CONSEQUÊNCIAS INIMAGINÁVEIS
A relação entre os Estados Unidos e o Brasil, historicamente pautada por laços estratégicos, parece ter a prevalência de uma guerra de egos que ameaça gerar consequências imprevisíveis.
Em meio a acusações e decisões controversas, os protagonistas desse embate – Donald Trump, Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes – parecem ter contribuído para um cenário de tensão que transcende as fronteiras políticas.
Donald Trump, em sua postura irascível, gerou alarme ao condicionar a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras à exigência de um tratamento diferenciado para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa atitude, vista como uma interferência inaceitável na soberania brasileira, expôs a face perigosa da diplomacia de Trump, onde o interesse nacional pareceu ser subjugado a preferências pessoais. A tentativa de utilizar a economia como ferramenta de pressão política, privilegiando um lado em detrimento do outro, é um erro que pode reverberar por muito tempo nas relações comerciais e diplomáticas entre os dois países.
Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao desafiar os Estados Unidos na reunião do BRICS, também contribuiu para escalar a tensão. Embora a busca por maior autonomia e multipolaridade seja legítima, a forma como a confrontação foi orquestrada pode ter sido um cálculo equivocado, reforçando a percepção de uma polarização que só beneficia a instabilidade.
A retórica desafiadora, em vez de buscar pontes, arrisca aprofundar abismos e comprometer negociações futuras que seriam cruciais para o desenvolvimento e a estabilidade regional.
No cenário interno brasileiro, a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem sido alvo de críticas por parte de juristas que apontam uma possível perseguição política a Jair Bolsonaro. As atitudes do ministro, vistas como excessivas por alguns, levantam questionamentos sobre os limites da atuação judicial e a garantia do devido processo legal. A percepção de que decisões jurídicas estariam sendo influenciadas por vieses políticos minam a confiança nas instituições democráticas e alimentam a polarização que tanto tem fragilizado o ambiente político brasileiro, uma vez que observadores descrevem como um “compadrio” ou alinhamento excessivo entre o Poder Executivo, representado pelo governo Lula, e o Superior Tribunal Federal (STF). Essa percepção, independentemente de sua veracidade, tem gerado consequências internas para a harmonia e o equilíbrio entre os três poderes da República, inclusive dividindo cada vez mais a população brasileira.
Em suma, a conjunção desses fatores – a diplomacia constrangedora de Trump, a retórica desafiadora de Lula e as ações do STF – cria um caldo de cultura propício para uma crise sem precedentes. A prevalência dos egos sobre a razão, a busca por ganhos políticos em detrimento da estabilidade das nações e a erosão da confiança nas instituições são ingredientes de uma receita para consequências verdadeiramente inimagináveis, que podem custar caro à democracia e ao bem-estar de milhões de pessoas.
ESTADÃO
Em seu editorial da edição de ontem, segunda-feira, 21, o jornal Estado de São Paulo abriu o seu editorial “Brasil paga a conta da imprudência de Lula”, com esse ensaio: “Sairá cara a decisão de Lula de alinhar o Brasil à China e à Rússia a pretexto de fortalecer o Brics contra os EUA de Trump. Mas há uma saída para evitar o prejuízo: abandonar o bloco”. O mesmo editorial, criminaliza a atitude de Jair Bolsonaro nesse episódio do tarifaço.
ESTADÃO 2
Logo no início de seu editorial, o Estadão faz a observação: “Muito ainda pode ser dito sobre a irresponsabilidade de Jair Bolsonaro, que, para se livrar da cadeira e continuar com o seu projeto golpista, fez lobby nos EUA para\ que o presidente Trump viesse em seu socorro, ao custo de inestimável prejuízo para a economia brasileira, ameaçada por um tarifaço americano. Só por isso, o nome de Bolsonaro já está gravado no panteão dos maiores traidores da pátria que esse país já teve”.
REGRESSÃO
Segundo estudos publicados pelo jornal Valor Econômico, “O Brasil regrediu da 48ª para a 87ª posição no ranking de PIB per capita em paridade de poder de compra (PPC) do Fundo Monetário Internacional (FMI), aproximando-se perigosamente da metade mais pobre do mundo”.
SERQUIZ
Em recente artigo, o presidente da Fiern, Roberto Serquiz focalizou as consequências do tarifaço de Trump para com a economia potiguar: “A indústria salineira, por exemplo, exporta cerca de 600 mil toneladas por ao ano para os EUA e emprega aproximadamente 4,5 mil pessoas no RN. Já a pesca oceânica, sobretudo, de atum gera cerca de 1 mil empregos diretos e 4 mil indiretos e tem quase a totalidade de sua produção voltada para exportação aos EUA”.