Na reta final para as compras de natal e com a última parcela do 13° na conta nesta terça-feira (20), os potiguares vão ao maior e mais movimentado comércio de rua da capital: o Alecrim. Mateus Feitosa, presidente da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA), estima um aumento significativo de consumidores até o próximo sábado. “Normalmente, no Alecrim circulam 3 milhões de pessoas por mês. Nesse período acreditamos que chegaremos aos 4 milhões ou próximo disso. ” A respeito de como o décimo liberado irá influenciar nas compras de fim de ano, Mateus, ressalta: “Uma boa parcela do que é injetado na economia, o Alecrim recebe uma fatia importante. Em média, o Alecrim vende R$ 3 milhões de reais por mês. Com a injeção do décimo, esse valor pode chegar a R$4.5 milhões ou R$ 5 milhões. ”
Um fato curioso apontado por vendedores em diversas lojas é que, apesar do incremento do 13º na economia, a maioria dos consumidores estão deixando as compras de fim de ano como pendências já para 2023, principalmente os que não recebem o dinheiro extra. A dona de casa Dalva da Silva faz parte dessa lista. “Está tudo caro, desde alimentação até vestuário. Esse ano, a gente cortou muita coisa, está bem complicado… não estamos usando o 13°, meu marido é autônomo e estamos comprando só o básico mesmo. Ano passado eu comprei bem mais, só que esse ano está bem arrochado. ”
No mundo de variedades que é o Alecrim, tudo acaba tendo saída: roupas, acessórios, itens de decoração de mesas, enfeites para a casa, decoração da ceia, festa de ano novo, calçados, brinquedos e até os brindes personalizados para confraternizações típicas desta época. Mas em tempo de orçamento curto e necessidade de escolhas, o vestuário se destaca na procura afinal, as roupas são peças que podem ser usadas independente da temporada, sendo reaproveitadas em outras situações. A vendedora Aline Bezerra conta que não observou aumento da procura na comparação com anos anteriores. “A procura sempre aumenta no mês de dezembro com relação às roupas. É tradição, o povo tem que comprar roupa para natal e ano novo e presentes de amigos secretos também”.
Thaline Silva é do grupo que não abre mão da roupa nova. Ela também concorda que renovar o guarda-roupa para as comemorações do natal e ano novo, em 2022, teve um aumento em comparação com o período de natal em 2021 e explica o que tem feito para equilibrar as contas sem ficar endividada. “Estou tendo que fazer escolhas, ou compro uma coisa ou outra, parcelo no cartão. As contas vão ter que ficar para 2023. De preferência, comprar algo que possa usar depois. Antes eu vinha e comprava lembrancinhas para dar no natal, agora não, só para mim mesma. ”
SEM VAGAS PARA ESTACIONAMENTO
Caminhar pelas áreas mais movimentadas do comércio do Alecrim é um desafio para os pedestres que, nas calçadas, competem pelo espaço com vendedores dos mais variados produtos, de lingeries à artigos infantis e utensílios de casa. Para quem chega ao bairro de carro ou moto, o problema é estacionar. O espaço nas ruas não consegue suprir a demanda. “Rodei muito para achar estacionamento. É sempre assim, tem que rodar para achar. Se eu tivesse outra escolha, eu iria para onde tivesse mais vagas. Só o estacionamento que é difícil, de resto é tudo ok. Aqui é muito melhor pelos preços” desabafa o cozinheiro, Thiago Silva, evidenciando sua insatisfação em relação a busca por um local próximo para estacionar. Muitas vezes, a única opção possível para os motoristas acaba sendo os estacionamentos privados, com preços que variam de R$6,00 a R$8,00 por um período de duas horas, com a hora extra que pode ser encontrada a 2 reais ou até mesmo pelo valor de 6 a 8 reais do estacionamento, como um custo duplicado. Jairo Gomes, trabalha há 20 anos em um estacionamento da região. A clientela fiel se mantém com os comerciantes que vêm de outros municípios para comprar produtos mais em conta no Alecrim e o incremento sempre chega no mês de dezembro. “Ano passado tínhamos aumentado uns 30% a mais nos clientes que viam de fora. ” Em um outro estacionamento na Av. 1, Gabriel Batista, que trabalha no local há pouco mais de 1 ano, revela que às vezes a demanda é tão alta que o estacionamento fecha as portas sinalizando que está lotado. “A gente fecha o portão e o cliente deixa a chave, é uma clientela fiel, aí a gente estaciona na vaga que surgir. Por dia aqui são de 30 a 40 carros, mas com o aumento de fim de ano deve chegar a mais de 50. ”