MARIA DULCE: ENTRE A NATUREZA MORTA, O PAISAGISMO E O ABSTRATO
SOBRE A ARTISTA
Maria Dulce da Cruz Gomes, nascida em 29 de junho de 1943, em Taipu (RN), é filha de Antônio Ferreira da Cruz e Maria de Deus Barbalho da Cruz. Desde jovem, participou ativamente de movimentos católicos, como a Juventude Agrária Católica e a Juventude Estudantil Católica, além de integrar atividades folclóricas. Assinando suas obras como Madu, ela conta que sua paixão pelas cores surgiu ainda na infância, quando, ao escolher um presente entre as mercadorias trazidas por mascates em seus burrinhos com caçuás, não hesitava: queria sempre uma caixa de lápis de cor. Foi nesse gesto simples que começou a se revelar sua sensibilidade artística.
APRENDIZADO E FORMAÇÃO
Embora tenha participado de diversos congressos e jornadas sobre arte, inclusive internacionais, Maria Dulce se considera autodidata. Sua sede de conhecimento a levou a colecionar livros e materiais sobre História da Arte, que estudava com dedicação. Esse processo autônomo moldou não apenas sua produção artística, mas também a sua atuação como educadora.
COMPARTILHANDO CONHECIMENTO
Ao longo da carreira, Maria Dulce lecionou em diversos estados brasileiros, com destaque para São Paulo, onde atuou na 34ª Delegacia de Ensino e em cidades como Taboão da Serra, Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu. No Ceará, foi convidada a colaborar na criação do hino da Escola Shalom, em Fortaleza, juntamente com os alunos, onde também se destacou como professora. Em Natal, compartilhou seus conhecimentos em instituições como o Rotary Club, as escolas estaduais Soldado Luiz Gonzaga, Nestor Lima e Floriano Cavalcanti. Em Poço Branco (RN), coordenou o Centro Escolar de mesmo nome e foi diretora da Escola Estadual Joaquim Nabuco, em Taipu. Após a aposentadoria, mudou-se para Brasília (DF), a convite da Dra. Francisquinha Assunção de Macedo. Lá, prestou concurso público e foi aprovada com destaque, entre os 50 primeiros colocados, para o magistério de 1º e 2º graus.
SUA ARTE: NATUREZA MORTA E ABSTRACIONISMO


Maria Dulce se destaca por transitar por diferentes estilos e temas, como paisagens, figurativismo, florais, natureza morta e arte abstrata — sendo os dois últimos os mais recorrentes em sua produção.
A natureza morta, gênero tradicional da pintura ocidental, retrata objetos inanimados como flores, frutas e utensílios. Com forte presença no período barroco (séculos XVI e XVII), essa vertente valoriza a composição, a iluminação e a textura, exigindo do artista um olhar apurado para o detalhe e a simbologia. Já o abstracionismo, que emergiu no início do século XX com nomes como Wassily Kandinsky e Piet Mondrian, rompe com a representação literal da realidade.
Por meio de formas, cores e linhas não figurativas, a arte abstrata expressa sentimentos, ideias e estados interiores, convidando o espectador a uma interpretação pessoal e sensível da obra.
LEGADO E CONTRIBUIÇÃO
Maria Dulce é, sem dúvida, uma artista que merece ser reconhecida não apenas pelo talento, mas pela contribuição à cultura e à educação artística no Rio Grande do Norte e em outros estados do país. Com obras exibidas em exposições como o Salão Dorian Gray e Era uma Vez…, promovidas pelos Amigos da Pinacoteca, Madu reafirma sua relevância no cenário artístico, mantendo viva a expressão da arte em suas múltiplas formas.