MANOEL ONOFRE NETO: UMA VIDA DEDICADA À ARTE E CULTURA DO RN
UMA BIOGRAFIA NECESSÁRIA
Thiago Gonzaga realizou uma extensa entrevista com Onofre Neto, curador, procurador de justiça do RN e marchand – termo que prefiro a “marchant”, pois designa o comerciante de arte. No entanto, mais do que um negociante, Onofre Neto é um verdadeiro divulgador e incentivador dos artistas plásticos do estado, sem distinção.
Neste contexto, destaco a necessária e justa valorização do colecionador para a arte no Brasil e, especialmente, no Rio Grande do Norte. A recente nomeação de Manoel Onofre Neto para o Conselho Estadual de Cultura do estado representa uma conquista significativa para as artes plásticas potiguares. Apaixonado pelo cenário artístico, ele se dedica há anos à valorização da produção local, promovendo exposições e adquirindo obras de artistas da região.
Sua atuação transcende o colecionismo: investiu no bairro da Ribeira, em Natal, criando um espaço para sua coleção, o que não apenas contribui para a revitalização da área, mas também fortalece e fomenta a cena artística regional.
Natural de Umarizal, sertão potiguar, Manoel Onofre Neto nasceu em 1972 e construiu uma trajetória sólida no Direito, sendo Procurador de Justiça do Ministério Público Estadual e ex-Procurador Geral de Justiça do RN. No entanto, é nas artes que encontra uma de suas maiores paixões, cultivada desde a infância, quando observava os dotes artísticos da mãe e se encantava com os quadros presentes em sua casa. A experiência de viver na Europa aprofundou ainda mais seu interesse, levando-o a visitar importantes museus e galerias.
O COLECIONISMO COMO CONSTRUÇÃO DO ETHOS
Como colecionador, Onofre Neto estruturou seu acervo ao longo dos anos, adquirindo obras diretamente de artistas, além de frequentar galerias e mercados de arte. Espaços como a Galeria B612, o Mercado de Petrópolis e o Bardallos Comida e Arte fazem parte de seu roteiro habitual, onde busca descobrir novos talentos e enriquecer sua coleção. Seu compromisso com a arte potiguar é evidente: “Busco sempre priorizar a arte e os artistas do nosso estado, transitando por todas as escolas, movimentos e técnicas”, afirma.
INTERIORIZAR: IR ALÉM DOS LIMITES DA CAPITAL
Seu sonho agora é levar a arte para sua terra natal (Umarizal). Ele planeja abrir um espaço cultural no Oeste potiguar, um centro que valorize a cultura local e estimule o turismo. “Quero que esse projeto faça sentido para minha comunidade e que consiga impactar positivamente a região, fomentando a produção artística”, declara. Com apoio de amigos e entusiastas, espera concretizar essa iniciativa em breve, superando desafios como a sustentabilidade financeira.
CONCILIANDO AUTODIDATISMO E ESTUDOS APROFUNDADOS


Embora autodidata em grande parte, Onofre Neto tem buscado aperfeiçoamento na área. Já realizou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, além de ter sido aluno do renomado artista potiguar Fernando Gurgel. Seu interesse abrange temas como história da arte, mercado e colecionismo, e ele não descarta a possibilidade de um dia explorar a própria criação artística: “Pintar ainda é um projeto pendente, mas que pretendo colocar em prática”.
Para ele, a tradição artística do Rio Grande do Norte é rica e diversificada, com nomes de peso como Erasmo Xavier, Moura Rabello, Hostilio Dantas, Dorian Gray, Newton Navarro e Thomé Filgueira. Ele enxerga uma renovação promissora nas artes visuais do estado, resultado do talento e da criatividade dos artistas locais.
UMA DEDICAÇÃO INCANSÁVEL
Manoel Onofre Neto é um exemplo de dedicação à cultura potiguar. Seja como colecionador, curador ou incentivador, sua contribuição tem sido fundamental para a valorização das artes no Rio Grande do Norte. Com sua paixão e empenho, Onofre Neto segue construindo um legado que transcende sua coleção particular, deixando uma marca indelével na história cultural do estado.