Cerca de 100 mil mulheres, entre batuques e faixas com os dizeres “Resistimos para viver, marchamos para transformar”, se reuniram na 7ª Marcha das Margaridas em Brasília na terça-feira (15). A marcha é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e 16 organizações parceiras e traz o lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”, a marcha teve como pauta a construção coletiva com foco na luta contra violência no campo, organização da produção e autonomia.
Na representação potiguar à pauta por meio de ônibus e aviões, 1.000 mulheres dos campos, das águas e das florestas formaram a maior delegação do RN, saindo de Natal, Mossoró, Caicó, Lajes, Goianinha, Carnaubais, Nova Cruz, Currais Novos, Caraúbas, Apodi e Pau dos Ferros e indo em direção ao Distrito Federal para o evento que se iniciou na terça-feira (15) e teve término na quarta-feira (16).
Na ocasião, agricultoras, representantes públicas, secretárias, vereadoras estaduais e federais, prefeitas de todo o país estiveram presentes, além da representação política de mulheres do RN, como das Deputada Estaduais Isolda Dantas (PT) e Divaneide Alves, da Deputada Federal Natália Bonavides (PT), a governadora Fátima Bezerra e o vice-governador Walter Alves (MDB).

Ao Diário do RN, a vereadora Brisa Bracchi (PT) também fez parte da marcha e ressaltou que desde 2000, a cada 4 anos, as mulheres se organizam para a Marcha das Margaridas, em memória de Margarida Alves, que fez parte da liderança sindical assassinada na Paraíba. Reforçando ainda que na pauta, além da marcha, sempre é entregue uma carta-compromisso com reivindicações das trabalhadoras ao presidente vigente: “Esse ano, já no encerramento do ato, o Governo Federal anunciou o Pacto Nacional de Prevenção ao Feminicídio e um plano emergencial de reforma agrária. O RN é um estado muito importante para a construção desse ato, desde o ano passado estamos nos organizando e mobilizando as mulheres para esse momento. É muito revigorante reunir tantas histórias para reivindicar mais direitos para as mulheres e poder fazer isso em um governo que de fato se propõe a debater e construir com as mulheres”.
Segundo enfatiza a secretária de Mulheres da Fetarn, Jocélia Silva, o intuito é reforçar a maior ação política de mulheres da América Latina com protagonismo das mulheres do campo, da floresta e das águas. “A mulherada potiguar está indo com uma expectativa muito grande. Estamos saindo com a maior delegação até agora de todas as marchas que já participamos, com muita animação e esperança renovada”.
A vice-presidente da Fetarn, Ana Aline, destaca que pelo menos 70 mil mulheres vivem da agricultura familiar no Rio Grande do Norte e é importante reforçar o evento nacional, que vem para fortalecer a participação feminina no campo.
No dia 21 de junho a Pauta da Marcha das Margaridas foi entregue ao governo federal, durante evento com a participação de 13 ministras e ministros de Estado, no Palácio do Planalto. E, neste mesmo dia, foi entregue uma pauta voltada ao Legislativo para o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira.
Os documentos trazem os anseios e as prioridades apontadas pelas Margaridas em 13 eixos temáticos, dentre eles estão: democracia participativa e soberania popular; poder e participação política das mulheres; vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sexismo; autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade; proteção da Natureza com justiça ambiental e climática; autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética.
O encerramento da marcha nesta quarta-feira (16) por volta das 12h30, segundo a assessoria de Brisa Bracchi, foi feito por ato com o presidente Lula que pontuou: “Os fascistas, golpistas podem matar uma, duas ou três margaridas, mas jamais evitarão a primavera de chegar. O Brasil voltou com a ajuda da mão de vocês”.