WALTER, O SILÊNCIO QUE GRITA
No tabuleiro político do Rio Grande do Norte, o movimento de peças mais aguardado não é um ataque frontal, mas um distanciamento estratégico. O vice-governador Walter Alves (MDB) parece ter iniciado um processo de “desembarque silencioso” do bloco governista, um movimento que, embora cause estranheza aos olhos desatentos, é o desfecho natural de uma aliança marcada mais pela conveniência de sobrevivência do PT do que por uma convergência programática real.
Para entender o presente, é preciso revisitar 2022. Naquela época, a reeleição de Fátima Bezerra era um projeto sob intensa ameaça, com índices de rejeição que superavam os 60%. O PT, historicamente crítico aos ALVES, viu-se obrigado a engolir o pragmatismo: sem a musculatura política de Walter Alves e a força legislativa de Ezequiel Ferreira (PSDB), o Governo do Estado seria um sonho distante. A oposição tentou seduzir Ezequiel, mas o pacto MDB-PSDB manteve-se firme ao lado de Lula e Fátima, garantindo a vitória que hoje o PT parece subestimar.
Durante os primeiros três anos da segunda gestão, Walter e Ezequiel atuaram como bombeiros de luxo. Foram os fiadores da estabilidade em uma Assembleia Legislativa muitas vezes hostil e em um governo desgastado por crises fiscais. Walter, em especial, aceitou o papel de coadjuvante.
Somente agora, em 2025, é que o governo acenou com espaços na CAERN (somente a presidência) e em secretarias como Desenvolvimento Econômico e Assuntos Federativos.
Entretanto, a fatura do reconhecimento chegou com juros. O distanciamento atual de Walter Alves fundamenta-se em três pilares críticos: 1) A insustentabilidade financeira: O estado atravessa um momento fiscal delicado. Assumir o governo com a renúncia de Fátima em 2026 — para que ela dispute o Senado — pode significar para Walter herdar um “presente de grego”, gerindo uma máquina travada e com pouca margem de investimento. 2) A Teimosia do PT: A insistência na candidatura de Cadu Xavier ao governo, nome que ainda não decolou nas pesquisas, é lida pelo grupo de Walter e Ezequiel como uma falta de reconhecimento ao potencial eleitoral de quem segurou a alça do caixão nos momentos de crise. 3) A Voz das Bases: Prefeitos aliados de Walter e Ezequiel reclamam do tratamento recebido pela atual gestão e já sinalizam que o caminho com o PT pode ser estreito demais para as pretensões do MDB em 2026.
O distanciamento de Walter Alves não é apenas um capricho pessoal; é um cálculo de sobrevivência política. Ao ignorar que a vitória de 2022 passou obrigatoriamente pelo pacto MDB-PSDB, o PT arrisca isolar-se em um momento em que a gestão estadual carece de fôlego popular.
Se Walter decidir não assumir o governo e romper definitivamente, o PT terá que explicar ao eleitor como transformou aliados vitais em adversários de conveniência. No xadrez potiguar, quem despreza o peso das alianças costuma levar o xeque-mate da própria arrogância.
CORRIDA
Tem sido intensa a corrida para a formação de nominatas com candidatos a deputado federal. A percepção é que os atuais deputados – João Maia, Benes Leocádio, Sargento Gonçalves, Fernando Mineiro, Girão, Natália Bonavides, Robinson Faria e Carla Dickison – hipoteticamente, serão reeleitos.
MUDANÇAS
Essa percepção é em função de que os atuais ocupantes de cadeiras na Câmara dos Deputados têm trazido muitas verbas para os municípios, através das emendas parlamentares, e isso ajuda, e muito, em suas reeleições.
ARRISCANDO
Para analistas do quadro político atual, apenas dois detentores de mandato do RN na Câmara Federal podem ter suas reeleições ameaçadas que são a deputada Carla Dickison e o deputado Sargento Gonçalves.
PLEITO
Portanto, é que candidatos novatos que buscam integrar nominata para disputar vagas na Câmara dos Deputados acreditam nessa possibilidade de eleição, a exemplo da vereadora Thábata Pimenta (PSOL) que quer disputar uma das vagas dentro da Federação PT/PV/PC do B.
Ela terá que mudar de sigla ou aguardar que o seu partido, o PSOL, integre essa mesma Federação.
CANDIDATURAS
Mesmo pleiteando disputar outros cargos, os ex-prefeitos de Natal, Carlos Eduardo e Álvaro Dias, poderão integrar essas nominatas para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Atualmente, ambos estão sem definição a qual cargo irão disputar.
CARLOS
O ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD) tem aparecido bem nas pesquisas para o governo do estado, mas já há congestionamento para essa vaga. No caso, o ex-prefeito poderá ser candidato ao Senado Federal, a vice-governador, à Câmara dos Deputados ou a Assembleia Legislativa.
ÁLVARO
Já o ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos) sustenta ser candidato ao Governo do Estado, mas dentro do seu bloco já tem o senador Rogério Marinho (PL). Caso Rogério que a abdicar da disputa, Álvaro realizará o seu sonho. Caso contrário, o ex-prefeito será candidato a vice-governador, ao Senado ou a Câmara Federal.

