CENÁRIO DE ALTO RISCO PARA WALTER ALVES
O vice-governador Walter Alves (MDB) está prestes a encarar um desafio que pode muito bem definir (ou, pior, comprometer) toda a sua carreira política. Com a anunciada renúncia da governadora Fátima Bezerra (PT) em abril de 2026 – motivada pela disputa por uma das duas vagas no Senado Federal –, Walter Alves assumirá definitivamente o comando do Rio Grande do Norte por nove meses. No entanto, o que o espera é um cenário de finanças combalidas, um verdadeiro campo minado fiscal.
O sinal de alerta mais recente e grave veio da própria base aliada. Ao apresentar a proposta orçamentária para 2026 na Assembleia Legislativa, o líder do governo, deputado Francisco do PT, admitiu sem rodeios a previsão de um déficit de R$ 1 bilhão na peça. Outras fontes falam em um rombo que pode chegar a R$ 1,7 bilhão. É um buraco colossal, que atesta as dificuldades atuais e projeta um futuro financeiro pra lá de nebuloso.
A verdade é que a gestão Fátima Bezerra tem navegado em águas turbulentas quando o assunto é cumprir suas obrigações mais básicas, como o pagamento da folha de pessoal em dia. O noticiário local é pródigo em relatos sobre a necessidade de se recorrer constantemente a manobras e recursos extraordinários, principalmente junto ao governo federal parceiro do PT.
Para dar conta do dia a dia e evitar o atraso nos salários, mesmo concedendo aumento salariais acima de sua capacidade, o Governo do Estado tem se valido de duas fontes principais de “socorro”: 1) A dependência de repasses e apoios do Governo Federal (um alívio, mas que denota a falta de capacidade de receita própria) e 2) A recente e questionável antecipação do ICMS de empresas que fazem parte do PROEDI – uma espécie de “venda” de receita futura que injeta dinheiro no caixa agora, mas compromete severamente a funcionalidade das empresas e também a arrecadação estadual dos próximos meses, isso sem contar a recorrer a rubricas orçamentárias que são partilhadas com os municípios.
Assumir o RN com um déficit bilionário projetado, com a arrecadação comprometida pela antecipação de impostos, com obrigações junto aos municípios que também tem suas finanças combalidas, com a obrigação de honrar a folha de pagamento em um ano de campanha e a pressão de sempre pelo aumento de salários, é o que o mercado político já chama de uma verdadeira “bomba-escorpiões” nas mãos de Waltinho.
Os nove meses de gestão complementar de Walter Alves não serão apenas um período de transição: serão uma prova de fogo. Uma gestão turbulenta, marcada por dificuldades para pagar servidores, fornecedores e manter os serviços essenciais, pode facilmente comprometer toda a sua credibilidade e capital político – tudo o que ele construiu ao longo de sua trajetória – fazendo o inverso da carreira política vitoriosa de seu pai, Garibaldi Alves Filho.
O dilema é cruel: o vice-governador terá que conciliar a necessidade de manter a máquina pública funcionando com a busca por soluções urgentes para um rombo bilionário, herdado de uma gestão que sai de cena para buscar a cadeira no Senado. A maneira como Walter Alves irá gerenciar essa crise fiscal, em plena visibilidade e sob a lupa eleitoral, será, sem dúvida, o tema central da política potiguar em 2026. Será pressão máxima.
ENCRUZILHADA
O que é pior: estar numa “encruzilhada”, sem saber o caminho a tomar; ou enfrentar a chamada “sinuca de bico”? Pois essa é a situação de Waltinho, que vê se aproximar o mês de abril e ainda não tem uma definição tomada. Enfrentar ou não o “furacão” dos próximos 9 meses?
DEMONSTRAÇÃO
Walter Alves tem demonstrado que não tem ambição pelo poder, a qualquer custo. Nem se arriscou a enfrentar a eleição para governo, nem muito menos está animado para ser o próximo Governador com a “bomba-escorpiões” em suas mãos.
OPÇÕES
Waltinho tem a opção de formar uma nominata no MDB, considerado o maior partido do estado com mais de um terço de prefeitos, e se eleger deputado federal. Mas sabe que ele é que teria as melhores condições de eleição, em caso de apenas uma vaga garantida.
ALTERNATIVA
Ele pode optar por essa opção e se elegendo, ser alternativa do MDB para ocupar cargo de destaque no próximo governo e, assim, o primeiro suplente do MDB/RN assumiria a cadeira.
ESTADUAL
Ser candidato a deputado estadual pelo MDB é uma outra alternativa e demonstra, mais ainda, a falta de apego pelo poder. Optando por ser candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa, Waltinho iria ajudar a eleger mais deputados estaduais na sua legenda.

