Por Larissa Barbosa
Fundada em 2005 e administrada pela Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer (RFECC), a Casa de Apoio Irmã Gabriela, localizada nas Quintas-Natal/RN, oferece estada de forma gratuita para 50 pacientes do interior do estado do Rio Grande do Norte em tratamento oncológico na Liga Contra o Câncer. A instituição oferece não só o básico como alimentação, dormitórios e transporte, como também presta todo apoio e suporte emocional necessário no processo delicado que é o tratamento oncológico.
Luíz Severino, de 78 anos, chegou a cerca de um mês: “Aqui é uma benção divina […] O acolhimento aqui é fora de série”. Mesmo com pouco tempo de estadia, Luíz já está familiarizado com algumas das atividades de lazer fornecidas, como as de entretenimento todas as quintas-feiras, e os passeios mensais a pontos turísticos da cidade.
A instituição Irmã Gabriela também possui um bazar e, todo o dinheiro arrecado é direcionado para os gastos da Casa e necessidades dos pacientes, como a compra de medicamentos para aqueles sem condições e a produção manual de próteses mamárias para doação, que são itens importantes para renovar a autoestima de mulheres mastectomizadas.
DEPARTAMENTO DE ACOLHIMENTO
Além de muitos profissionais envolvidos nos trabalhos, pelos corredores da Casa também circulam muitos voluntários. Entre eles, a “turma do cafezinho” que é um dos grandes responsáveis por fazer as pessoas conhecerem o trabalho da Casa de Apoio. O cafezinho oferece aos pacientes um lanche reforçado nas 3 unidades da Liga, de forma gratuita, com direito a café, chá, leite, biscoitos doces e salgados e até canjicão.
As voluntárias também trabalham fora da Casa, com a equipe “Posso ajudar?”, que atua no CECAM (Centro Avançado de Oncologia), orientando e conversando com os pacientes. Uma equipe de apoio espiritual visita os leitos do hospital Dr. Luiz Antônio.
HISTÓRIAS INPIRADORAS
A voluntária Amanda Albuquerque, a presidente Magna Maria e a paciente da Liga Aparecida Polícia, tem histórias em comum durante e após o tratamento contra o câncer. As três pacientes oncológicas conheceram e foram tocadas pelo trabalho da Casa Irmã Gabriela através do “cafezinho”.
Amanda Albuquerque
Durante a quimioterapia para tratar um câncer de mama, o cafezinho foi a ponte para conhecer o trabalho da Casa Irmã Gabriela e querer se envolver no projeto. “Quando eu terminar o tratamento, eu vou fazer isso aí”. Foi assim que, em 2017, Amanda ingressou como voluntária, com o intuito de participar da equipe do cafezinho nas unidades da Liga, mas se apaixonando e abraçando mais responsabilidades dentro da instituição “É uma missão que eu tenho, proporcionar ao paciente o melhor que eu puder”.
Magna Maria
Aposentada desde 1999, devido a um câncer na tireoide, passou por diversos tratamentos e cirurgias. Avistou o cafezinho no CECAM e recebeu as visitas das voluntárias durante sua internação no hospital Dr. Luiz Antônio. Assim, o desejo de contribuir nesse projeto foi crescendo e, em 2005, começou servindo o café e realizando visitas. Buscando sempre a melhoria para os pacientes, se tornou a presidente da RFECC em 2016, e segue sendo até hoje. “Eu sou muito feliz de vir para cá. Eu não me canso! Deus já tinha falado comigo que eu ia me aposentar muito jovem, e isso me assustou […] E ele queria que eu fizesse um trabalho para Ele”, afirma.
Aparecida Polícia
Em março de 2022, durante um exame de cintilografia, Aparecida Polícia de 54 anos foi tomada pela aflição, pelo medo e pela fome. Quando deixou a companhia dos seus parentes na recepção e foi para sala de exames, o desespero se alastrou. Foi então que ela ficou observando o carrinho do cafezinho e, após minutos ali, quieta e envergonhada, aceitou o lanche oferecido pelas voluntárias. Foi nesse momento que surgiu a luz no fim do túnel. “Naquela hora eu disse: meu Deus, eu vou sair dessa, e quando eu tiver bem, eu vou fazer uma campanha para ajudar essas mulheres”, conta. 1 ano e 3 meses se passaram e, em 16 de setembro de 2023, chegou à Casa de Apoio Irmã Gabriela uma grande doação de alimentos, incluindo café, aveia, biscoitos doces e salgados, 20 litros de leite e entre outros, arrecadados e doados por Aparecida Polícia, hoje curada do câncer.