Tesoureiro da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), o braço direito do potiguar Abraão Lincoln, Gabriel Negreiros, é diretamente incluído no mapa da Polícia Federal (PF), em inquérito sobre a suposta fraude do INSS. Gabriel Negreiros, que já foi candidato a vereador em Natal no ano de 2020, é o nome de confiança financeira do presidente da Confederação. Abraão Lincoln Ferreira, o presidente da CBPA, é ex-líder do Republicanos no Rio Grande do Norte e candidato a deputado federal em 2018. Ao lado de Gabriel Negreiros, está sob suspeita de comandar organização que teria falsificado filiações em massa para obter ganhos ilegais com descontos em benefícios previdenciários. Gabriel é citado no inquérito como o representante legal da organização sob suspeita.
Conforme reportagem do portal Metrópoles, as investigações indicam que a CBPA teria pago propina a servidores do INSS, incluindo parentes de autoridades, como a esposa do procurador-geral Virgílio Oliveira Filho e o filho do ex-diretor de benefícios André Fidelis.
A Polícia Federal afirma que, embora não tivesse nenhum filiado em 2022, a CBPA firmou um acordo com o INSS naquele ano e, em 2023, já contabilizava mais de 340 mil associados, com uma receita de R$ 57,8 milhões. Apenas nos três primeiros meses de 2024, o número de filiados chegou a 445 mil, com um faturamento de R$ 41,2 milhões. A Controladoria-Geral da União (CGU) ressalta que a confederação não dispõe de estrutura para atender a esse volume de associados, o que reforça as suspeitas de irregularidades nas filiações.
Abraão Lincoln, que, assim como Gabriel Negreiros, mantém laços políticos com figuras influentes do Republicanos — como o presidente nacional Marcos Pereira, o deputado Marcelo Crivella (RJ) e o presidente da Câmara Hugo Motta, já foi investigado em outras suspeitas de fraudes. Em 2024, foi considerado réu na ação penal eleitoral n°0600099-16.2021.6.0002, durante desdobramento da Operação Enredados, a qual visava apurar crimes ambientas, tributários, corrupção ativa e passiva; bem como, possíveis crimes relacionados à lavagem de dinheiro.
A investigação apura suposto esquema de venda ilegal de permissões para pesca industrial.
Durante a investigação, mensagens em telefones celulares revelaram intermediação de pagamento de propina entre empresários do setor pesqueiro e Abraão.
Segundo a decisão que tornou o presidente da CBPA réu, o esquema aconteceu no período em que Lincoln foi Superintendente da Secretaria de Pesca do Rio Grande do Norte, além de já presidir a Confederação. Além disso, o dinheiro da propina era destinada à conta bancária dele.
O processo ainda tramita na Justiça Eleitoral.
Filho de Abraão ainda tem dívidas de campanha que custou mais de R$ 2 milhões
Em 2022, Victor Hugo, filho de Abraão Lincoln, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Rio Grande do Norte. Sua campanha teve um custo superior a R$ 2 milhões, com a maior parte do valor destinada à produção de material gráfico. Um detalhe que chama atenção é que a empresa responsável por esse serviço foi criada apenas seis meses antes da eleição.
Conforme já divulgado pelo Diário do RN, Victor Hugo encabeça a lista dos ex-candidatos do estado com maiores dívidas de campanha. Ele ainda deve cerca de R$ 1,6 milhão aos fornecedores que contratou naquele pleito, tendo pago somente R$ 787,1 mil dos R$ 2,4 milhões declarados em despesas.
De acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os credores incluem empresas de diferentes áreas, como comunicação, advocacia, contabilidade e locação de veículos. Entre os principais débitos estão R$ 460 mil à Bramane Serviços de Comunicação LTDA., R$ 351,4 mil por materiais publicitários impressos, quase R$ 200 mil à Cym Iluminação e Design Eireli por eventos de campanha, além de R$ 85 mil para serviços advocatícios, mais R$ 85 mil em honorários contábeis e R$ 59,4 mil para a Vox Autos Locadora, que forneceu veículos e apoio logístico para ações de rua.