SOMOS TODOS CONIVENTES
No campo eleitoral, hoje o Brasil está dividido. Seja por optar por nomes – e no caso os destaques ficam para Lula e Bolsonaro – ou por ideologia com marcas acentuadas para a esquerda e para a direita. Quem não navega numa dessas duas vertentes é uma minoria. Isso é incontestável.
Foi com o surgimento do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, através de artistas, intelectuais, católicos ligados à Teologia da Libertação e sindicalistas que a esquerda ideológica no Brasil foi se consolidando. O PT surgira como um partido sem vícios, sem amarras, sem aceitar composições políticas, completamente diferente dos demais. Era o partido imaculado que em 1989 disputou a sua primeira eleição presidencial com o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva enfrentando e sendo derrotado por Fernando Collor de Mello. Depois, sem abandonar o radicalismo, vieram outras derrotas até que surgiu a ideia do “Lulinha, paz e amor” para ganhar a primeira eleição de presidente da República.
Daí para frente, Lula esteve sempre como um líder incontestável, habilidoso e sempre disposto a fazer composições mesmo sem perder, o PT, seu partido, a postura ideológica de esquerda, a postura de imaculado, até surgir o escândalo do “Mensalão”, denunciado pelo então deputado Roberto Jefferson, em 2005, que assegurava ter “o Partido dos Trabalhadores pagou R$ 30 mil por mês a vários deputados para votar em projetos de seu interesse que tramitava na Câmara dos Deputados”.
Caiu a máscara. O PT era tão corrupto quanto aos demais partidos a que ele acusara, mas o líder maior, Lula saiu ileso e ganhou outras eleições presidenciais, até se tornar inelegível por conta também de corrupção no escândalo do “Petrolão”, confirmado por seus próprios correligionários, a exemplo de Pallocci. Ficou inelegível, mas continuo e continua líder. Aliás, Lula é o maior líder político, bem maior que o PT.
Em 2018, numa nova eleição presidencial e sem a participação de Lula – então preso e inelegível – surgiu a figura do capitão Jair Bolsonaro, que apesar de pouca gente conhecer esse nome já tinha mandatos eletivos de deputado federal, para disputar o pleito enfrentando o PT. E aí aconteceu uma nova derrota do Partido dos Trabalhadores e o surgimento da direita ideológica.
Jair Messias Bolsonaro, eleito presidente da República assume a liderança da direita e da extrema-direita no Brasil e sem qualquer habilidade política foi somando atritos com a imprensa, com o Congresso Nacional – mesmo que depois se adaptou às exigências – e com a cúpula do Judiciário. Tudo isso em menos de quatro anos de mandato.
Bolsonaro constituiu adversários poderosos, mas se manteve líder até que se tornou também inelegível não por corrupção, mas por deixar rastros ao preparar um golpe contra a democracia.
Mas continua líder.
E nós aqui, somos todos coniventes com os atos dos líderes que criamos.
GRAVIDADE
São graves as colocações que o Tribunal de Contas da União vem alertando para a situação econômica do país, a partir de 2027. Nos estudos feitos, o TCU diz que “As práticas (do governo) identificadas representam ameaças à integralidade, transparência e sustentabilidade do regime fiscal brasileiro”.
GRAVIDADE 2
Em continuação, no documento, o TCU explicita: “A proliferação de mecanismos extraordinários pode resultar: 1) na perda de credibilidade das contas públicas; 2) desequilíbrio fiscal persistente; 3) elevação da taxa de juros como reação à imprevisibilidade fiscal.
GRAVIDADE 3
“Tais práticas podem comprometer os princípios orçamentários da universalidade, legalidade e transparência, além de entornar as regras fiscais em vigor”, alertam técnicos do Tribunal de Contas da União. E ressaltam “que risco fiscal pode provocar desvalorização do real, elevar a inflação e estimular a fuga de investimentos do país”.