Por Renata Carvalho
Silenciosa durante meses, a ex-governadora Rosalba Ciarlini voltou à cena nas últimas semanas como o nome forte para unir a oposição contra o atual prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra. No início da semana, o deputado João Maia, presidente do PP – partido ao qual Rosalba é filiada – afirmou ao Diário do RN que quer Rosalba prefeita com um vice indicado pela federação PT/PV/PC do B.
Em entrevista exclusiva para o Diário do RN, Rosalba Ciarlini fala sobre o momento de diálogo aberto, a importância de somar forças, avalia a gestão de Allyson Bezerra e afirma que está faltando preocupação em “cuidar de gente”. Leia na íntegra a entrevista concedida a repórter Renata Carvalho, nesta terça-feira (12).
DIÁRIO: A senhora será candidata a prefeita de Mossoró? ROSALBA: “Nós estamos dialogando com a oposição daqui. Desde o início coloquei que estaria para somar, sendo candidata ou não, eu vou somar. Temos que avaliar todo o contexto, somar forças e fortalecer. Para que possamos entrar na disputa, até porque só tem disputa se o time tiver formado. Mas não obrigatoriamente, Rosalba candidata. Já dei minha contribuição a Mossoró, ao nosso Estado e estou conversando com as pessoas”.
DIÁRIO: Ontem (11), o deputado federal e presidente do PP, João Maia, afirmou que a senhora é o nome para concorrer em nome da oposição. Procede? ROSALBA: “Ele como presidente do partido é natural. O PP tem uma grande representatividade, é um partido forte em todo Brasil e que tenham candidaturas. E eu disse a ele (João Maia), vamos analisar toda a situação, até porque precisamos cada lugar tem uma história. Ele como presidente tem me colocado à disposição e tem vontade que isso aconteça. Mas, é uma decisão para ser tomada ouvindo os amigos, partidos, somando para ver o que é melhor”.
DIÁRIO: Diante da união entre os partidos de oposição, a senhora aceita o convite de ser a candidata? ROSALBA: “Se houver a união, aí vamos avaliar as possibilidades. Ainda não decidimos como será. Estamos ainda montando um arco de alianças, com o objetivo comum e para que a gente possa realmente construir uma vitória, mas não necessariamente como ele disse, seja o meu nome, tem vários outros representantes que também tem”.
DIÁRIO: Em uma escala de 0 a 10 qual a chance da senhora ser candidata? ROSALBA: “Você quer porque quer que eu seja candidata, né? (Risos). Estou me colocando para formar com os que fazem oposição ao atual governo e para mostrar que existe uma Mossoró real que não está sendo mostrada. Uma realidade que não mostram. Eu fico muito feliz em ser lembrada, porque é muito gratificante depois de tantos anos. Estou conversando com você aqui no meu consultório, eu gosto de cuidar das pessoas. Tanto que, toda vez que termino um mandato, eu volto à minha profissão de médica. Médica de criança, que é uma coisa que eu faço com muito prazer, com muita alegria. Então, esse cuidar que faz com que a gente esteja se colocando para participar desse processo. Não obrigatoriamente como candidata, mas como uma força que venha a somar”.
DIÁRIO: Quais seriam os nomes para compor chapa como vice, diante do que vem sendo ventilado?
ROSALBA: “Agora está sendo um momento mais de análise e definições. O PT tem a deputada (Isolda Dantas), tem outros que ainda estão mudando de partido. A partir de março e abril é que se tem praticamente o quadro bem desenhado. Então, é difícil. Vocês vão ter que ter um pouco de calma, mas eu com a minha experiência de ter sido prefeita, governadora, senadora, é natural que me escutem e que as pessoas fiquem colocando como nomes que é possível. Mas, isso ainda tem muito a ser construído”.
DIÁRIO: Exista a possibilidade de uma aliança com a deputada Isolda Dantas (PT)?
ROSALBA: “Nós não conversamos, assim, ainda sobre chapa especificamente. Estamos falando em unir ideias, sugestões, propostas, projetos”.
DIÁRIO: Mas existe uma boa relação entre a senhora e a deputada? A senhora aceitaria Isolda como um nome para vice ou tem restrições?
ROSALBA: “Olha, graças a Deus eu não construí inimigos. E, em alguns momentos, a gente tem adversários de uma disputa política, mas inimigos não. Eu já tive algumas campanhas que tivemos esse amplo arco de alianças. Quando eu fui prefeita, a primeira vez, eu era PDT. Tivemos o Partido Comunista com a gente. Naquela época não era nem democrata, era PFL, todos unidos para se construir um único projeto. Como é que eu posso ter objeção se eu não sou a candidata? Não está definido”.
DIÁRIO: A senhora teria algum veto a algum nome?
ROSALBA: “Não, não existe veto, não existe nenhuma dificuldade de conversar com todos os partidos, seja de esquerda, de direita, de meio. A conversa tem que acontecer, que política se faz conversando”.
DIÁRIO: Qual seria a condição para a senhora aceitar esse convite?
ROSALBA: “Não existe uma condição, existe uma análise dos partidos que se aliarem de quem é o melhor nome nesse momento para Mossoró. Não existe condição, não existe posição, não existe eu, existe o conjunto”.
DIÁRIO: Ventilou-se o nome de Tony (vereador, que atualmente está no Solidariedade) como um possível vice na chapa. É possível?
ROSALBA: “Tony é um nome que está para somar, nós estamos convocando para que venha somar nessa frente de oposição. Eu não posso falar sobre vice, eu não sou candidata ainda”.
DIÁRIO: Existe um prazo para definição do nome?
ROSALBA: “Não, não tem esse prazo. Existe um tempo, inclusive os prazos dependem muito de todo calendário eleitoral”.
DIÁRIO: A senhora falou que tem uma Mossoró que não está sendo mostrada. Que Mossoró é essa?
ROSALBA: “Se você vier aqui, for na periferia, se for em um posto de saúde, se você for conversar com uma mãe que está com seu filho sem ter oportunidade, que está passando dificuldade. Está faltando cuidar das pessoas! É muito importante que se tenha ações estruturantes, asfalto é bom? É! Festa também. Inclusive o Mossoró Cidade Junina fui eu que criei, com o objetivo de fazer o turismo, de resgatar a história, de preservar a cultura, mas não pode ser só isso. Tem que ter, em primeiro lugar, a saúde, a educação, que é dito uma coisa da realidade, não é isso que está acontecendo. São muitas coisas que, campanha política é boa porque nesse momento zera o jogo para que se possa ver a realidade”.
DIÁRIO: Qual a principal diferença entre a gestão Rosalba Ciarlini e a gestão Allyson Bezerra?
ROSALBA: “Cuidar das pessoas, eu sempre tive esse cuidado. Porque quem fez toda essa rede de creche, desde o primeiro mandato. Depois o fortalecimento da rede de saúde, Mossoró não tinha posto de saúde, não tinha nem secretaria de saúde, foi criado por mim. Trinta anos atrás, os mais jovens não sabem disso, depois as unidades de saúde, veio as UPA’S, antes de existir o SAMU, nós já tínhamos uma central de ambulância, a questão de disponibilizar exames, ter o cuidado com as mães para ter o bebê nascer saudável. Na saúde muitas coisas aconteceram e muitas vez poderão ser acrescidas, mas que muitas vezes está só continuando algo que já existe e querendo ser o pai da criança”.
DIÁRIO: Então o governo Allyson prega uma coisa que na verdade foi implantada em seu governo?
ROSALBA: “Olha, quando eu fiz o Mossoró Cidade Junina, todos os outros prefeitos continuaram e, graças a Deus, cresceram o evento. É uma festa crescente, porque gera turismo, gera oportunidades, mas nós temos que ter o bom senso. Só isso”.
DIÁRIO: O atual gestor ele não cuida do povo de Mossoró?
ROSALBA: “Essa pergunta, que se você vier a Mossoró e perguntar aqueles mais carentes, que estão mais distantes, que estão mais sofridos que eles vão dizer o que estão sentindo”.