lage, as principais empresas salineiras, não contribuem com a infraestrutura do município e olhe que já investiram, quando há cerca de 20 anos apareciam como mantenedoras do Hospital Antônio Ferraz. Desde 2005, nem isso. Só sugam.