Em sessão do plenário da Câmara Municipal de Natal nesta quinta-feira (14), o vereador Anderson Lopes (SD) afirmou que tinha recebido informações de “bastidor” sobre mudanças nos atendimentos das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) localizadas na capital.
Segundo Lopes, em reunião da Secretaria Municipal de Saúde com os diretores das UPAs, na noite da quarta-feira (13), teria sido decidido que as unidades iriam restringir seus atendimentos aos pacientes que chegassem com classificação de risco vermelho e amarela, as mais graves, que indicam emergência e urgência, respectivamente.
“Se isso for de fato acontecer, o que já está um caos vai virar um caos dobrado na saúde do nosso município. As UPAs já estão superlotadas, sobrecarregadas, funcionários tirando leite de pedra para poder atender a população da nossa cidade” finalizou Anderson.
Questionado sobre a suposta restrição, o titular da Secretaria Municipal de Saúde, George Antunes, foi categórico, “não sei de onde ele tirou essa informação, o atendimento vai continuar normalmente e com as outras classificações de risco”.
De acordo com uma fonte ouvida sob condição de anonimato, o que aconteceu, na verdade, foi uma reunião entre a SMS e os diretores das UPAs para tratar do dimensionamento do pessoal nas unidades, para tentar solucionar a falta de profissionais para atender a população em determinados horários e dias.
No entanto, os estudos que estão sendo feitos para redistribuir o pessoal, tentando minimizar a falta de atendimento, não partiu de uma decisão espontânea da SMS para melhorar o atendimento. A ação foi tomada após uma reunião entre Ministério Público do Trabalho no RN (MPT-RN) e a secretaria. O MPT foi provocado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do RN (SindSaúde/RN) que denunciou as falhas do dimensionamento do pessoal e falta de pediatras e obstetras para atender nas unidades da rede pública.
O sindicato propõe que os aprovados do concurso de 2018 sejam convocados para minimizar a situação da saúde em Natal, em especial nas maternidades. “É tão absurdo que chega a ter um técnico de enfermagem para 14 binômios [mãe e recém-nascido] numa maternidade”, denuncia Érica Galvão, diretora do SindSaúde.
George Antunes admitiu que há problemas na escala dos médicos que atendem nas unidades de saúde de Natal e que, essa semana, esteve reunido com a Cooperativa Médica do RN (COOPMED/RN) para tratar da solução do problema, “não podemos permitir uma escala incompleta, faltando profissionais, pois isso leva a um risco gravíssimo para o paciente, para nossas crianças”, completou. Ainda segundo o secretário, a COOPMED/RN se comprometeu a revisar o quadro, contudo, quando perguntado, Antunes disse que não há prazo para a readequação.