Críticos ferrenhos dos Direitos Humanos e favoráveis à punição dos bandidos conforme a lei, o senador Styvenson Valentim (Podemos) e o deputado federal General Girão (PL) estão muito preocupados com a situação dos criminosos bolsonaristas que cometeram terrorismo e depredação do patrimônio público nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8). Ambos solicitaram informações ao Ministério da Justiça sobre as prisões efetuadas e votaram contra a intervenção federal no Distrito Federal, nesta terça-feira (10).
Apesar de terem se manifestado contrários aos atos de violência, vandalismo e destruição cometidos pelos extremistas nos prédios do Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF), os dois parlamentares se mostraram indignados com a “situação” dos terroristas, que foram mantidos em um ginásio de esportes com alimentação, uso irrestrito de seus telefones celulares e pertences. Na manhã desta terça, cerca de 600 pessoas, entre crianças e idosos que estavam junto ao grupo detido, foram liberados pela Polícia Federal.
Além de Girão e Styvenson, outros 17 parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), assinaram o documento em que questionam as condições dos golpistas detidos. No texto, eles afirmam que os terroristas “estão sendo tolhidos de condições básicas em termos de alimentação, hidratação e alojamento, havendo informações de que permaneceram em veículos e galpões, aguardando triagem e outros procedimentos”, alegam.
Para Girão, os golpistas bolsonaristas estão sendo tratados como se estivessem num “campo de concentração”. “Quais os meios/ações utilizadas para identificar as 1,2 mil pessoas que estão detidas em um ginásio de esportes em condições sub-humanas e quais artigos do Código Penal estão sendo imputados a elas? Todas elas já foram previamente julgadas e condenadas? Queremos respostas, Flávio Dino”, disse.
Já Styvenson afirmou que, apesar de “vagabundo” não ter seu “apoio, seja qual lado for”, resolveu encaminhar ofício em conjunto com um grupo de senadores bolsonaristas ao ministro Flávio Dino solicitando esclarecimentos sobre a situação dos criminosos detidos. Entre suas dúvidas encaminhadas, ele questionou a previsão para o fim do procedimento que decidirá quem será preso em flagrante e quem será liberado.
“Todos sabem dos meus posicionamentos políticos, eles são inegociáveis, mas independente de posição política ou ideológica, sem defender político “A” ou “B”, e muito menos pegar carona neles, atos como os de Brasília, são repugnantes. Dano ao patrimônio público, vandalismo, quebradeira, desordem e baderna nunca foram sinônimo de manifestação pacífica e/ou patriota. Não importa o lado! Vagabundo, não terá o meu apoio, seja de que lado for”, disse.
NÃO A INTERVENÇÃO FEDERAL
Além de se preocuparem com as condições dos terroristas bolsonaristas detidos após a destruição dos prédios públicos em Brasília, e tudo o que estava dentro destes, General Girão e Styvenson Valentim também votaram contra o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que determinou a intervenção federal na segurança pública da sede do governo brasileiro até o dia 31 de janeiro. O senador foi além e disse que a intervenção deveria ser feita em estados como o Rio Grande do Norte.
“Votei contra a intervenção federal no Distrito Federal. Não acho justo o governador eleito de forma democrática no primeiro turno ser destituído sem ser ouvido e sem uma investigação profunda, apenas por uma canetada. Sou a favor que localize cada marginal, bandido daquele. Aqui sim, deveria ter uma atenção especial do governo federal para combater a criminalidade que assola nosso estado, que desvaloriza bairros, tiram empregos e vidas. Aqui, no RN”, disse Styvenson.
Girão afirmou que a intervenção seria uma intromissão do Judiciário nos demais Poderes, ferindo o disposto na Constituição. “Como já foi colocado fim aos atos, inclusive com a desmontagem dos acampamentos, e não há mais nenhum movimento subversivo ocorrendo, já tendo sido todos os prédios desocupados, não há fundamento constitucional para a manutenção da intervenção federal. Por isso, ao meu modo de ver, a intervenção federal não deve ser aprovada pelo Congresso Nacional”.
“A semente do terror não só está presente, como está crescendo”, afirma Jean Paul
O senador Jean Paul Prates (PT) abordou, durante discurso no Senado, sobre a responsabilidade das forças de segurança para punir não só os que depredaram o patrimônio público, mas principalmente os que financiaram os atos criminosos. “Contra aqueles que apostaram no caos e na destruição, e que cultivam a violência como forma de mobilização política. Todos esses precisam pagar à sociedade, que foi aviltada por fatos que, há muitos antecedem as cenas deprimentes deste fim de semana”, disse.
E alertou: “Não podemos ignorar a recente tentativa de atentado terrorista no aeroporto de Brasília. A semente do terror não só está presente, como está crescendo. Ela deve ser retirada imediatamente e extirpada do nosso convívio. O Senado aprovou a intervenção na área de segurança do Distrito Federal! É importante que grupos radicais como os que atacaram Brasília compreendam que isso não vai se repetir. As investigações vão chegar aos organizadores e financiadores desses atos e todos devem responder à justiça!”, falou.