HERBERT MARTINS: UM MESTRE DO MOSAICO, DO RETRATO E DA MEMÓRIA SALINEIRA
BIOGRAFIA
Herbert Martins Bezerra, nascido em Macau no dia 07 de abril de 1977, é um daqueles artistas que conjugam talento e dedicação com a responsabilidade histórica de preservar, através da arte, a memória de uma cidade. Filho de Manoel Martins Bezerra e Ida Martins da Silva, casado com Iraneide Martins e pai de Ítalo e Ícaro, Herbert carrega no sangue o vínculo com sua terra e nas mãos o dom raro de expressar o belo em múltiplas linguagens: mosaico, caricatura, retrato e música.
Desde cedo mostrou inclinação pelas artes plásticas, ainda nas escolas Padre João Penha e Edinor Avelino. Em 1993, um feito raro: teve sua carteira profissional assinada como artista plástico pela Prefeitura de Macau. Vencedor do 2º Salão de Artes da cidade em 1999, é também professor de Teologia, músico clarinetista (inspirado pelo tio Ilo Martins da Silva, poeta e músico), desenhista técnico e ilustrador de livros de poetas locais. Hoje integra a Academia Macauense de Letras e Artes, ocupando a Cadeira 17, cujo patrono é Helvécio Barros.
TALENTO RECONHECIDO
Herbert possui uma capacidade singular de transitar entre diferentes estilos com profundidade técnica e sensibilidade estética. Seus retratos realistas em grafite são impressionantes, pela precisão e expressão quase fotográfica. Ao mesmo tempo, domina a caricatura — arte que praticava com mais frequência no passado, mas que ainda realiza sob demanda. A caricatura, arte que remonta ao século XVII com Carracci, ganha em Herbert um toque regional, de humor sutil e observação aguda.
UM MOSAICISTA COM TRABALHOS BELÍSSIMOS
Sua atuação como mosaicista, no entanto, é talvez o traço mais visível e duradouro na paisagem urbana de Macau. Utilizando fragmentos de cerâmica e outras matérias-primas, Herbert criou painéis como o da Praça do Pescador (2003), o da Filarmônica Monsenhor Honório e o grande mosaico ao lado da delegacia, com 72 metros quadrados. Cada obra reflete não apenas técnica apurada, mas amor pela cidade. Como ele mesmo desenvolve no projeto “Resgatando Nossa História”, sua missão é reviver os prédios antigos da cidade em maquetes eletrônicas tridimensionais — um trabalho de arqueologia visual que honra a arquitetura salineira.
OBRAS DE DESTAQUE


Entre suas obras pictóricas, destacam-se: Moinho dos Ventos, Antigo Prédio do SESI, O Salineiro, Pontal do Anjo e Escultura, além das representações digitais da Prefeitura de 1940, do sobrado da família Carielo e da escola estadual Duque de Caxias. Expôs em 2004 na Caixa Econômica Federal e foi entrevistado pela revista Preá no mesmo ano. Como reconhecimento por sua contribuição artística e cultural, recebeu menção honrosa de Patrimônio Imaterial do RN.
CONHECER A OBRA PARA IMORTALIZAR O ARTISTA
Como colunista e pesquisador das artes visuais potiguares, não posso deixar de recomendar a quem ainda não conhece a obra de Herbert que a descubra. Artistas como ele vivem muitas vezes fora dos circuitos centrais da arte, mas são pilares da identidade estética de um povo. A beleza, a memória e a resistência que ele imprime em cada obra são, ao mesmo tempo, um gesto artístico e um gesto de amor por Macau.
Herbert Martins é, sem dúvida, um dos grandes mestres das artes do Rio Grande do Norte. Pesquisem-no. Divulguem-no. E, sobretudo, celebrem-no.