CARCINICULTURA, DO PIONEIRISMO À PERDA DA LIDERANÇA
O Rio Grande do Norte, outrora a meca da carcinicultura brasileira, vive um dilema: apesar de ter sido o berço da atividade no país e de possuir técnicos de renome e condições naturais privilegiadas, o estado perdeu sua posição de destaque e hoje assiste de perto o avanço do Ceará, seu vizinho e ex-aprendiz, que se tornou o líder nacional na produção de camarão em cativeiro. Essa inversão de papéis é um reflexo direto da falta de incentivo governamental e do abandono de uma política pública que, no passado, impulsionou a economia local.
O pontapé inicial para a ascensão potiguar foi dado no início da década de 1970. Durante o governo do professor Cortez Pereira, foi implantado um programa pioneiro de criação de camarão em cativeiro, com o objetivo de aproveitar o potencial da vasta faixa litorânea do estado. A iniciativa deu frutos e, por muitos anos, o Rio Grande do Norte se consolidou como o maior produtor da espécie na região Nordeste. A carcinicultura se tornou um pilar econômico, gerando milhares de empregos, impulsionando a renda de famílias e contribuindo significativamente para a arrecadação de impostos.
No entanto, essa pujança não foi sustentada. Ao longo das décadas, os governos estaduais subsequentes praticamente abandonaram a atividade.
A falta de investimento em pesquisa, infraestrutura e, principalmente, em políticas de incentivo e suporte aos produtores, fez com que a cadeia produtiva perdesse fôlego. O resultado foi um progressivo declínio na produção, abrindo espaço para outros estados, como o Ceará, que souberam capitalizar a experiência potiguar e implementar estratégias de longo prazo.
Enquanto o Rio Grande do Norte estagnava, a iniciativa privada do Ceará investiu de forma agressiva em tecnologia, capacitação e infraestrutura, criando um ambiente propício para o crescimento da carcinicultura. A política de incentivos fiscais, aliada à desburocratização e à implantação de um polo produtivo robusto, atraiu novos investidores e permitiu que os produtores locais expandissem suas operações.
Mas também tem a particularidade de que 90% dos carcinicultores do RN contam com Licença Ambiental, e passaram da produção de 38.000 ton., em 2003, para 36.000 ton. em 2004, enquanto no Ceará, 87% dos produtores de camarão não contam com Licença Ambiental
A perda do posto de campeão da carcinicultura representa mais do que uma mera inversão de números. Ela significa a perda de oportunidades, de empregos e de renda para a população potiguar. Com menos produção, a arrecadação de impostos diminui e o estado perde competitividade em um setor que poderia ser um motor de desenvolvimento econômico. A falta de um olhar estratégico do poder público para a carcinicultura no Rio Grande do Norte é um lembrete amargo de como a ausência de políticas públicas eficazes pode comprometer o futuro de um setor promissor.
Aqui, uma estimativa da produção anual de camarão em toneladas no Nordeste, segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), com destaque para a liderança do Ceará.
2023: Ceará (25.000t), Rio Grande do Norte (38.000t)
2024: Ceará (110.000t), Rio Grande do Norte (36.000t)
A disparidade nos números reforça a necessidade de o Rio Grande do Norte repensar sua estratégia no estímulo à iniciativa privada e buscar uma nova política de incentivos para recuperar o posto que já foi seu.
TRANSPARÊNCIA
Entre os 19 estados da Federação que deixaram de prestar contas das emendas parlamentares, a gestão do Rio Grande do Norte está na 16ª posição, com 67 pontos. Já o Espírito Santo que despontou em primeiro lugar ficou com 95 pontos e o “lanterna” Santa Catarina, amargou 63 pontos nessa avaliação feita pela chamada Transparência Internacional.
TÁBHATA
Quem está de “malas e bagagens” para ingressar no Partido Verde (PV) é a vereadora natalense Thábata Pimentel (Psol). Consolidando sua transferência partidária, ela será candidata a deputada federal pela Federação PT/PV/PC do B. Além de Thábata, o PV tem um outro trunfo eleitoral, ainda não revelado, para Federal.
KELPS
Quem andou conversando com o MDB foi o ex-deputado Kelps Lima, que deseja disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. O impedimento de Kelps ingressar no partido de Walter Alves é o fato de ele declarar que não vota “de jeito nenhum” em Fátima Bezerra para o Senado.
FORTALECIDO
Como candidato a deputado federal, Kelps sai fortalecido no terceiro maior colégio eleitoral do RN, que é Parnamirim.
INALTERADO
Ao que parece, o número de vagas do RN na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados ficará inalterado para as próximas eleições de 2026.