A mensagem automática chegou essa semana no telefone de Susana: “Hapvida informa: sua terapia com a psicóloga está sendo cancelada por motivos de desligamento da profissional”. A terapia em questão é para o filho de Susana, um menino de 5 anos, autista nível 2 de suporte. E a notícia do cancelamento nem chegou a surpreender a mãe. Os problemas com a operadora do plano são tantos, que ela e outros responsáveis por crianças autistas já estavam com um novo protesto marcado contra o plano de saúde, para esta quinta, dia 6.
Susana Soares relata que “brigar” virou parte da rotina de quem exige atendimento adequado por parte do plano, para as crianças com autismo. “Você só consegue se brigar, gritar, correr, fazer escândalo. É preciso ir atrás da Ouvidoria, ANS (Agência Nacional de Saúde). Quem fala mais alto tem a vez, quem se conforma espera um ano – ou até mais, raramente menos”, diz a mãe. Responsáveis por crianças autistas atendidas pelo plano já fizeram outros protestos, chegaram a celebrar as conquistas, mas hoje dizem que tudo não passou de promessa.
O tempo das terapias é a principal reclamação de pais e mães. “No período de investigação, quando ainda não existe um diagnóstico, o plano dá direito a apenas 20 minutos por semana. As crianças praticamente entram na sala e saem. E não é toda semana que tem vaga. Ou seja, além do tempo ser pouco, a falta de regularidade também prejudica o desenvolvimento dos nossos filhos”, diz Susana. Ela diz que apenas os pacientes com o laudo comprovando o autismo têm direito a terapias de 40 minutos, mas apenas uma vez por semana, o que não contempla a necessidade das crianças. A situação é acompanhada desde o começo pelo vereador de Natal, Tércio Tinoco: “Recebemos muitas denúncias no nosso gabinete e apoiamos essa luta. Vejo pais e mães exaustos, porque além da rotina com as crianças já exigir muito deles, ainda tem esse desgaste de precisar brigar por algo que eles têm direito”.
Susana reclama ainda do que é oferecido dentro do curto espaço dos atendimentos. “A terapia, que deveria ser individual, quase sempre acontece em grupo, muitas vezes com crianças de idades e níveis de suporte distintos. Além disso, são profissionais de diferentes especialidades – terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, na mesma sala, no mesmo momento. Como as crianças vão se concentrar em atividades diferentes na mesma hora?”, questiona a mãe. O protesto dos responsáveis está marcado para esta quinta, dia 6, na unidade Hapvida Tirol, às 15h.